Quem nunca parou no meio da tarde para tirar uma soneca? Conheça os benefícios desse descanso e também os cuidados que se deve ter para não atrapalhar o sono da noite.
Às vezes bate uma vontade irresistível de parar tudo o que se está fazendo para tirar uma soneca. E essa talvez seja uma ótima decisão. A soneca não é sinônimo de preguiça — ela pode ser um excelente aliado para o funcionamento do cérebro.
Quais são os benefícios?
A dra. Maíra Rocha, otorrinolaringologista e médica do sono, explica que cada decisão, tarefa ou atividade que praticamos ao longo do dia envolve várias reações químicas dentro do nosso cérebro. E cada reação produz uma série de substâncias. Conforme o dia passa, essas substâncias se acumulam, gerando a sensação de cansaço e sonolência.
“É como se elas fossem poeirinhas que vão se acumulando. A soneca durante o dia promove uma mini limpeza, uma faxina no cérebro. Ela vai aspirar a poeira que se acumulou até aquele momento”, ilustra a médica.
Ou seja, a soneca permite que possamos encarar as demais tarefas com mais disposição, energia, atenção, criatividade e memória.
É exatamente isso que mostra uma revisão sistemática produzida em 2021 por pesquisadores franceses. A partir de 11 estudos, eles avaliaram o efeito dos cochilos diurnos no desempenho cognitivo, isto é, no estado de alerta, na capacidade de realizar tarefas complexas e na memória de 381 trabalhadores. A conclusão foi que dormir ao longo do dia aumentou a eficiência e o bem-estar dos funcionários em todos os sexos e idades.
Quando é a melhor hora do dia para tirar uma soneca?
Os resultados mais benéficos encontrados pela revisão foram entre aqueles que cochilaram um pouco antes das 13 horas.
“Existe um aumento fisiológico da sonolência e uma redução do alerta nesse período do meio-dia, mais ou menos depois do almoço. Com a soneca, a gente consegue driblar esse comportamento do nosso cérebro”, conta a dra. Maíra.
Tanto é que alguns países como China, Japão e Espanha e até algumas empresas de big techs, como Google, Amazon e Samsung, instituem a soneca pós-almoço justamente para aumentar a produtividade.
Por outro lado, a especialista recomenda que o cochilo não seja feito no fim da tarde, já que poderia atrapalhar a qualidade do sono noturno. Isso porque as “poeirinhas” que se acumulam no cérebro são importantes para iniciar o sono.
“Sabe aquela sensação tentadora de dormir? Quando a gente bate na cama e dorme de uma vez? É porque estamos com altos níveis dessas substâncias. Então, se a gente cochila perto do período principal do sono, a gente limpa o cérebro antes da hora. E aí falta sono na hora de dormir. Ou então, começa a dormir, mas acorda de madrugada”, explica a médica.
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Qual é a duração ideal de uma soneca?
Outro cuidado que se deve ter é com o tempo do cochilo. O ideal é que ele dure de 20 a 30 minutos. Passando disso, a pessoa pode sentir a inércia do sono, que dá aquela sensação de quando acordamos perdidos, sem saber exatamente onde estamos.
“A inércia do sono é a redução da habilidade de pensar e performar após o despertar, porque a gente ainda está com sono. Isso acontece quando fazemos ciclos de sono de ondas lentas, que seria o estágio 3 do sono. Se restringirmos a duração da soneca para 20 minutos a meia hora, só fazemos ciclos de sono superficiais, que seriam o estágio 1 e 2. Aí a gente tem os benefícios da soneca, mas sem a letargia”, afirma a dra. Maíra.
A duração da soneca, no entanto, varia conforme a idade. As crianças tendem a tirar cochilos mais longos e em maior quantidade. Já para os idosos, a soneca talvez não seja tão benéfica, porque diminuiria o tempo total de sono, que já é reduzido nessa faixa etária. O melhor para eles é não tirar cochilos durante o dia a fim de chegar com uma pressão de sono maior à noite e ter um descanso consolidado.
E se eu quiser tirar mais de uma soneca por dia?
No caso de um adulto saudável, uma soneca já é o suficiente para renovar as energias. Se a pessoa ainda sentir a necessidade de dormir, é porque ela está dormindo pouco durante a noite ou tem algum distúrbio do sono, como apneia ou síndrome das pernas inquietas.
Segundo a especialista, alguns sinais de que a pessoa pode estar com problemas ao dormir são sentir sono nos primeiros períodos da manhã, quando o nosso nível de alerta deveria estar no máximo, ou muito antes do horário em que costuma dormir
A dica, então, é tentar colocar em prática hábitos de higiene do sono ou buscar a ajuda de um profissional especializado.
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