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Pediatria

Como cuidar da dentição do bebê 

Publicado em 30/09/2018
Revisado em 11/08/2020

A saúde bucal dos bebês requer cuidados especiais a que os pais e cuidadores devem estar atentos. Saiba como cuidar da dentição do bebê.

 

O recém-nascido requer  ações que terão impacto por toda a vida dali em diante, como vacinar, amamentar e fazer exames básicos que detectam doenças e má-formações. Incluem-se aí os cuidados com a saúde bucal para preservar os dentes de leite.

Por volta de 6 a 10 meses de vida, surgem os primeiros dentes centrais, que despontam na parte inferior ou superior da boca como um pontinho branco na gengiva. A partir daí, os pais se tornam responsáveis por cuidar da dentição do bebê até que ela mesma tenha firmeza nas mãos para escová-los. “Após a erupção dos dentes decíduos (de leite), a higiene bucal deve ser iniciada utilizando escova de dentes macia e creme dental fluoretado pelo menos duas vezes ao dia. Nessa fase, o ideal é que os responsáveis já tenham sido orientados pelo odontopediatra para realizar a higiene bucal adequadamente”, orienta o dr. Alexandre Frascino, coordenador da Equipe de Odontologia Hospitalar do Sabará Hospital Infantil. Em muitos casos, essas orientações são realizadas durante o período gestacional, junto a um especialista em odontologia materno-infantil.  

A boca mal higienizada abre espaço para  bactérias do grupo Streptococcus mutans e o bebê pode desenvolver a chamada “cárie de mamadeira”, problema dentário infantil muito comum. A cárie ocorre por conta do acúmulo de líquidos que contêm açúcar, como leite e sucos de frutas. Assim como a cárie em adultos, ela provoca dor. No caso dos bebês, o sintoma pode ter consequências mais graves, já que prejudica as refeições, o que torna o crescimento da criança mais lento, além de provocar distúrbios no sono e baixo peso. Em situações extremas, a cárie pode destruir completamente a coroa dentária. O bebê também pode manifestar outras doenças bucais, como candidíase (sapinho) e gengivite, que podem levar à perda precoce de dentes se não forem tratadas adequadamente.

Saúde bucal não pode ser vista ou analisada isoladamente, ela é parte da saúde da criança. Nesse sentido, todos os profissionais de saúde têm responsabilidade.

Ainda que pequenos e delicados, os dentes de leite ajudam na mastigação, na pronúncia das palavras e no desenvolvimento adequado dos ossos e músculos da face. Além disso, guardam espaço para os dentes molares permanentes nascerem em posição adequada, por volta dos seis anos de idade. Todos os 20 dentes de leite costumam crescer até os três anos de idade, mas não se preocupe caso algum deles nasça fora do período estimado, pois o intervalo pode variar em cada criança.

 

Odontopediatra e saúde infantil

 

As precauções com a saúde bucal devem começar ainda na maternidade. A equipe hospitalar deve examinar a boca do recém-nascido e, assim que possível, encaminhá-la para um odontopediatra. O especialista verifica a presença de cistos na gengiva (nódulos brancos que parecem dentes, mas são inofensivos) e dentes supranumerários, casos raros em que o bebê já nasce com dentes. Esses devem ser avaliados quanto à sua implantação, já que habitualmente são frouxos e com raízes fracas. Nessas condições devem ser extraídos, devido ao risco de aspiração.

 

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“Saúde bucal não pode ser vista ou analisada isoladamente, ela é parte da saúde da criança. Nesse sentido, todos os profissionais de saúde têm responsabilidade. É importante que pais e responsáveis sejam alertados para que seus filhos passem por uma avaliação com o odontopediatra entre seis e doze meses de idade não só para que recebam orientações sobre higiene oral, mas também para que possam elucidar suas dúvidas sobre o desenvolvimento da dentição decídua”, afirma a dra. Sylvia Lavínia M. Ferreira, presidente do Grupo de Saúde Oral da Sociedade de Pediatria de São Paulo  

O odontopediatra é um profissional habilitado não só para avaliar problemas de dentição, como alterações na arcada dentária do bebê, mas também para orientar quanto ao uso de mamadeira, hábitos dietéticos e higienização bucal antes do surgimento do primeiro dente de leite.

