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Por que o paciente com lúpus precisa tomar corticoides?

Ilustração do rosto de uma mulher com lesão em forma de borboleta na face, típica de lúpus.
Publicado em 10/05/2018
Revisado em 25/03/2024

Apesar de serem conhecidos pelos efeitos colaterais, eles são essenciais no tratamento. Entenda por que o paciente com lúpus precisa tomar corticoides.

 

Quem tinha o hábito de acompanhar o seriado norte-americano “House” já deve ter reparado que o lúpus costumava ser um dos primeiros palpites da equipe para tentar fechar um diagnóstico.

Isso porque o lúpus eritematoso sistêmico é uma doença crônica multifatorial (não tem uma única causa) que pode causar manifestações muito diversas. Os sintomas são desconexos, inespecíficos e podem variar muito, dificultando o diagnóstico. Os sintomas do lúpus podem incluir:

 

Veja também: Entrevista completa com especialista sobre lúpus

 

O lúpus entra na categoria das doenças autoimunes, que ocorrem quando o organismo passa a não reconhecer as próprias células e a tratá-las como “inimigas”, produzindo anticorpos para combatê-las. De maneira geral, os sintomas agudos ocorrem como consequência de “ataques imunológicos” da pessoa aos seus próprios órgãos. A doença pode atingir os rins, fígado, pulmões, pele, entre outros.

 

Vídeo: Assista à entrevista que o Dr. Drauzio fez com a Dra. Ana Luisa Calich. A médica explica por que alguns pacientes têm lesões avermelhadas no rosto e dá orientações para prevenir crises. 

 

Uso de corticoides no tratamento do lúpus

 

Os corticoides são substâncias sintéticas semelhantes aos hormônios produzidos pelas glândulas adrenais, como o cortisol e a aldosterona, que regulam várias funções do organismo.

 

Veja também: Por que o paciente de lúpus deve evitar exposição solar

 

Geralmente, essa classe de medicamentos desperta temor por um motivo: os efeitos colaterais. Quando utilizados em doses elevadas (acima de 40 mg por dia) e por um período longo, podem causar problemas como sobrepeso, catarata, hipertensão (pressão alta), depressão etc.  Ainda assim, segundo os reumatologistas, os benefícios compensam os riscos.

Dr. Luiz Carlos Latorre, membro da comissão de Lúpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), esclarece que os corticosteroides são utilizados inicialmente para tirar o paciente da condição inflamatória imediata, ou seja, quando o corpo está atacando os tecidos e órgãos como se fossem inimigos. Por isso, uma dose maior desse medicamento pode ser utilizada como estratégia inicial. “É o modo mais rápido que temos de ‘acalmar’ o sistema imunológico. Esses medicamentos são alguns dos anti-inflamatórios mais poderosos que temos. Eles são usados em conjunto com medicamentos imunossupressores que ajudam a reduzir as doses necessárias de corticoides e permitem que eles sejam utilizados por menos tempo. Quando a doença deixa de estar em atividade, é possível reduzir o corticoide para doses muito baixas e em alguns casos podemos até suspender seu uso”, informa o médico .

Os corticoides são uma espécie de medicamento coringa, pois servem para tratar doenças muito diferentes, como artrite reumatoide, asma, bronquite, psoríase, glaucoma e até tumores cerebrais. Apesar dos efeitos colaterais, seu uso consciente é imprescindível para o tratamento de várias enfermidades. Tanto que sua descoberta rendeu a Edward Calvin Kendall e Philip Showalter Hench o Nobel de Medicina de 1950.

“Os corticoides são substâncias sintéticas semelhantes aos hormônios produzidos pelas glândulas adrenais, como o cortisol e a aldosterona, que regulam várias funções do organismo e são liberados de acordo com as necessidades do indivíduo. Esses hormônios regulam o metabolismo de açúcares, gorduras, proteínas, além de estarem envolvidos em várias funções musculares, vasculares e no equilíbrio dos íons em nosso organismo. Já os corticoides sintéticos atuam como agentes anti-inflamatórios (em doses baixas) ou como  imunossupressores (em doses altas)”, explica o dr. Latorre.

 

Pacientes com lúpus precisam tomar corticoides pelo resto da vida?

 

Depende. Como é importante lembrar, o lúpus é uma doença crônica (sem cura), assim como o diabetes e a pressão alta. Dessa forma, é necessário seguir o tratamento com disciplina e ter acompanhamento médico regular para que doses de medicamentos sejam personalizadas de acordo com a necessidade de cada paciente naquele momento.

É possível que em determinados períodos a doença esteja sob controle e o uso possa ser interrompido, mas atenção: A descontinuação  do medicamento deve ser feita gradativamente (nunca de maneira abrupta), pois o organismo pode reagir de maneira negativa à retirada repentina, e as enfermidades tratadas podem se agravar. Além disso, como os corticoides são semelhantes aos hormônios produzidos pelas adrenais, essas glândulas ficam inibidas durante o uso do medicamento e podem demorar para voltar a produzir de acordo com a necessidade do organismo. “De modo geral, tudo vai depender da fase da doença. O importante é o paciente seguir o tratamento à risca e não fazer nenhuma alteração sem o consentimento do médico”, finaliza o dr. La Torre.

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