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Cirurgia geral

Rinoplastia: como é o procedimento?

Homem foi internado após tentar realizar a cirurgia em casa, seguindo um tutorial na internet. Entenda os riscos e saiba como fazer a rinoplastia de forma segura
Publicado em 13/09/2022
Revisado em 14/09/2022

Homem foi internado após tentar realizar a cirurgia em casa, seguindo um tutorial na internet. Entenda os riscos e saiba como fazer a rinoplastia de forma segura.

 

O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de países que mais realizam procedimentos estéticos, e, mesmo com a pandemia em 2020, os brasileiros não hesitaram em procurar o bisturi. A rinoplastia – cirurgia para modificar o nariz – se tornou destaque nos últimos anos, entrando para o top 5 das intervenções mais procuradas no Brasil, principalmente na faixa de 19 a 34 anos.  

A cirurgia, porém, não é barata, pode variar entre R$ 10 mil e R$ 70 mil, e, quando a motivação é puramente estética, os planos de saúde não realizam a cobertura. No SUS, a cirurgia pode ser feita apenas em situações específicas, como veremos mais à frente.

Graças ao desejo de conquistar o nariz dos filtros do Instagram – afinados, pequenos e arrebitados – e ao alto custo da cirurgia, logo começou a surgir na internet uma tendência perigosíssima para a saúde: a chamada “rinoplastia caseira”.

 

Para que serve a rinoplastia?

A rinoplastia é um procedimento que visa alterar a estrutura do nariz, seja ela óssea, cartilaginosa ou funcional (septo e cornetos). Dessa forma, a cirurgia pode ter um objetivo funcional, para corrigir dificuldades respiratórias, como o ronco, por exemplo. Ainda assim, a maior motivação dos pacientes que chegam aos consultórios é estética, como conta o cirurgião plástico dr. Fernando Nakamura, pioneiro em rinoplastia híbrida, técnica que muda as formas do dorso do nariz preservando o máximo dos ligamentos e cartilagens, além de usar apenas o mínimo necessário de enxertos do próprio paciente para resultados mais estáveis e definidos, evitando a famosa “ponta caída”.. 

“A rinoplastia tem o objetivo estético de melhorar características tidas como esteticamente não desejadas do nariz. As mais comuns são a giba (ossinho no dorso), ponta larga ou arredondada, largura ou altura do osso do nariz. Nesses casos, o osso pode ter uma parte removida ou, com técnicas mais atuais, pode ser modelado com instrumentos específicos de escultura óssea. Já a parte da cartilagem é mais ‘artesanal’, pois as mudanças são feitas através de pontos específicos e incisões precisas, para que o resultado final seja mais definido e harmônico para cada tipo de rosto.”

 

Quero fazer a cirurgia. Por onde começar?

O primeiro passo, como em qualquer intervenção cirúrgica, é procurar um profissional qualificado para realizar o procedimento e cuja especialidade seja a rinoplastia. Outros profissionais de saúde não estão habilitados a conduzir a cirurgia. Ter isso em mente é muito importante, pois uma cirurgia mal-sucedida pode resultar em danos irreversíveis tanto estética quanto funcionalmente, como deformidades e o próprio desabamento do arcabouço nasal, além do comprometimento da capacidade respiratória, o que impacta diretamente a qualidade de vida do indivíduo.

Ao encontrar um profissional que lhe agrade, reserve um tempo para checar as credenciais dele, como formação e registro profissional (CRM). O próximo passo é marcar uma consulta para avaliação. “É necessário fazer alguns exames de check-up para que o paciente esteja em perfeitas condições antes de operar e para verificar a presença de contraindicações. Alguns exemplos nos quais a rinoplastia não é recomendada são pacientes que não estão em boas condições de saúde, que não estão psicologicamente equilibrados ou que não estão com expectativas realistas em relação ao resultado”, esclarece o dr. Nakamura.

Veja também: Quando operar o desvio de septo?

 

Adolescente pode fazer rinoplastia?

