Página Inicial
Pediatria

Quem tem ceratocone não deve coçar os olhos

Menina esfregando o olho direito em sial de cansaço.
Publicado em 10/07/2019
Revisado em 11/08/2020

Como doença se caracteriza por deformidade na córnea, quem tem ceratocone não deve coçar os olhos para não agravar o problema. Conheça os tratamentos.

 

A córnea é uma camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular. Ela tem uma curvatura arredondada e é formada por fibras de colágeno. Ceratocone é uma doença que faz com que essa estrutura comece a se deteriorar e fique cada vez mais frágil. O resultado é que, em vez de arredondada, a córnea começa a ficar pontiaguda.

Por isso, quem tem ceratocone e algum problema alérgico como rinite ou sinusite deve redobrar a atenção, principalmente as crianças. “Qualquer atrito com a córnea é perigoso para quem tem ceratocone. O paciente alérgico coça muito o olho, então, o grau de pressão que ele coloca sobre os olhos é enorme. Isso aumenta a degradação da córnea e acelera a progressão da doença. É preciso tratar a coceira para evitar que o paciente mexa no olho”, alerta Marcela Barreira, oftalmologista pediátrica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Veja também: Entrevista sobre doenças da visão

Nesses casos, é muito importante informar o paciente sobre a necessidade de evitar coçar os olhos e realizar um tratamento inicial para a alergia, principalmente com o uso de colírios com corticoides (lembre que medicamentos desse tipo requerem orientação médica, pois seu uso indiscriminado pode provocar glaucoma).

 

Inicialmente, ceratocone pode ser confundido com outros distúrbios

 

O ceratocone acomete mais crianças e adolescentes na faixa dos 13 e 14 anos, e o fator genético conta muito para que ele se desenvolva. É uma doença de progressão lenta, mas que pode acarretar perda parcial da visão se não for acompanhada de maneira adequada.

Normalmente, descobre-se a doença em uma consulta oftalmológica de rotina ainda na adolescência. Como a doença altera a curvatura da córnea aos poucos, a deformação não é imediatamente visível. Primeiro, o paciente tende a desenvolver astigmatismo ou miopia. Então, ele começa a ter visão embaçada e dificuldade para enxergar, principalmente à noite.

Caso seja prescrito somente óculos ou lentes de contato para resolver esses problemas, o desconforto irá continuar. Não é raro pacientes reclamarem da sensação de que há névoas, pontos borrados ou distorcidos conforme o ângulo de visão. O diagnóstico de ceratocone precisa de outros exames além dos rotineiros.  “Na consulta de rotina, eu desconfio de que o paciente possa ter ceratocone se ele apresenta, logo de início, um astigmatismo alto, com mais de quatro graus. Dessa maneira, eu peço exames complementares para fechar o diagnóstico, como a topografia da córnea”, explica a especialista.

O ceratocone costuma progredir até os 40 anos, quando passa a estabilizar-se. “Uma pessoa que recebe o diagnóstico de ceratocone aos 25, 30 anos, não me preocupa tanto. Mas um paciente com 10, 15 anos, aí sim precisamos ficar atentos, porque há bastante tempo para a doença progredir”, diz a dra. Marcela.

 

Tratamento do ceratocone

 

Ainda assim, não há motivo para alarme. Desde que o paciente com ceratocone siga a orientação de não coçar os olhos, atualmente é muito difícil chegar a um estágio em que ele irá precisar de transplante de córnea. Quando o ceratocone é leve e inicial, o uso de óculos ou lentes resolve e só é necessário observar como a doença evolui. Ao ser identificada alguma necessidade de intervenção, há tratamentos eficazes que desaceleram a progressão da doença. Um dos mais utilizados é chamado crosslinking.”Basicamente, injetamos um colírio de vitamina B2 que, associado à luz UVA emitida por uma fonte, reforça a ligação entre as fibras de colágeno da córnea”, explica a médica.

Outra técnica disponível para o tratamento do ceratocone é chamada de implante de anel intraestromal. Após aplicar colírio anestésico, é utilizado um laser para abrir uma espécie de túnel na córnea onde é inserido o anel (ou segmentos de um anel, de acordo com a necessidade de cada pessoa). “O anel consegue aplanar e diminuir a ponta da córnea”, explica a oftalmologista. É um procedimento simples, sem necessidade de internação e que dura cerca de 30 a 40 minutos.

Cada tratamento, porém, é individualizado, pois certas condições contraindicam um procedimento ou outro. Vale sempre seguir a orientação de um oftalmologista.

Compartilhe
Sair da versão mobile