Ilustração em aquarela de braço e antebraço com bolhas e feridas causadas por fogo selvagem (pênfigo).
Publicado em 17/06/2011
Revisado em 11/08/2020

O fogo selvagem (pênfigo) provoca bolhas superficiais que se espalham pelo corpo e arrebentam, deixando no lugar feridas que criam crostas, doem e ardem. Veja como tratar.

 

Pênfigo é uma doença autoimune. A primeira manifestação clínica é o aparecimento de bolhas cheias de líquido, intraepidérmicas, de diâmetros diferentes, primeiro nas membranas mucosas da boca, vagina e pênis, ou na pele do tórax, rosto e couro cabeludo, mas que depois se espalham pelo corpo todo. Quando essas bolhas se rompem, surgem no local feridas em carne viva que podem ocupar grandes áreas e servem de porta de entrada para infecções.

Pênfigo é uma doença grave que, se não tratada a tempo, pode levar à morte. Ela acomete preferencialmente adultos de ambos os sexos a partir da quinta década de vida, mas os casos tendem a diminuir depois dos 70 anos. Na infância e na adolescência, a enfermidade costuma ser bastante rara.

Ainda não se conhece a causa exata da doença, mas parecem estar envolvidos fatores genéticos e imunológicos, assim como infecção por vírus, o uso de certos medicamentos e a presença de outros agentes externos.

 

Sintomas

 

Existem vários tipos de pênfigo. Os mais comuns são o pênfigo vulgar e o pênfigo foliáceo.

O pênfigo vulgar é a forma mais frequente e mais grave da doença.  A manifestação inicial é o surgimento de vesículas muito dolorosas, parecidas com aftas, nas membranas da mucosa oral. Em pouco tempo, essas bolhas de diâmetro variável se espalham por outras áreas da pele e podem romper-se deixando expostas erosões ou úlceras em carne viva.

O pênfigo foliáceo é uma forma da doença também de caráter autoimune, com duas apresentações clínicas diferentes: a doença de Cazenave e o pênfigo foliáceo endêmico, ou fogo selvagem, como é popularmente conhecida.

No Brasil, o fogo selvagem acomete principalmente crianças e jovens das áreas rurais de algumas regiões. Sua principal característica é o aparecimento de bolhas superficiais na cabeça, pescoço e tórax, que depois se espalham pelo corpo todo e arrebentam, deixando no lugar feridas abertas que criam crostas, doem e ardem, como se tivessem sido provocadas por queimaduras. Outra marca importante dessa forma da doença é que as lesões jamais aparecem na mucosa oral.

Alguns estudos em andamento sugerem que o pênfigo foliáceo endêmico pode ser transmitido por mosquitos. Essa seria a explicação para os casos estarem mais concentrados nas áreas próximas às regiões de desmatamento do País.

 

Veja também: Epidermólise bolhosa

 

Diagnóstico

 

O diagnóstico baseia-se nas características das lesões bolhosas e no sinal de Nikolsky, que consiste no deslocamento das camadas inferiores da pele, quando sua superfície é comprimida ou friccionada.

Outros recursos laboratoriais importantes para o diagnóstico são os exames de imunofluorescência indireta e a biópsia realizada com um fragmento do tecido das lesões.

O diagnóstico precoce é fundamental para inibir a evolução da doença.

 

Tratamento

 

O objetivo do tratamento é reverter o processo de autoagressão dos anticorpos na pele e, consequentemente, a formação de bolhas. Inicialmente são ministradas doses elevadas de corticosteroides por via oral, que vão sendo reduzidas aos poucos, à medida que as lesões desaparecem. Uma dose mínima, porém, deve ser mantida até o restabelecimento completo do paciente. Em alguns casos, pode tornar-se necessária a indicação de drogas imunossupressoras e de antibióticos.

As feridas que se formam depois que as bolhas rompem precisam de cuidados especiais para evitar infecções e facilitar a restauração da epiderme.

 

Recomendações

 

  • Não se automedique. Procure um dermatologista se notar alguma alteração na pele;
  • Lembre-se de que o diagnóstico precoce é fundamental para o sucesso de qualquer tratamento.
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