Fazer sexo ajuda a emagrecer?

Segundo crenças populares, há uma relação entre a atividade sexual e o emagrecimento. Entenda se existe embasamento científico por trás disso.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Sexualidade

pés de casal na cama. veja a relação entre sexo e emagrecimento

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Publicado em: 6 de setembro de 2023

Revisado em: 20 de setembro de 2023

Segundo crenças populares, há uma relação entre sexo e emagrecimento. Entenda se existe embasamento científico por trás disso.

 

Você já deve ter escutado ou lido por aí que o sexo ajuda a emagrecer e que a atividade sexual contaria como uma atividade física. Não se preocupe, você não está sozinho nessa. Muitos se questionam se a prática sexual pode efetivamente contribuir para queimar uma quantidade de calorias significativa, resultando em perda de peso.

Para explorar essa conexão de forma abrangente, é importante entender o conceito de equivalente metabólico da tarefa (MET). O MET é uma unidade que mensura a quantidade de calorias queimadas durante as atividades físicas. “Cada atividade é categorizada com um valor de MET, determinado com base na intensidade da atividade e no consumo de oxigênio associado a ela. A fórmula para estimar o gasto calórico envolve multiplicar o valor de MET pelo peso corporal da pessoa e pelo tempo de duração da atividade. É importante notar que, embora essa fórmula forneça uma estimativa aproximada, ela não leva em conta fatores individuais, como variações na intensidade da atividade e características pessoais.”, explica a dra. Denise Duarte Iezzi, médica endocrinologista do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Por exemplo, considere um atleta com 75 kg pedalando vigorosamente por uma hora, atividade equivalente a um MET de 10,0. Segundo a estimativa aproximada, esse indivíduo queimaria cerca de 750 calorias durante essa sessão de ciclismo intenso. 

Uma perspectiva interessante surge quando comparamos o gasto calórico de uma relação sexual com uma corrida de 30 minutos. Um estudo feito pela Universidade de Quebec, em Montreal, no Canadá, e publicado no “Journal of Sexual Medicine” em 2013, avaliou o gasto calórico de 21 homens e 21 mulheres heterossexuais, com idades entre 25 e 40 anos, durante o ato sexual. Os participantes foram equipados com um monitor de frequência cardíaca que registrava a intensidade do exercício.

Os resultados demonstraram que homens queimaram, em média, 4,2 calorias por minuto durante o sexo e 9,2 calorias por minuto na esteira. Entre as mulheres, os números foram de 3,1 calorias por minuto durante o sexo e 7,1 calorias por minuto na esteira. Essa comparação evidencia que o sexo pode ser considerado uma atividade física de intensidade moderada em termos de gasto calórico.

“Sendo assim, a atividade sexual pode ser considerada um exercício físico, se assemelhando ao gasto energético de uma caminhada” segundo a dra. Caroline Castro, endocrinologista do Hospital São Camilo, também em São Paulo.

 

Benefícios para a saúde

Além do potencial para queima de calorias, a prática sexual oferece uma série de benefícios para a saúde de forma geral. “A prática sexual libera hormônios como endorfina e serotonina, que dão uma sensação de prazer, bem-estar, e que fazem com que a frequência cardíaca seja aumentada”, diz a dra. Caroline.

A endorfina, por exemplo, é um hormônio que promove relaxamento muscular e mental, contribuindo para a redução da ansiedade e do estresse. Após o ato sexual, a pressão arterial tende a diminuir, o que reduz a pressão sobre o cérebro e o coração. Essa “vasodilatação” melhora o fluxo sanguíneo para esses órgãos vitais, promovendo a saúde cardiovascular.

Existem pesquisas que indicam os benefícios do sexo para a saúde cardiovascular, como a que foi realizada pela Universidade de Boston, nos Estados Unidos, e publicada no periódico “Journal of the American Medical Association” em 2010. O estudo avaliou a saúde cardiovascular de 3,5 mil homens e mulheres, com idades entre 45 e 75 anos, durante um período de 12 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos: aqueles que relataram ter relações sexuais pelo menos duas vezes por semana e aqueles que relataram ter relações sexuais menos de uma vez por mês.

Ao final do estudo, os pesquisadores descobriram que os participantes do primeiro grupo tinham um risco menor de morte cardiovascular do que os participantes do segundo grupo. O risco de morte por infarto do miocárdio foi 46% menor, e o risco de morte por acidente vascular cerebral foi 30% mais baixo entre os participantes que tinham relações sexuais regulares.

“A prática sexual regular aumenta os batimentos cardíacos e faz o organismo liberar substâncias que protegem o coração. Pesquisas mostram que o sexo funciona como exercício cardiovascular, elevando as chances de combater o câncer e reduzindo os sintomas da menopausa e TPM”, comenta a dra. Denise.

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Saúde mental

“As relações sexuais podem ser marcadoras para a saúde em geral. Não há dúvidas de que, quando consentida ou resultada de relacionamentos íntimos, a atividade sexual diminui o nível de ansiedade do corpo, o que ajuda a reduzir o estresse. Além disso, homens e mulheres relataram que a atividade sexual foi mais prazerosa e apreciada do que a sessão de exercício de 30 minutos na esteira”, explica a dra. Denise.

Segundo ela, em meio a discussões sobre obesidade, é relevante considerar o impacto social e emocional na saúde. O aumento alarmante de obesidade entre jovens, associado a fatores como isolamento social, alcoolismo e depressão, destaca a importância do sexo como uma forma de expressão e conexão social. O sexo desempenha um papel vital na manutenção de relacionamentos saudáveis e na promoção da saúde mental.

 

Dieta do sexo

Um fenômeno recente ganhou popularidade desde junho de 2023, a “dieta do sexo”. Essa abordagem envolve sessões de relações sexuais intensas durante cerca de cinco horas por dia, quatro vezes por semana, prometendo a queima de até 8 mil calorias por mês. Para a dra. Denise, “essa abordagem é problemática por várias razões. Além de mecanizar o ato sexual, a dieta do sexo pode levar a complicações como lacerações vaginais, infecções urinárias, desidratação e até mesmo risco de rabdomiólise, um tipo de ‘quebra’ por fadiga muscular”.

Em resumo, a relação entre sexo e emagrecimento é multifacetada e vai além da simples contagem de calorias. Enquanto o sexo pode contribuir para o gasto calórico e oferecer benefícios cardiovasculares e emocionais, não deve ser encarado como a única estratégia para perda de peso. O sexo é uma parte valiosa da vida, contribuindo para a saúde física, emocional e relacional. No entanto, a abordagem sensata é aquela que prioriza um estilo de vida equilibrado, envolvendo atividade física regular, alimentação saudável e cuidado emocional. De acordo com especialistas, o sexo, quando praticado com respeito e consentimento mútuo, pode ser um elemento importante para uma vida saudável e plena.

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Sobre a autora: Tarima Nistal é jornalista e especialista em comunicação digital e marketing. Interessa-se por questões relacionadas à saúde das mulheres, alimentação saudável e meio ambiente.

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