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Diabetes

Atividade física, hábitos alimentares e diabetes | Artigo

Publicado em 07/04/2011
Revisado em 16/08/2021

Estudo recente demonstra que alimentação saudável e atividades físicas podem retardar ou impedir a instalação de diabetes no adulto.

 

Há muito se acredita que excesso de peso e vida sedentária são fatores de risco para a instalação do diabetes no adulto (tipo 2). Em 1991, um estudo conduzido na Suécia demonstrou que mudanças nos hábitos alimentares e a prática de atividade física podem retardar o aparecimento do diabetes em pessoas predispostas à doença. Em 1997, uma pesquisa desenvolvida na China mostrou resultados semelhantes. Esses estudos, no entanto, foram criticados por falhas metodológicas, e a maioria dos autores admitia que a relação entre estilo de vida e instalação de diabetes no adulto estava por ser demonstrada definitivamente.

Pesquisadores do Grupo Finlandês de Prevenção do Diabetes publicaram recentemente um estudo que constitui a mais completa demonstração de que a instalação do diabetes no adulto pode ser retardada, ou mesmo evitada, às custas de intervenções dietéticas e aumento da atividade física. Os autores estudaram 523 mulheres e homens entre 40 e 65 anos, com excesso de peso, que apresentavam o que chamamos de tolerância diminuída à glicose (que muitos chamam inadequadamente de pré-diabetes). Para caracterizar uma pessoa nesta categoria, ela precisa ter uma taxa de glicose no sangue abaixo de 140 (miligramas por decilitro), quando determinada pela manhã, em jejum, mas essa concentração deve subir para a faixa de 140 a 200, após a administração de 75 gramas de glicose.

 

Veja também: O diagnóstico para diabetes

 

Os participantes foram divididos ao acaso em dois grupos: Intervenção e Controle. No grupo Controle, os indivíduos receberam apenas um folheto de duas páginas com informações sobre a necessidade de adotarem uma dieta saudável e praticarem exercícios físicos. Fora essa orientação rotineira, nenhum programa individualizado foi oferecido.

Aos do grupo Intervenção, ao contrário, foi dada orientação personalizada sobre os objetivos a serem alcançados com as mudanças no estilo de vida: perder 5% ou mais do peso corpóreo, reduzir o consumo de gordura para menos de 30% do total de calorias ingeridas diariamente, consumir mais de 15 g de fibras para cada 1000 kcal ingeridas e praticar pelo menos 30 minutos de exercícios físicos de intensidade moderada por dia.

Ao contrário do folheto com as orientações impessoais entregue ao grupo Controle, no grupo Intervenção os participantes receberam periodicamente orientações dietéticas dadas por nutricionistas e programas de treinamento físico individualizados.

Os autores usaram os critérios da Organização Mundial da Saúde para caracterizar a instalação de diabetes na população estudada: glicemia de jejum acima de 140, ou aumento para mais de 200 depois da administração das 75 g de glicose.

No período de novembro de 1993 a junho de 1998, desenvolveram diabetes 86 participantes: 59 pertenciam ao grupo Controle e 27, ao grupo Intervenção. O aconselhamento dietético periódico e a orientação personalizada para a prática de exercícios resultaram numa redução de 58% no número de casos da enfermidade.

Anualmente, no grupo Controle, 6% dos participantes desenvolveram a doença, contra 3% no grupo Intervenção.

Enquanto no grupo Intervenção a perda média de peso foi de 4,2 kg, no Controle esse número caiu para 0,8 kg. Individualmente, quanto maior a perda de peso obtida, mais baixa a probabilidade de instalação da doença.

A ingestão crônica de um número de calorias diárias acima do total que o organismo consegue consumir, que resulta na obesidade e facilita a instalação do diabetes, depende da interação de fatores genéticos e ambientais. O estudo finlandês deixa claro que as pessoas com excesso de peso e predisposição genética podem interferir com a história natural da instalação do diabetes, às custas da redução do número de calorias ingeridas diariamente e do aumento da atividade física.

Projeções da OMS mostram que, nas sociedades industriais, 6% dos habitantes são portadores de diabetes. A demonstração de que essa incidência pode ser reduzida por mudanças do estilo de vida é um alento, especialmente para aqueles que têm familiares próximos com a doença e suas complicações vasculares: perda de visão, insuficiência renal, infarto do miocárdio, derrame cerebral, impotência sexual e tantas
outras.

Estão sendo aguardados, com ansiedade, para o final deste ano, os resultados da evolução de 3000 homens e mulheres com tolerância diminuída à glicose, que participam do Diabetis Prevention Program, estudo americano que os divide em três grupos: Controle (recebem as recomendações rotineiras de mudanças no estilo de vida), Intervenção (programas individualizados de alterações dietéticas e prática de exercícios) e Intervenção Farmacológica (administração diária preventiva de uma droga, a metformina).

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