Doenças Inflamatórias Intestinais em 5 perguntas | Rogério Saad

Após o diagnóstico, as doenças inflamatórias intestinais exigem acompanhamento médico e a realização de exames. Entenda como funciona.

Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Entre seus livros de maior sucesso estão Estação Carandiru, Por um Fio e O Médico Doente.

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As doenças inflamatórias intestinais têm impacto enorme na qualidade de vida do paciente. O coloproctologista Rogério Saad tira as principais dúvidas sobre o diagnóstico e o tratamento dessas condições.

 

Dor abdominal, diarreia prolongada, presença de catarro ou sangue nas fezes e perda de peso são os principais sinais de uma doença inflamatória intestinal. Ao perceber os sintomas, é preciso procurar um gastroenterologista ou um coloproctologista, que fará o diagnóstico correto e orientará sobre a melhor linha terapêutica para o caso.

Neste vídeo, o dr. Rogério Saad explica como funciona o tratamento de acordo com a gravidade e a extensão da doença e a importância de manter o acompanhamento médico em dia para voltar a viver bem. Assista.

Olá, eu sou o Dr. Rogério Saad Hossne, sou médico, sou coloproctologista e presidente do GEDIIB e hoje eu estou aqui no Portal do Drauzio Varella para responder a algumas perguntas sobre Doenças Inflamatórias Intestinais, as DIIs.

1. Como desconfiar se os sintomas que tenho são de uma Doença Inflamatória Intestinal? Qual médico devo procurar? Qual o tempo médio que os pacientes levam para receber o diagnóstico correto?

Os principais sintomas são a dor abdominal, tipo cólica, aquele paciente que tem aquela diarreia, disenteria por mais de três a quatro semanas, né. Todo mundo costuma ter às vezes diarreia, mas essa diarreia é prolongada. Então, a dor abdominal, a diarreia, presença de catarro nas fezes e às vezes a presença do sangue também, perda de peso. Então, esses são os principais sintomas com os quais a gente tem que se preocupar.

Em geral, numa situação como essa, normalmente as pessoas passam por Pronto Socorro ou médicos não especialistas. Então, esse médico não especialista tem que lembrar da possibilidade de ser Doença Inflamatória Intestinal e, frente a esses sintomas e à suspeita da Doença Inflamatória Intestinal, procurar ou um gastroenterologista ou um coloproctologista pra que possa seguir em relação ao diagnóstico.

Em relação ao tempo entre a pessoa começar a manifestar esses sintomas e a gente conseguir chegar a um diagnóstico final, isso pode variar muito de região pra região do país e depende muito do paciente valorizar esses sintomas, e esse é o motivo da campanha [Maio Roxo] o médico pensar nisso e chegar até o especialista. Então, em média esse tempo pode ser de três a quatro anos, que é um tempo que nos preocupa bastante porque o paciente convivendo com isso é bastante preocupante.

 

2. Fui diagnosticado com DII, e agora?

Primeiro passo, a partir do momento do diagnóstico, o que que nós temos de fazer? Como é uma doença que não tem cura, que a gente vai conseguir controlar todo esse processo inflamatório, é importante, primeiro, o médico que o acompanha dar esse seguimento e passar as informações corretas a respeito da doença e esse controle, ou seja, todo esse acompanhamento que, dependendo do momento da doença, no seu início às vezes podem ser necessárias visitas a cada três ou quatro meses e, à medida que doença vai controlando, a gente vai espaçando esses sinais e sintomas.

Segundo, como é que a gente avalia se essa resposta está sendo efetiva ou se ela está dando certo ou não? Então, como a gente está falando do trato digestório, especificamente, o intestino, a gente precisa olhar o intestino por dentro, que são os exames de ileocolonoscopia, que é aquela endoscopia que a gente faz no intestino grosso pra saber se está indo bem ou não o tratamento. Da mesma forma, alguns exames de sangue e, eventualmente, em alguns casos, alguns exames, especialmente a tomografia computadorizada.

 

3. Como é o tratamento?

A gente classifica a doença em leve, moderada e um pouco mais grave ou mais intensa e de acordo com a sua extensão. Basicamente, o tratamento, como uma doença que não tem cura e a gente tem uma inflamação prolongada, constante e crônica desse intestino, é controlar esse processo inflamatório.

O tratamento, ele tem que ser específico para aquele momento da doença, baseado nesses critérios de extensão e de intensidade da doença. Então, o médico vai poder fazer a melhor escolha e, também como eu havia dito, dependendo da evolução desse paciente, pode ser necessário em algum momento que ele faça troca em relação à medicação ou vá de um remédio pro outro na dependência dessa evolução.

 

4. O que muda na vida de um paciente quando diagnosicado? Algum cuidado específico?

Vamos pegar um paciente jovem que esteja trabalhando. No trabalho, ele tem que ir ao banheiro, ele tem que saber onde tá o banheiro, no período quando ele vai sair pra qualquer atividade social ou estudar, isso atrapalha muito. Então, o impacto na vida dos pacientes é muito grande quando a doença está na sua fase aguda. Então, a gente conseguindo esse controle da doença, a gente consegue melhorar essa qualidade de vida.

Então, é importante a gente sempre tentar fazer o diagnóstico o mais precoce possível, então, o que a gente chama de janela de oportunidade pro diagnóstico pro tratamento, então, quanto mais precoce, melhor a gente consegue controlar; o paciente saber que é uma doença que é importante ele acompanhar com o médico e o cuidado pra vida dele em relação a essa adesão ao medicamento, a importância de ter assiduidade, ou seja, uma frequência importante nas consultas médicas e os exames que o médico pedir pra fazer esse seguimento.

É uma doença pra vida, é uma coisa longa, mas, como eu disse, ele tendo essa assiduidade, essa frequência em relação ao médico e o controle, a gente consegue melhorar a qualidade de vida dos nossos pacientes.

 

5. Falando em controlar a doença, qual o melhor caminho a se seguir? Como saber que estou melhorando com o tratamento?

Como é que a gente controla a doença? Primeiro passo é a gente ter o diagnóstico correto, entender o momento da doença e, frente a esse diagnóstico e a essa extensão, a melhor escolha do tratamento. É importante a equipe de apoio, quer dizer, os médicos não trabalham sozinhos, é importante o papel da enfermagem, o papel da nutrição, a equipe de psicólogos ou psiquiatras, o que tem muito a ver com esse estado emocional do paciente.

Então, esse acompanhamento multidisciplinar, aliado ao fato do médico entender a sua doença, o paciente colaborar, a gente consegue buscar esse controle pra vida do paciente seguir uma vida dentro do possível, dentro do normal.

Então, a palavra aí é diagnóstico correto, uma equipe correta acompanhando, o medicamento mais adequado para aquele momento e o seguimento do paciente junto com toda essa equipe, que permite que o paciente e a gente consegue fazer um controle e tentar fazer com que a vida do paciente seja normal.

Conteúdo feito em parceria com a biofarmacêutica Takeda. https://www.takeda.com/pt-br/
C-ANPROM/BR/GEN/0008 – Mai/2022 | Material destinado ao público em geral

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