Prevenção de ISTs: camisinha não é a única alternativa

A camisinha é muito efetiva para prevenir ISTs, mas não é a única estratégia de prevenção disponível. Conheça outras formas de se prevenir na coluna de Mariana Varella.

close em mão de homem segurando frasco aberto de comprimidos azuis da PRep. Camisinha não é a única estratégia de prevenção de ISTs

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Publicado em: 15 de dezembro de 2023

Revisado em: 15 de dezembro de 2023

A camisinha é muito efetiva para prevenir ISTs, mas não é a única estratégia de prevenção disponível. Conheça outras formas de se prevenir na coluna de Mariana Varella.

 

No início da epidemia de HIV, no começo dos anos 1980, havia dois caminhos para evitar o vírus: a abstinência sexual e a camisinha.

Como poucos pretendiam abrir mão de manter uma vida sexual ativa, a saída era martelar, na cabeça das pessoas, a necessidade de usar preservativo nas relações sexuais.

Vieram, então, as campanhas pedindo para que as pessoas usassem camisinha. Como a história nos mostraria, apesar de efetiva para evitar as chamadas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), quando usada corretamente, nem todas as pessoas utilizam a camisinha em todas as relações sexuais.

Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostram que ao menos 60% dos brasileiros com mais de 18 anos não usaram camisinha em nenhuma relação sexual que mantiveram em 2019.

De acordo com estudos, os motivos para isso são vários: falta de hábito, esquecimento, a falsa ideia de invulnerabilidade, gosto pessoal, entre outros. 

O que fazer, então? O primeiro passo é entender que a maioria das pessoas com vida sexual ativa não usa camisinha, e que elas precisam de outras opções.

Dizer que a única estratégia de prevenção é o preservativo, além de mentira, joga as pessoas com vida sexual ativa que não usam preservativo na vulnerabilidade. 

É essencial divulgar as outras estratégias disponíveis para prevenção de ISTs que devem ser utilizadas, preferencialmente, de forma combinada. Vamos às mais importantes?

 

PrEP e PEP

Para quem por algum motivo não usa camisinha sempre e de alguma forma está vulnerável ao HIV, uma das opções para se prevenir contra o vírus é a PrEP, a profilaxia pré-exposição. 

 Segundo o Ministério da Saúde, a PrEP é a combinação de dois medicamentos que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo.

 Existem duas modalidades de PrEP indicadas: a PrEP diária, que consiste em um comprimido que deve ser tomado todos os dias; e a PrEP sob demanda, que deve ser usada por pessoas com menos risco de exposição e que conseguem planejar a relação sexual. 

A PrEP sob demanda deve ser utilizada da seguinte forma: tome 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual  + 1 comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos + 1 comprimido 24 horas após a segunda dose. 

Outra forma de prevenção é a PEP, a profilaxia pós-exposição. Ela é uma medida de prevenção de urgência e deve ser iniciada o mais rápido possível – preferencialmente nas primeiras 2 horas após a exposição de risco e no máximo em até 72 horas depois da exposição. A profilaxia deve ser realizada por 28 dias e a pessoa tem que ser acompanhada pela equipe de saúde, inclusive após esse período, realizando os exames necessários.

Tanto a PrEP quanto a PEP estão disponíveis pelo SUS e são altamente eficazes contra o HIV se tomadas exatamente como  recomendado, mas elas não protegem contra outras ISTs, como sífilis e gonorreia.

 

Doxiciclina

Também chamada de doxiPEP, em alusão à PEP para o HIV, a estratégia tem sido recomendada apenas para homens que fazem sexo com homens e para mulheres transgênero que tenham tido uma infecção sexualmente transmissível provocada por bactéria no ano anterior ou que estejam sob risco alto de contrair uma IST.

A dosagem indicada é de 200 mg  de doxiciclina em dose única até 72 horas depois da relação sexual, incluindo sexo anal e oral, sem proteção. Quanto antes a pessoa tomar, melhor.

Os dados disponíveis, reunidos em diversos estudos, justificam a recomendação apenas para esses grupos; além de ainda não haver dados que reforcem a indicação para outros grupos, existe a preocupação quanto ao risco de resistência bacteriana.

 

Vacinas

É importante lembrar que embora não exista vacina para o HIV,  existem imunizantes para algumas ISTs, como hepatite B e HPV. Não deixe de tomar todas as vacinas.

A vacina para a hepatite B está disponível pelo SUS para todas as pessoas que ainda não foram imunizadas, independentemente da idade.

Já para o HPV, o SUS disponibiliza a vacina para meninas e meninos de 9 a 14 anos e para pessoas imunocomprometidas. Na rede privada, a vacina pode ser administrada até os 45 anos de idade.

 

Testagem regular

Outra estratégia importante é a testagem regular. Todas as pessoas com vida sexual ativa devem se testar para o HIV e outras ISTs com frequência. Isso é necessário porque ao diagnosticar a infecção, a pessoa pode se tratar antes de ela progredir. 

Assim, a testagem é uma estratégia de prevenção porque se a pessoa diagnostica e trata uma IST, ela deixa de transmiti-la a parceiros e parceiras.

 

Tratamento

Por último, é importante diagnosticar e tratar as ISTs, interrompendo, assim, a cadeia de transmissão. Quanto mais precocemente isso ocorrer, melhor para o paciente, seus parceiros e parceiras e para toda a comunidade.

É muito importante deixar os preconceitos de lado para cuidar da prevenção de ISTs, incluindo o HIV. Todas as pessoas que fazem sexo podem contrair uma IST, portanto é preciso pensar na melhor estratégia de prevenção para você, levando em conta seu risco de exposição e sua capacidade de adesão às estratégias escolhidas.

Não adianta nada escolher uma estratégia que você não vai utilizar corretamente, certo? Então converse com seu médico e escolha a que melhor se adapte ao seu estilo de vida.

 

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