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Dermatologia

Preenchimentos faciais: quais os riscos de alergias e rejeições?

Publicado em 02/07/2024
Revisado em 20/09/2024

Para minimizar os riscos, é essencial estar ciente de diversas informações, como efeitos colaterais, qual produto escolher e em qual profissional confiar; entenda.

 

Os preenchimentos faciais têm ganhado popularidade no mundo da estética, prometendo rejuvenescimento e realce das características faciais sem a necessidade de cirurgia. Porém, com a ascensão dessa tendência, surgem também questões cruciais sobre a segurança dos produtos utilizados e os potenciais riscos de alergias e rejeições. Os preenchedores dérmicos são substâncias injetáveis aplicadas na pele para corrigir rugas, sulcos, cicatrizes ou para repor o volume perdido. 

Esses produtos se dividem em duas grandes categorias: biodegradáveis (absorvíveis) e não biodegradáveis (permanentes).

 

Preenchedores biodegradáveis

Os preenchedores biodegradáveis são reabsorvidos pelo corpo com o tempo, proporcionando um efeito temporário. Dentro dessa categoria, os mais comuns são:

  • Ácido hialurônico: Popular por sua capacidade de hidratação e volumização imediata. 
  • Hidroxiapatita de cálcio: Além de preencher, estimula a produção de colágeno, melhorando a qualidade da pele ao longo do tempo.
  • Ácido L-Polilático (PLLA): Conhecido por sua capacidade de estimular a produção de colágeno, proporciona um efeito mais duradouro e gradual.

Paula Yume Sato Serzedello Corrêa, dermatologista do Alta Diagnósticos, em São Paulo, explica que, popularmente, quando se fala em preenchimento cutâneo com material absorvível, a referência são os preenchedores contendo ácido hialurônico. “As outras duas substâncias entrariam na categoria do que se convencionou chamar bioestimuladores de colágeno. Atualmente, também, existe uma outra categoria de preenchedor cutâneo absorvível que apresenta uma mistura pronta de ácido hialurônico com bioestimulador de colágeno”, completa.

 

Preenchedores permanentes

Os preenchedores permanentes contêm microesferas não absorvíveis, permanecendo no corpo indefinidamente. O mais comum é:

  • Poli-Metil-Metacrilato (PMMA): Utilizado para correções duradouras, mas associado a riscos mais altos de complicações a longo prazo. 

A dra. Paula explica que cada país apresenta uma agência reguladora responsável pela autorização de venda dos preenchedores sob a categoria de medicamentos. O Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de medicamentos e tratamentos dos EUA, por exemplo, autoriza o uso de ácido hialurônico, hidroxiapatita de cálcio e PLLA, até o momento, na categoria de preenchedores temporários, vendidos sob diversos nomes comerciais, a depender da empresa comercializadora. Já na categoria de preenchedores permanentes, a única substância autorizada pelo FDA é o poli-metil-metacrilato (PMMA).

“No Brasil, de maneira similar, há diversas marcas de produtos autorizados pela Anvisa para uso como preenchedores cutâneos temporários, contendo ácido hialurônico, hidroxiapatita de cálcio ou PLLA. No caso do PMMA, um dos produtos autorizados pela Anvisa é o Biossimetric, fabricado pela MTC. Segundo a Agência, o produto deve ser aplicado por profissional médico treinado. Silicone industrial não é aprovado para uso no corpo humano e é proibido pela Anvisa”, alerta. (Veja aqui como verificar a autorização desses produtos pela ANVISA.)

O silicone industrial, de aspecto oleoso, pode gerar complicações na hora ou após muitos anos, como deformações, dores, infecção, embolia pulmonar e morte. 

 

Riscos de alergias e efeitos colaterais

“Os preenchimentos dérmicos, apesar de serem geralmente seguros quando administrados por médicos qualificados, podem apresentar alguns riscos e efeitos colaterais”, diz Letícia Oba, assessora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

.A maioria dos efeitos colaterais acontece pouco tempo após sua aplicação, como inchaço ou hematomas, e geralmente se resolve dentro de alguns dias ou semanas. No entanto, em alguns casos, os efeitos colaterais podem aparecer semanas, meses ou anos após a injeção.

