OMS lança novas diretrizes para o consumo de gordura e carboidrato que enfatizam a importância de considerarmos a qualidade dos alimentos. Leia na coluna de Mariana Varella.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou, em julho, novas diretrizes para o consumo de gordura e carboidrato. De acordo com a organização, as recomendações são baseadas em evidências científicas e têm como objetivo reduzir o risco de obesidade e das doenças associadas ao ganho excessivo de peso, como diabetes e doenças cardiovasculares.
Para manter uma alimentação saudável, a OMS destaca que é recomendado levar em consideração tanto a quantidade como a qualidade do que consumimos.
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Embora nem todas as orientações sejam novas (a quantidade recomendada de gordura pela organização não foi alterada em relação às diretrizes anteriores, por exemplo), o documento passou a enfatizar a qualidade dos alimentos a serem consumidos, com destaque para o consumo de grãos, frutas e vegetais, já que as evidências têm mostrado que a ingestão de fibras ajuda a reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Aqui vão os principais destaques do documento:*
Frutas e vegetais
- De 2 a 5 anos: 250 gramas por dia;
- De 6 a 9 anos: 350 gramas por dia;
- Acima de 10 anos: 400 gramas por dia.
Fibras
- De 2 a 5 anos: 15 gramas por dia;
- De 6 a 9 anos: 21 gramas por dia;
- Acima de 10 anos: 25 gramas por dia.
Açúcar
A OMS recomenda limitar o consumo de açúcar de adição, aquele que acrescentamos aos alimentos, a 10% das calorias ingeridas no dia. Isso significa que a quantidade de açúcar não deve ultrapassar 200 calorias ou 50 gramas, o equivalente a cerca de dez colheres de chá.
Para termos uma ideia, 200 ml de bebida achocolatada pronta (1 caixinha) contém 25 g de açúcar.
Carboidratos
Pessoas acima dos dois anos de idade devem priorizar grãos integrais, frutas e leguminosas como feijão, grão de bico e lentilha.
Gorduras
O consumo total de gordura continua limitado a, no máximo, 30% da ingestão diária de calorias, ou seja, 600 calorias ou 66 gramas.
– Gorduras saturadas: encontradas principalmente nos alimentos de origem animal como carnes e laticínios, devem ser limitadas a no máximo 10% do total de gorduras consumidas no dia (6,6 gramas);
– Gorduras trans: presentes nos alimentos industrializados, não podem ultrapassar 1% das gorduras consumidas, o que dá cerca de 2 gramas.
O documento destaca, ainda, a importância de privilegiar as gorduras insaturadas, presentes em fontes vegetais como azeite, abacate e nozes, entre outro.
*Para os cálculos de quantidades, levamos em conta uma dieta de 2 mil calorias diárias
Guia Alimentar
No Brasil, o Guia Alimentar para a População Brasileira, documento organizado pelo Ministério da Saúde, traz orientações muito semelhantes que podem e devem ser seguidas pelos brasileiros.
Entre as dicas do Guia, estão:
- Fazer de alimentos in natura (alimentos oriundos diretamente de plantas ou animais sem sofrerem alteração) ou minimamente processados a base da alimentação;
- Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos;
- Limitar o consumo de alimentos processados, como farinha, massas e derivados de leite, e evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, que contêm muito sal, açúcar e gordura, como biscoitos, salgadinhos de pacote e refrigerantes;
- Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora;
- Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados.
Doenças não transmissíveis
Há cada vez mais evidências científicas que corroboram a importância de manter uma alimentação saudável e praticar atividades físicas regularmente para evitar as chamadas doenças não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, alguns tipos de câncer, AVC e infarto.
A OMS estima que 74% das mortes ocorram devido a esses eventos, sendo 86% em países de baixa e média renda.
De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, 46% dos 16,7 milhões brasileiros com diabetes sequer tinham o diagnóstico da doença em 2019.
Cerca de 30% da população brasileira adulta tem hipertensão, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia; estima-se que apenas 20% dos hipertensos estejam devidamente tratados.
Os sistemas de saúde público e privado terão como desafio futuro tratar a enorme quantidade de pessoas com essas doenças, caso não haja políticas de prevenção.