O que sabemos (até agora) sobre a varíola dos macacos | Coluna

A varíola dos macacos não é tão grave quanto a varíola do passado. A vacina provavelmente protege contra a doença. Conheça as recomendações.

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

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Depois da covid-19 e da hepatite misteriosa, a varíola dos macacos preocupa a população. O dr. Drauzio explica o que se sabe sobre a doença.

A atual varíola dos macacos, na verdade, veio dos roedores e foi transmitida para os primatas, os quais, por sua vez, contaminaram os seres humanos. Mas ela não é tão grave quanto a varíola do passado, que provocava várias lesões no corpo e tinha uma alta taxa de mortalidade.

Essa doença começa com febre, dor no corpo e cansaço e evolui para o surgimento de manchas vermelhas no corpo que, posteriormente, se transformam em vesículas e somem naturalmente. A mortalidade, desta vez, é baixíssima. A vacina que tomamos quando crianças provavelmente protege contra a enfermidade. Saiba mais nesse vídeo do dr. Drauzio.

Olá, você deve estar pensando assim: “nós não vamos ter sossego? Estamos saindo dessa pandemia do coronavírus, aí aparece uma hepatite misteriosa e agora vem essa varíola dos macacos. Vai acontecer o que agora, vem uma nova epidemia por aí?”

Não. Essa varíola dos macacos não é a varíola humana do passado. Eu, quando estava no quarto ano da faculdade de medicina, nós visitávamos a enfermaria de varíola do Hospital Emílio Ribas, aqui em São Paulo, e você via aqueles doentes todos cheios de lesões na face, nas pernas. Essas lesões deixavam cicatrizes. Era uma doença horrível, com mortalidade alta, chegava a 20%, 30% até.

Essa varíola atual, que é chamada dos macacos, na verdade vem de roedores, e os macacos são tão vítimas como nós. Provavelmente, ela surgiu em populações, especialmente na África, nesse contato com os macacos. Ela existe na Nigéria, na República Centro-Africana e na República Democrática do Congo. Agora aparecem esses casos na Europa.

Como é que eles são reconhecidos? Primeiro, a pessoa começa com febre, dor no corpo, cansaço e aí começam a surgir manchas vermelhas pelo corpo, todas de uma vez, que se transformam em vesículas, em bolhinhas, e mais tarde viram pústulas até, e aí elas começam a regredir espontaneamente, sozinhas, somem, deixam uma casquinha no local e a doença desaparece.

A mortalidade é baixíssima. É seguramente abaixo de 5%, alguns estimam a mortalidade ao redor de 1%, muito menor do que a varíola clássica.

“Eu preciso tomar vacina contra varíola? A vacina contra varíola, que a gente tomava no passado quando criança, protege contra essa doença?” Provavelmente protege, mas não há vacinas no mundo disponíveis pra vacinar a população inteira por uma razão muito simples: em 1980, a Organização Mundial da Saúde declarou a varíola extinta. Foi a primeira infecção, primeira doença infecciosa que nós extinguimos, fizemos desaparecer da face da Terra com a vacinação.

“Como é que eu tenho que me comportar? Primeiro, preciso ter medo dessa doença? Preciso ver como é que eu faço pra tomar a vacina?” Não, claro que não. A doença nem apareceu no Brasil. Há um brasileiro que foi infectado na Alemanha, onde ele vivia. Aqui não chegou ainda.

Como é que a Organização Mundial da Saúde e os sanitaristas recomendam que essa vacinação seja feita se houver necessidade? Seria a de vacinar os contatuantes, não vacinar a população inteira porque o risco é muito baixo de pegar o vírus, não é? Se aparecer um caso, é vacinar rapidamente as pessoas que estão próximas.

Existem medicamentos, dois medicamentos. Mas eles não estão disponíveis no mercado. Esses medicamentos para quem já adquiriu o vírus e já manifestou a doença.

“Quanto é o período de incubação?” O período que vai do momento em que você se infecta até surgirem os primeiros sintomas e sinais da doença, que vai de cinco a 14 dias.

“Quanto tempo dura a doença sem tratamento, quando ela regride espontaneamente?” Em geral, ao redor de três semanas.

“E como é que eu pego a doença?” Você pega se entrar em contato, porque o vírus está ali naquelas lesões da pele do doente. Se você toca, se você entra em contato com ele, você aí pode adquirir.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, ainda não há motivo para preocupação. A doença deve ser observada, esses casos devem ser observados. A doença tem existido e tem aparecido na África há décadas, mas agora chega nos centros europeus e norte-americanos, que conseguiram rapidamente detectá-la e identificar o vírus, não é?

Por enquanto, não há razão pra nenhuma preocupação.

 

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