        Veja também: Ácidos no rosto: quais são os riscos e indicações?

 

Efeitos colaterais mais comuns

Inchaço e hematomas: São os efeitos colaterais mais comuns e geralmente desaparecem dentro de alguns dias ou semanas.

Vermelhidão e dor: Podem ocorrer na área tratada, mas tendem a ser temporários. 

Sensibilidade local e coceira: Também são frequentes, mas de curta duração.

Efeitos colaterais mais graves

Inflamação tardia: Pode surgir semanas, meses ou anos após a injeção, frequentemente após uma infecção ou vacinação. 

Injeção acidental em vasos sanguíneos: Pode causar bloqueios na circulação, levando a complicações graves como necrose (morte do tecido), cegueira e acidente vascular cerebral. 

Nódulos e granulomas: Podem se formar sob a pele, necessitando de tratamentos adicionais como injeções de substâncias específicas, antibióticos ou até remoção cirúrgica.

Infecção e reações anafiláticas: Embora raras, podem ocorrer e requerem intervenção médica imediata. Uma reação anafilática é uma resposta alérgica severa e potencialmente fatal que ocorre rapidamente após a exposição a um alérgeno, apresentando sintomas como dificuldade para respirar, inchaço e queda da pressão arterial.

Migração do produto: O preenchedor pode se mover para outras áreas, causando deformidades.

 

Alergias

O risco de alergia é raro, especialmente com os preenchedores modernos, que são altamente purificados. No entanto, preenchedores contendo derivados animais, como o PMMA de origem bovina, apresentam um risco ligeiramente maior de reações alérgicas.

A dra. Letícia destaca que “a alergia aos componentes dos preenchedores como conservantes e estabilizantes é possível, resultando em inflamação, vermelhidão, coceira ou inchaço na área tratada. É importante que o profissional de saúde esteja preparado para diagnosticar e tratar as reações alérgicas imediatas e tardias”.

 

Procedimentos adequados para evitar efeitos colaterais

Para minimizar os riscos associados aos preenchimentos faciais, a escolha do profissional e do produto é crucial. As especialistas ressaltam a importância de observar:

Capacitação do profissional: O médico deve ser adequadamente treinado, com um conhecimento anatômico e técnico profundo. “A menor chance de efeitos colaterais inerentes a qualquer procedimento não é relacionada ao uso de um procedimento em si, mas à realização desse procedimento por um profissional adequadamente treinado”, diz a dra. Paula.

Saúde do paciente: É essencial avaliar os antecedentes médicos, comorbidades, uso de medicamentos e possíveis alergias.

Uso de produtos confiáveis: Somente produtos aprovados por agências reguladoras como a Anvisa devem ser utilizados, garantindo sua segurança e eficácia. “O uso de produtos de origem confiável, aprovados pela agência reguladora, e com respaldo em literatura científica é de suma importância”, ressalta a dra. Paula.

Informação: O paciente deve ser plenamente informado sobre os riscos e sinais de complicações, sabendo como proceder em caso de preocupação. “Uma comunicação adequada com o paciente, informando riscos e orientando como proceder caso apresente sinais de preocupação após o procedimento, é fundamental”, complementa a dra. Paula.

Para diferenciar um sintoma leve de um grave,  a dra. Letícia aponta o tempo como principal fator: “O inchaço temporário dos lábios pode acontecer pelo próprio trauma da aplicação do produto, mas geralmente dura de 24 a 72 horas. Se o inchaço persistir por mais de uma semana, o paciente deve retornar para reavaliação do médico”, orienta.

Ela ainda acrescenta que é crucial que “o procedimento seja realizado em um local adequado e que sejam seguidas todas as medidas de higiene, técnicas, instrumentos e materiais adequados para o procedimento.” Os preenchimentos faciais, quando realizados corretamente, podem proporcionar resultados impressionantes e naturais. No entanto, é essencial que os pacientes compreendam os potenciais riscos e escolham profissionais qualificados para realizar esses procedimentos. 

        Veja também: Por que nossa pele fica flácida com o passar dos anos?

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