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Reumatologia

Pacientes com doenças autoimunes podem fazer procedimentos estéticos?

Quem tem doenças autoimunes também quer se sentir bem com o próprio corpo. Entenda como é possível realizar procedimentos estéticos com segurança

Quem tem doenças autoimunes também quer se sentir bem com o próprio corpo. Entenda como é possível realizar procedimentos estéticos com segurança

Uma pessoa com uma doença autoimune, como lúpus, artrite reumatoide ou esclerodermia, por exemplo, também tem vaidade e pode sentir vontade de realizar um procedimento estético. Mas, ainda que seja um desejo totalmente válido, esse paciente precisa de alguns cuidados ao realizá-lo.

A própria doença pode levar a lesões de pele e queda de cabelo que afetam a autoestima. Os medicamentos, como os corticoides, também têm como possíveis efeitos colaterais o ganho de peso e o surgimento de acnes e estrias. Tudo isso compromete a autoimagem e pode levar à procura por técnicas de embelezamento.

Tipos de procedimentos estéticos e riscos

Entende-se por “procedimento estético” uma gama de intervenções que visam melhorar a aparência de uma pessoa. Algumas delas oferecem pouco ou nenhum risco aos pacientes autoimunes, desde que sejam realizadas por profissionais qualificados. 

“Passar cremes e produtos superficialmente na pele, por exemplo, não tem problema nenhum, porque eles não entram em contato com o sistema imunológico, o sangue ou as células”, afirma Emília Sato, reumatologista e membro da Comissão de Lúpus da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).

O botox, nome popular da toxina botulínica, também se encaixa nessa categoria. Até hoje, não há nenhuma evidência científica de que a sua aplicação cause problemas específicos nesse tipo de paciente.

“Já a eliminação com luz pulsada, que envolve lasers, é diferente. O que muda de um laser para o outro é a profundidade que ele alcança. Em pacientes com doenças autoimunes, como o lúpus, os lasers mais intensos podem levar à necrose de algumas células”, alerta a médica.

Segundo a especialista, a morte dessas células pode deflagrar uma manifestação intensa e indevida da doença. Isso não acontece com todos os pacientes, pois depende da reação individual, da área tratada e da experiência do dermatologista. Por isso, o ideal é testar em áreas pequenas para observar se não há reação e só depois ampliar.

Os bioestimuladores e preenchedores agem de forma semelhante, pois não há evidências de segurança em todos os casos. Em doenças como artrite reumatoide e espondiloartrites, o risco parece ser menor. No lúpus e na esclerose sistêmica, como há formação de anticorpos contra o próprio colágeno, os preenchedores podem atuar como gatilho para o sistema imune.

Com relação ao silicone, a indicação é que próteses só sejam colocadas ou trocadas quando a doença estiver controlada e a paciente não esteja em uso intenso de medicamento, já que isso pode prejudicar a cicatrização e predispor a infecções. “Se a prótese se romper, ela entra em contato direto com o sistema imunológico, aumentando o risco de complicações”, explica a dra. Emília.

Quando fazer um procedimento estético?

“A liberação ou não de um procedimento estético depende de vários fatores. Um deles é o quão controlada está a doença. Se o paciente está em bom controle da doença, é um cenário. Se está com a doença ativa, é outro. Então, o ideal é que os procedimentos sejam realizados em momentos de bom controle clínico”, detalha Lícia Mota, reumatologista e diretora científica da SBR.

É importante lembrar que alguns medicamentos podem interferir nos resultados, como os corticoides, anti-inflamatórios e imunossupressores. Para pacientes que estão utilizando doses altas desses remédios, o recomendado é aguardar antes de fazer um procedimento estético.

“A principal mensagem é: não há proibição absoluta, mas o procedimento deve ser avaliado com cuidado, de forma individualizada, discutido entre o paciente, o reumatologista e o dermatologista ou cirurgião plástico que irá realizá-lo. Assim, é possível alinhar o planejamento terapêutico também em termos de estética: o que pode ser feito, em que sequência e em que momento”, destaca a especialista.

Veja também: Retirada de silicone: quando o explante é indicado?

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