 

Como fazer a higiene bucal e a limpeza da dentição do bebê

 

Ao cuidar do bebê, os pais devem conhecer alguns cuidados bucais especiais que diferem dos que adotamos quando passamos a escovar os próprios dentes. “No bebê com aleitamento materno exclusivo e sem a presença de dentes não é necessário fazer a limpeza, porque o leite materno protege toda a cavidade oral. Entretanto, naqueles que recebem complemento alimentar já é necessário realizar a higiene por meio de limpeza delicada da boca com pano limpo ou gaze”, explica Alexandre Frascino. Confira outras dicas para facilitar a limpeza da dentição do bebê:

  • Enrole o dedo indicador em um pano limpo ou gaze de algodão umidificada com água filtrada. Se preferir, existem dedeiras de silicone apropriadas para a limpeza das gengivas. Esfregue as gengivas do bebê de maneira suave. A limpeza favorece o estabelecimento de uma microbiota saudável e faz com que o processo de irrupção dos dentes decíduos se dê em um meio limpo, sem resíduos alimentares e placas bacteriana;
  • Por volta dos 14 meses de idade, quando os dentes de leite já estiverem nascido, os pais já devem estar preparados para o uso de escova dental, com cerdas macias e tamanho adequado à boca do bebê;
  • Não é preciso realizar a higiene bucal com escova de dente e creme dental após cada uma das refeições do bebê. O ideal é que se faça a escovação pelo menos duas vezes por dia em horários que permitam que a criança não durma por longos períodos sem realizar a higiene bucal;
  • Para escovar os dentes do bebê, introduza a escova na boca e faça movimentos circulares ou o uso de movimentos retilíneos, paralelos à gengiva (em vai-e-vem), pelo lado interno e externo do dente sem aplicar força e lentamente. Escolha uma escova apropriada para a idade da criança (cerdas macias e cabeça pequena). Durante a escovação, tente evitar que a criança morda a escova;
  • Com relação ao creme dental, os dentes  de leite podem receber os benefícios do contato com o flúor a partir da sua irrupção, mas cabe ao odontopediatra recomendar e definir a melhor maneira de utilizá-lo (momento para iniciar, tipo, frequência etc.). Para bebês menores de três anos, a quantidade de creme dental deve ser mínima, equivalente a um grão de arroz cru.

 

Cuidados alimentares para bebês

 

Parte dos problemas bucais mais comuns entre os bebês está relacionada à alimentação. Somado à falta de higiene oral, permitir hábitos como o consumo de guloseimas (frituras, enlatados, balas) pode causar doenças bucais.

– A Associação Brasileira de Odontopediatria (ABO) recomenda evitar a utilização de açúcar nos dois primeiros anos de vida. Não dê líquidos adoçados, como achocolatados, refrigerantes ou chás, e limite a ingestão de sucos não adoçados a no máximo 150 ml por dia.

– Antes dos seis meses não deve haver complementos ao leite materno. O aleitamento materno exclusivo durante esse período, sem água, chás ou outros líquidos é importante para o  fortalecimento da arcada dentária e para a imunidade do bebê.

 

Outros cuidados com a dentição do bebê – Traumatismos e uso de chupeta

 

A saúde bucal de bebês também está sujeita a traumatismos. O bebê pode sofrer, por exemplo, quedas ou pequenos acidentes que comprometam os dentes. Caso aconteça de um dente quebrar ou haver algum traumatismo na boca, como cortes, o bebê deve ser levado ao dentista o mais rápido possível, pois ocorrências nessa fase podem afetar o desenvolvimento da boca dali em diante. Se não tratados, traumatismos dentários na infância podem provocar sequelas permanentes.   

Pais e responsáveis devem ficar atentos também ao uso frequente de mamadeira e chupeta. Converse com o odontopediatra sobre os hábitos do bebê, pois a sucção muito forte pode deformar a mordida. “Os hábitos de sucção não nutritiva (chupeta, sucção de dedos ou de mamadeira) por tempo prolongado podem comprometer a saúde bucal na primeira infância, fazendo a criança se tornar uma respiradora oral, com repercussão inclusive na saúde geral da criança (gengivite crônica, halitose, alterações nos ossos da face). Algumas das alterações de oclusão (mordida) podem ser corrigidos ainda na dentição de leite”, explica a dra. Lavínia.

Outro problema que pode acometer a saúde bucal da criança são as má-oclusões (dentes desalinhados), que em determinados casos prejudicam a mastigação e comprometem a alimentação. Nos casos em que a correção da posição dentária é extremamente necessária, diversos tratamentos podem ser empregadas para direcionar o crescimento correto. Conforme avaliação médica e exames de imagens, há casos específicos em que até o uso de aparelhos ortodônticos poderá ser indicado, mesmo em idades muito precoces.

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