Em relação à idade, a intervenção pode ser realizada a partir dos 16 anos, mas alguns fatores devem ser levados em consideração e avaliados cuidadosamente, como conta o cirurgião plástico dr. Luiz Fernando Vieira Gomes, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), em artigo publicado no site da própria entidade. 

“Não há um consenso. Deve-se levar em conta que até os 15 anos a parte craniomaxilofacial ainda está em desenvolvimento. E o nariz é o centro do crescimento facial. A partir dessa idade, já há uma estabilização. Os pais devem estar envolvidos na decisão do jovem, já que a adolescência é um período complicado. Mas se o adolescente sofrer um trauma que afete o nariz, a cirurgia é indicada independentemente da idade.”

 

Como é feita a cirurgia?

A rinoplastia é uma cirurgia complexa e invasiva, e por isso deve ser realizada em um ambiente com estrutura hospitalar, o que inclui a presença de um médico anestesista. Dr. Fernando explica o passo a passo geral a ser seguido no centro cirúrgico. 

“Cada caso deve ser analisado individualmente. Mas basicamente o passo a passo se inicia com o tratamento da parte funcional (desvios de septo ou dos cornetos), passando para a estrutura óssea e sendo finalizado com a correção das imperfeições cartilaginosas. Na maioria dos casos, a anestesia pode ser geral, mas a depender da avaliação pode-se recomendar a anestesia local com sedação.”

 

Quais são as possíveis complicações?

Riscos fazem parte dos procedimentos cirúrgicos, mais um motivo para escolher com atenção o profissional e a equipe responsáveis, já que um bom profissional pode antecipar ou minimizar possíveis complicações. Quando se fala em rinoplastia, as complicações mais comuns são infecção, hematoma, além de necrose e perda do olfato nos casos mais graves. 

Veja também: Distúrbios que afetam o olfato: quais são, sintomas e causas

 

Dá para fazer pelo SUS? 

Sim, mas o processo é burocrático e contempla apenas rinoplastias por motivos funcionais, como dificuldades de respiração ou deformidades que causem prejuízo psicológico significativo para o paciente. 

Para tentar o procedimento pela rede pública é necessário primeiro passar por uma consulta com um clínico geral e solicitar o encaminhamento para o otorrinolaringologista. Esse segundo profissional vai ser o responsável por avaliar o caso, desde a estrutura do nariz em si para identificar os problemas apontados até decidir se a deformidade estética de fato causa danos psicológicos na vida do paciente a ponto de ser recomendada a cirurgia. 

Dado o aval do médico, é iniciado o pré-operatório, com a solicitação de exames de sangue, do coração, de risco operatório e a avaliação psicológica. Se tudo estiver certo, o paciente entra para a lista de espera. A partir daí, tudo vai depender da disponibilidade da rede de saúde local, o que torna impossível prever o tempo de espera.

 

Pós-operatório

O pós-operatório é semelhante ao de outras cirurgias. Um pouco de dor local, inchaço, áreas arroxeadas semelhantes a hematomas e sensação de nariz entupido são alguns dos sintomas esperados. Para uma boa recuperação, é fundamental seguir à risca a orientação médica para o período.

 

Os perigos da rinoplastia caseira

Em julho deste ano, um homem foi internado no Hospital Municipal de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, após tentar realizar uma rinoplastia em casa, sem qualquer instrumento médico ou supervisão profissional. O rapaz alegou ter assistido a um tutorial no YouTube, que prometia o resultado esperado com o uso de itens como supercola e fio de violão. Como era de se imaginar, a invenção não deu certo: ele foi levado para o hospital com parte do nariz necrosado. O cirurgião pontua:

“O fato ocorrido é extremamente perigoso por vários motivos: é uma pessoa leiga, tentando fazer a cirurgia em si mesma em um ambiente não hospitalar, sem nenhuma condição de segurança ou higiene. Essa pessoa correu sérios riscos, gerando prejuízos talvez irreversíveis tanto estéticos quanto funcionais, além do risco de morrer por complicações como infecção ou hemorragia”, finaliza.

Veja também: Cirurgia de desvio de septo: quais os cuidados do pós-operatório?

 

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