O que sabemos (até agora) sobre a hepatite misteriosa em crianças | Coluna

Nos últimos meses, casos de hepatite em crianças têm preocupado pais e cientistas. A principal suspeita recai sobre um adenovírus. Entenda.

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

Compartilhar

Casos de hepatite aguda grave em crianças chegam ao Brasil e estão sendo investigados por cientistas. Entenda o que já se sabe sobre a doença.

 

Em 15 de abril de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para o surgimento de casos de hepatite aguda grave em crianças no Reino Unido. Após duas semanas, já eram mais de 200 casos espalhados pelo mundo, incluindo uma criança que veio a óbito e 17 que precisaram de transplante de fígado. Os pacientes têm de um mês a 16 anos de idade.

No Brasil, há, pelo menos, 16 casos suspeitos – seis no Rio de Janeiro, sete em São Paulo, dois no Paraná e um em Santa Catarina. A origem da doença ainda é desconhecida, mas já se sabe que não há nenhuma relação direta com os vírus comuns da hepatite.

 

O que é a hepatite?

A hepatite é uma inflamação no fígado que pode ser causada por diversos motivos, como excesso de medicamentos, alcoolismo e presença de determinados vírus. Os agentes infecciosos mais comuns são os causadores dos tipos A, B, C, D e E. 

O tipo A é o mais frequente e também o mais benigno entre as crianças. A hepatite aguda grave que vem sendo relatada nos últimos meses, por sua vez, é caracterizada por uma inflamação que surge de forma abrupta. Ela costuma provocar diarreia, vômito, febre, dores musculares e coloração amarelada na pele e nos olhos, a chamada icterícia.

 

Adenovírus é a principal suspeita

Uma das linhas de investigação dos cientistas é a de que esse surto de hepatite esteja sendo causado por um adenovírus. O agente viral provoca grande parte das doenças respiratórias, podendo também afetar o trato gastrointestinal. Como é um vírus bastante comum, pesquisadores investigam os motivos pelos quais o adenovírus teria passado a causar hepatite.

De acordo com um boletim divulgado pela OMS em 23 de abril de 2022, quando 169 crianças haviam sido identificadas com a hepatite severa, 85 foram testadas para a presença do adenovírus. Destas, 74 deram resultado positivo. Até o momento, essa é a principal suspeita, mas, considerando que o adenovírus é muito comum, a sua presença pode ser uma simples coincidência.

 

Hepatite e covid-19

A possibilidade de que a hepatite aguda grave tenha sido causada pela vacina contra a covid-19 já foi descartada. Isso porque a maioria das crianças que adoeceram ainda nem havia sido imunizada.

Por outro lado, a presença do vírus Sars-CoV-2 foi detectada em alguns pacientes. Sendo assim, a infecção pode ter provocado, nessas crianças, uma pré-disposição a desenvolver hepatite. Essa, no entanto, é apenas mais uma linha de investigação, como a do adenovírus.

 

Prevenção

Por enquanto, ainda não é possível falar em uma epidemia. Mesmo assim, a comunidade científica corre para identificar a causa o mais rápido possível. Enquanto isso, a recomendação é que os pais fiquem atentos aos sintomas e busquem atendimento médico em caso de qualquer suspeita. 

Ensinar as crianças a lavar bem as mãos e cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar também ajuda na proteção.

 

Assista também ao vídeo do dr. Drauzio sobre o assunto:

Veja mais

Sair da versão mobile