O slime pode ser tóxico. A massa viscosa e gelatinosa feita em casa, que virou febre entre crianças e adolescentes, contém ingredientes que podem ser tóxicos ao organismo
Pode perguntar para qualquer mãe ou pai de crianças: o slime virou moda nas residências do país e do mundo. Feito em casa, a massa pegajosa contém ingredientes químicos vendidos em farmácias.
Mas será que esses produtos podem ser tóxicos? A DROPS checou.
QUEM DISSE? Revista Crescer1
QUANDO DISSE? 28/05/2019
O QUE DISSE? “Slime: Mãe diz que filha está internada com intoxicação em São Paulo. Especialista alerta que a ‘meleca’ pode ser feita com ingredientes que desencadeiam reações irritativas, alérgicas e até queimaduras”.
CHECAGEM: VERDADEIRO
CONTEXTO
Slimes são mesmo uma febre entre o público infantil e infanto-juvenil e a versão caseira, feita por crianças e adolescentes que colocam a mão na massa na confecção do brinquedo, faz ainda mais sucesso.
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Tudo parecia uma brincadeira inofensiva, até o recente surgimento de notícias sobre os potenciais perigos do slime. No caso mais famoso, relatado em diversos veículos — inclusive na matéria da “Revista Crescer” –, uma mãe afirma que sua filha foi internada em um hospital de São Paulo após intoxicar-se devido ao contato com slime caseiro.
Será que é realmente possível intoxicar-se brincando com slime? DROPS checou.
O QUE DIZ A CIÊNCIA
Usualmente, o slime caseiro tem sua “base” feita com uma mistura de cola branca, bórax, espuma de barbear e água.
A cola branca (a mesma utilizada nas escolas) é uma mistura de água com uma pequena quantidade de uma substância química chamada acetato de polivinila. De certa forma, a cola é basicamente um plástico incompleto. Segundo a U.S. National Library of Medicine², a maioria das colas brancas não oferece grande risco de intoxicação no contato com a pele. No entanto, efeitos tóxicos podem ocorrer quando alguém respira vapores da cola propositalmente.
Já o bórax, também conhecido como borato de sódio ou tetraborato de sódio, é um mineral alcalino facilmente solúvel em água, usado há décadas em produtos de limpeza. Na confecção do slime, o bórax tem a função de fazer a “ativação” da mistura para criar a textura correta. De acordo com a base de dados sobre toxicologia da U.S. National Library Medicine (NLM)³, o bórax pode causar irritação nos olhos, na pele e no sistema respiratório. Além disso, como uma solução de bórax necessariamente produz ácido bórico, a diluição inadequada também pode causar irritação severa da pele e até queimaduras graves.
Outros efeitos mais graves decorrentes do contato com bórax acontecem se ele for ingerido. No entanto, como exposto em uma revisão de estudos sobre a substância⁴, é necessário ressaltar que uma pessoa normalmente saudável precisaria ingerir uma quantidade exageradamente grande de bórax para sofrer sérios efeitos à saúde. Mesmo assim, em um movimento de extrema cautela, órgãos governamentais, como por exemplo o governo do Canadá⁵, recomendaram a não utilização de bórax em projetos de artesanato infantil.
Por fim, o creme de barbear, que também é usado na mistura de slime, pode causar leves reações alérgicas em algumas pessoas após o contato com a pele, porém sem gravidade.
CHECAGEM
Após a consulta de dados científicos sobre os principais ingredientes usados para fazer slime caseiro, DROPS checou e confirmou que a notícia publicada pela Revista Crescer que traz a frase “a ‘meleca’ pode ser feita com ingredientes que desencadeiam reações irritativas, alérgicas e até queimaduras” é VERDADEIRA. Ou seja, feito em casa, o slime pode ser tóxico.
Os dados científicos consultados mostram que os ingredientes usados para confecção de slimes – principalmente o bórax – caseiros têm potencial de ocasionar reações alérgicas e irritantes (chegando até mesmo a queimaduras), se usados em excesso ou por tempo prolongado.
Referências
Acesso em 26/06/2019:
² https://medlineplus.gov/ency/article/002826.htm
³ https://toxnet.nlm.nih.gov/cgi-bin/sis/search/a?dbs+hsdb:@term+@DOCNO+328
⁴ https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10050929
⁵ http://healthycanadians.gc.ca/recall-alert-rappel-avis/hc-sc/2016/59514a-eng.php#you-vous