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Sexualidade

Aumento do número de casos de sífilis preocupa especialistas

Publicado em 25/06/2015
Revisado em 28/08/2023

No estado de São Paulo, aumento do número de casos de sífilis em adultos chegou a mais de 600% em seis anos.

 

Uma epidemia silenciosa de sífilis avança no Brasil, e o mais preocupante é que grande parte dos infectados não sabe que está transmitindo a doença para outras pessoas. Segundo o infectologista José Valdez Madruga, a enfermidade tem uma característica peculiar: três semanas após a contaminação surge uma lesão ulcerativa na genitália do infectado – na região do freio ou frênulo do prepúcio, nos homens, e no encontro dos pequenos lábios, nas mulheres – que some espontaneamente depois de alguns dias, dando a falsa impressão de cura.

“A maioria das pessoas não tem noção de que está contaminada, pois após o desaparecimento das lesões, os sintomas não são muito visíveis. Podem surgir manchas vermelhas na pele, mas muitas vezes o paciente não as associa à doença. Na verdade, ele só vai descobrir se for ao médico e lhe for solicitado um exame de sangue específico”, informa. 

 

Veja também: Leia entrevista com especialista sobre sífilis

 

O aumento do número de casos de sífilis é bastante grave, principalmente no estado de São Paulo, onde o número de adultos contaminados cresceu, em seis anos, mais de 600%, segundo estatísticas da Secretaria Estadual da Saúde. Aproximadamente sete pessoas são infectadas diariamente pela bactéria Treponema pallidum, que causa a sífilis. Nos casos das mulheres grávidas, o aumento também foi grande. O número de infectadas saltou de 1.863, em 2005, para 21.382, em 2013, alta que equivale a mais de 1.000%. “As pessoas precisam saber que também é possível contrair a doença por meio do sexo oral e anal”, completa Madruga.

Segundo o médico sanitarista Artur Kalichman, do Programa Estadual DST/Aids do Estado de São Paulo, o aumento do número de casos de sífilis tem alguns motivos específicos, como o fato de a enfermidade ter passado a entrar na lista de notificações compulsórias desde 2010. Ou seja, a cada novo caso diagnosticado, a secretaria do município precisa informar as autoridades. Antes, era obrigatória apenas a notificação de casos de grávidas e recém-nascidos com a doença.

“Mas, de fato, está acontecendo um aumento no número de casos. Um dos motivos possíveis é que as pessoas deixaram de usar preservativos nas relações sexuais. Outra questão que pode contribuir para isso é que elas não estão procurando os serviços de saúde como deveriam, não estão tendo acesso ao tratamento. Ou então os profissionais não estão sabendo abordar os pacientes de forma correta quando eles chegam às unidades de saúde”, destaca Kalichman.

Grande parte das pessoas não usa camisinha porque acredita que a aids se tornou uma doença tratável, crônica (veja mais aqui). “Mas não se pega apenas aids nas relações sexuais desprotegidas. Há outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e gonorreia“, alerta o infectologista José Valdez.

É importante lembrar que a sífilis é altamente curável, mas não gera imunidade. Portanto, é possível se infectar mais de uma vez se não usar preservativo.

 

Testagens rápidas para sífilis

 

Frequentemente, a Secretaria do Estado da Saúde realiza os mutirões com os chamados testes rápidos de HIV e sífilis. Para isso, é necessária apenas uma gota de sangue do dedo. O resultado sai em cerca de 30 minutos e, caso dê positivo, o paciente já é encaminhado imediatamente para o tratamento.

“Mas o teste rápido só é 100% confiável se o resultado for negativo. Se o teste der positivo, o paciente precisa fazer um  teste confirmatório para ter certeza do diagnóstico. Isso ocorre porque se, por exemplo, o paciente já teve sífilis uma vez e foi curado, mesmo assim ele fica com uma cicatriz sorológica. O teste rápido não sabe diferenciar se esse é um caso ativo ou não. Mas já serve para uma primeira triagem”, comenta Artur Kalichman. 

 

Falta de medicamentos

 

Outro grande problema  é que está em falta no mercado mundial a penicilina benzatina, conhecida como Benzetacil®. O antibiótico é usado para tratar sífilis e outras infecções bacterianas. O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) informa que o desabastecimento de penicilina é um problema mundial e a interrupção do fornecimento dos insumos para a produção foi repentina, o que originou o problema.

Apesar de a benzatina ser um dos medicamentos chefes para tratar a sífilis, é possível substitui-lo por outros antibióticos específicos. De acordo com o Ministério da Saúde, a previsão de normalização do abastecimento do medicamento acontecerá nas próximas semanas.

 

Atenção

 

O teste para a sífilis está disponível de forma gratuita, o ano inteiro nos Centros de Saúde e nos Centros de Testagem. Todas as pessoas com vida sexual ativa devem realizar o teste.

Se você possui alguma dúvida em relação a sintomas e tratamento ligue para o Disk DST/Aids: 0800-162550.

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