Com a popularização da corrida de rua, um efeito começou a ser percebido entre os entusiastas do esporte: o runner’s face ou, em tradução livre, rosto de corredor. Muitas pessoas que começaram a correr, especialmente na categoria de longa distância, passaram a apresentar um rosto aparentemente envelhecido ou “derretido”, como costumam descrever na internet.
O runner’s face, na verdade, é um termo não médico que descreve características de um rosto mais emagrecido, com a flacidez pronunciada e alguns sulcos mais evidentes. Essas mudanças na estrutura facial, no entanto, não são causadas diretamente pela corrida.
“O movimento do corpo que ocorre durante a prática da corrida não é capaz de levar à degradação das fibras colágenas e elásticas. É o emagrecimento gerado pela corrida que leva a essa perda da gordura e se torna responsável por provocar uma redução do volume do rosto e desencadear essa percepção do rosto mais fino”, explica Júlia Rocha, dermatologista no Rio de Janeiro.
A corrida, enquanto uma atividade física extenuante, pode levar à perda de peso e à perda do tecido celular subcutâneo facial. Isso resulta, portanto, no afinamento da estrutura facial, deixando as proeminências ósseas mais evidentes. Mas esse é um efeito que poderia surgir com qualquer outra atividade física mais exaustiva.
“O que acontece também é que, quando você pratica a corrida outdoor, do lado de fora, você estará mais exposto a fatores externos, como a radiação ultravioleta e a luz visível. Esses fatores, sim, são responsáveis pela degradação das fibras de colágeno e elásticas e vão acabar impactando em uma maior presença de rugas e flacidez”, acrescenta a médica.
Cuidados necessários
Por outro lado, não é preciso parar de correr por isso. Os efeitos estéticos indesejados podem ser facilmente prevenidos com alguns cuidados simples. A dra. Júlia Rocha lista os principais:
- Sempre usar protetor solar de alto fator contra raios UVA e UVB, resistente também à água e ao suor;
- Evitar correr nos horários de maior incidência solar;
- Sempre usar barreiras físicas, como óculos e chapéus;
- Não deixar de fazer a proteção labial;
- Manter uma rotina de alimentação saudável;
- Promover uma boa recuperação entre os treinos.
Quando faz sentido pensar em procedimento estético?
“Nos casos em que você já tem uma flacidez mais avançada, ou de repente esteja se incomodando com a percepção dos sulcos mais aparentes, existem alguns tratamentos que podem ser eficientes: bioestimuladores de colágeno, ultrassom microfocado, radiofrequência, fios de sustentação e alguns tipos de lasers que também conseguem estimular o colágeno”, elenca a especialista.
Tais tecnologias também podem ser consideradas para prevenção, dependendo do contexto e da avaliação médica, a fim de impedir que as queixas se intensifiquem. Segundo a médica, a recomendação é mais comum para pacientes em faixas etárias com queda pronunciada do colágeno e rotina intensa de atividades físicas.
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