O consumo de azeite de oliva combinado à dieta mediterrânea por um período médio de seis anos e meio protege contra o declínio cognitivo e diminui o risco de demência, segundo estudo. Leia no artigo do dr. Drauzio.
Viver mais tempo traz problemas novos. O envelhecimento aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e outros males.
Nos últimos 20 anos, a melhora das condições de vida, a prevenção e os avanços da medicina, têm reduzido o número de mortes por infarto, AVC e neoplasias malignas. Por outro lado, aquelas associadas às demências ficaram mais prevalentes. Nos países industrializados, cerca de um terço dos que passaram dos 70 anos morre por causa de uma das demências.
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Sabemos que a dieta mediterrânea, rica em vegetais, peixes, grãos, nozes e azeite de oliva, reduz o risco de doenças cardiovasculares e diabetes. Estudos recentes mostraram que o azeite de oliva tem ação anti-inflamatória e neuroprotetora, por ser rico em gorduras monoinsaturadas e micronutrientes como os polifenóis e a vitamina E.
O ensaio randomizado Predimed, por exemplo, mostrou que o consumo de óleo de oliva combinado à dieta mediterrânea por um período médio de seis anos e meio protege contra o declínio cognitivo.
Pesquisadores americanos acabam de publicar na revista “Jama” um estudo realizado com 60.582 mulheres e 31.801 homens recrutados nas séries Nurses’ Health Study e Health Professionals Follow-up Study, respectivamente.
Em 1990, os participantes receberam o primeiro questionário sobre os hábitos alimentares e a adesão à dieta mediterrânea; daí em diante, um questionário a cada quatro anos. Entre várias perguntas sobre a frequência do consumo de alimentos específicos, três se referiam ao uso de óleo de oliva (na salada, nas frituras, no pão e na comida).
O número de óbitos foi recolhido nos relatórios do National Death Index. As mortes associadas às demências vieram de atestados de óbito, relatórios médicos e dados de autópsia.
Os participantes foram divididos em quatro grupos de acordo com o consumo de azeite: nunca ou menos de uma vez por mês; menos de 4,5 g por dia; entre 4,5 e 7 g por dia; acima de 7 g por dia. Vamos lembrar que uma colher de sopa contém cerca de 13,5 g de azeite.
Ocorreram no total 4.751 óbitos atribuídos às demências. A média de consumo de azeite de oliva foi de 2,5 g por dia. O uso de azeite foi inversamente proporcional às mortes, isto é, quanto maior a quantidade incluída na dieta, mais baixa a mortalidade por demência. Comparado com o grupo que nunca ou quase nunca usava óleo de oliva, naquele acima de 7 g por dia a mortalidade por demência caiu 28%.
A presença de fatores de risco como doença cardiovascular, hipertensão arterial, diabetes e colesterol elevado não modificaram os resultados: o benefício do azeite foi o mesmo.
Outros estudos têm avaliado a influência do efeito do óleo de oliva na cognição. O Three-City Study, conduzido na França, mostrou que, em pacientes com demência, entre os que mais consomem azeite há diminuição de 17% nos níveis de declínio da memória visual.
Estudos observacionais realizados com a dieta mediterrânea (Dash, Mind e Ahei) verificaram redução dos níveis de declínio cognitivo e melhora da cognição em pacientes com Alzheimer.
Se ingerir mais de 7 g por dia traz benefícios a quem sofre de demência, parece lógico combinar dieta mediterrânea e pelo menos 7 g por dia de azeite de oliva para potencializar o efeito protetor.
O impacto do azeite na mortalidade por demência se deve ao fato de que ele melhora a função do endotélio, a camada que reveste as paredes internas dos vasos sanguíneos, interfere com os mecanismos de coagulação, metabolismo das gorduras, estresse oxidativo, agregação das plaquetas e inflamação.
Há diversas demonstrações em ratos e em seres humanos de que os compostos fenólicos presentes na sua composição (especialmente se for extravirgem) atenuam processos inflamatórios e o estresse oxidativo, além de atuarem para manter a integridade da barreira que existe entre o sangue e o líquor, o líquido que banha o cérebro.