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Pediatria

Crianças menores de 5 anos estão mais sujeitas a internações por covid-19

bebê internado, com máscara de oxigênio. covid-19 em crianças pequenas é mais grave
Publicado em 10/10/2023
Revisado em 11/10/2023

O grupo passou a responder por 8,5% do total de internações por covid-19 no Brasil. O aumento foi de 50% em relação ao semestre anterior. Veja os efeitos da covid-19 em crianças pequenas.

 

O perfil da covid-19 no Brasil mudou. Hoje, a maioria da população adquiriu certo grau de imunidade à doença, seja pelo avanço da vacinação, seja pelas infecções que os indivíduos tiveram ou à soma das duas coisas. No entanto, existe um grupo que ainda não conta com essa proteção: o dos bebês.

Os bebês e as crianças pequenas já nasceram em uma situação epidemiológica diferente daquela observada durante a pandemia e muitos deles ainda não tomaram a vacina. Isso faz com que, hoje, estejam mais suscetíveis às complicações da covid-19.

 

Maior risco de hospitalização por covid-19 em crianças pequenas

Enquanto as taxas de hospitalização e mortalidade caíram em todas as faixas etárias, a queda tem sido mais lenta entre crianças menores de 5 anos. De acordo com dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, entre julho e setembro de 2022, o grupo passou a responder por 8,5% do total de internações por covid-19 no Brasil. O aumento foi de 50% em relação ao semestre anterior.

“As maiores taxas de hospitalização continuam sendo em idosos, mas agora naqueles acima de 80 anos. O segundo grupo são os bebês, principalmente no primeiro ano de vida, algo que não acontecia no passado. Entre os pequenos, as taxas ultrapassam até aquelas encontradas em pessoas na faixa dos 50 ou 60 anos”, explica o dr. Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Em relação à mortalidade, entre 2021 e 2022, a média da queda de óbitos observada entre bebês foi menor do que na população geral.

A covid longa também ocorre na faixa pediátrica, provocando prejuízos cardiovasculares, respiratórios, cognitivos, entre outros sintomas que impactam a qualidade de vida das crianças.

“A gente tem atendido muito a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica. É uma síndrome rara, mas que foi fartamente documentada durante a pandemia. São potencialmente graves, com sequelas e também com mortes. Diminuíram bastante, mas ainda ocorrem”, lembra o dr. Sáfadi.

A síndrome inflamatória multissistêmica é uma resposta tardia e exacerbada que acontece dias ou semanas depois da infecção por covid-19. Os sintomas incluem febre persistente, problemas gastrointestinais e conjuntivite bilateral não purulenta. 

 

Vacinação contra a covid-19 ainda é baixa entre os bebês

A faixa etária dos bebês é a única que ainda não teve acesso integral às vacinas. Hoje, a vacinação é disponível para toda a população acima de seis meses de idade. Ainda não há dados que permitam o uso da vacina em bebês menores de seis meses.

No entanto, mesmo entre as crianças que podem se vacinar, os índices de adesão à imunização são baixos. No fim de 2022, só 37,18% dos pequenos de 3 a 11 anos estavam totalmente imunizados, ou seja, com as duas doses. A título de comparação, a taxa era de 80,18% no grupo com 12 anos ou mais, também de acordo com dados do Ministério da Saúde tabulados pelo Estadão.

“Ao contrário do que se propaga, à luz das evidências atuais, as vacinas têm um perfil seguro na população pediátrica e não temos observado eventos adversos graves”, ressalta o dr. Sáfadi.

De acordo com o especialista, existe uma percepção de que a covid-19 em crianças é mais leve, e em geral realmente é, mas isso não significa que elas não precisam de proteção.

“Outras doenças também são assim. Catapora e hepatite A, por exemplo, são mais leves em crianças. Nem por isso você deixa de vacinar, né? Uma coisa é priorizar a imunização, ou seja, lá no começo as crianças não eram o grupo prioritário para receber a vacina. Mas essa não é a realidade agora. Existem vacinas para todos”, destaca o presidente da SBP.

Veja também: Crianças e adolescentes: por que vaciná-los contra a covid-19?

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