PSA e câncer de próstata | Artigo

“Screening” para câncer de próstata é uma das áreas mais controversas da oncologia. Afinal, o que mostram as evidências?

homem diante de médica, que analisa anatomia da próstata no computador. Exigência de PSA para detectar câncer de próstata é controversa

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Publicado em: 10 de janeiro de 2018

Revisado em: 11 de agosto de 2020

A prática anual de exames de PSA e toque retal é uma questão controversa dentro da oncologia.

 

“Screening” para câncer de próstata é uma das áreas mais controversas da oncologia.

Há médicos que acham absurdo deixar de pedir PSA e propor o toque retal, anualmente, para todo homem com mais de 50 anos. Outros – em número menor – consideram que essa decisão deve ser tomada caso a caso, depois de analisar riscos e benefícios.

 

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Para ajudá-lo a entender a complexidade do problema, leitor, vamos às evidências:

  • A análise do maior programa de “screening” conduzido nos Estados Unidos revela que, para cada mil homens acompanhados com PSA e toque retal, anualmente, por um período médio de 13 anos, conseguimos evitar pouco mais de uma morte por câncer de próstata;
  • Para cada mil homens que fazem PSA e toque retal anuais, por um período médio de 12 anos, é possível impedir o aparecimento de metástases em apenas três;
  • Cerca de 25% dos homens submetidos ao “screening” apresentarão aumentos do PSA associados a processos benignos (hiperplasia prostática benigna, prostatite, trauma e outros) que levarão a biópsias desnecessárias, sujeitas a eventuais complicações: desconforto, dor, ansiedade, sangramento local e infecções;
  • Como parte significativa dos cânceres de próstata evolui lentamente, ganha aceitação crescente a estratégia conhecida como “supervisão ativa”, por meio da qual a doença identificada como de baixa agressividade pode ser seguida por anos. Nesses casos, o controle é feito pela repetição do PSA e de biópsias periódicas, para garantir que o tumor mantém as características favoráveis;
  • O tratamento imediato da doença, assim que diagnosticada por biópsia, sem levar em conta o grau de agressividade, provoca indicações de tratamento cirúrgico e radioterápico em casos de tumores malignos que jamais causariam problemas. Essa eventualidade é especialmente preocupante nos homens mais velhos, com expectativas de vida abaixo de dez anos;
  • Tratamento cirúrgico e radioterápico estão associados a complicações que afetam a qualidade de vida. Entre elas: incontinência urinária, impotência sexual e outras, além dos custos;
  • Se um homem com 55 anos resolver repetir PSA e toque retal uma vez por ano, pelos próximos 10 a 15 anos, terá 0,5% (5 em cada mil) de risco de morrer de câncer de próstata. Se decidir o contrário, o risco aumentará para 0,6%. Se for obeso e sedentário, sua probabilidade de morrer de doença cardiovascular é ao redor de 30%;
  • Há subpopulações que correm mais risco, principalmente os homens de ascendência negra e aqueles com parentes próximos que tiveram câncer de próstata. Nesses casos, pouquíssimos contestam os benefícios do “screening”.

O que fazer com essas informações, estimado leitor?

Viver é assumir riscos. Vou dizer o que faço comigo mesmo: repito PSA e toque retal anualmente, apesar de não haver casos na família, ter passado dos 70 anos e saber que poucos estudos incluíram participantes nessa faixa etária. Anos atrás, fiz uma biópsia desnecessária.

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