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Oncologia

Tratamento para câncer de mama pode prejudicar a função cardíaca

Publicado em 19/09/2024
Revisado em 19/09/2024

Algumas drogas utilizadas para o tratamento do câncer de mama têm efeito cardiotóxico no músculo cardíaco, podendo levar a quadros de insuficiência que comprometem o funcionamento do coração.

 

O câncer de mama é um dos tumores mais frequentes na população feminina a partir dos 50 anos. O tratamento vai depender de uma série de fatores, como localização, estágio da doença e subtipo do tumor. Também pode envolver uma série de procedimentos, como cirurgia, quimioterapia, radioterapia, bloqueio hormonal, além da terapia-alvo.

Entretanto, muitos desses tratamentos têm interferência direta na saúde do coração, e muitas mulheres acabam morrendo anos depois, não vítimas do câncer, mas sim de problemas cardiovasculares adquiridos durante ou após o tratamento. 

Um artigo de revisão mostrou que cerca de 15% dos óbitos em pacientes com câncer de mama ocorreram por causas cardiovasculares oito anos após o tratamento oncológico. A mortalidade por causas cardiovasculares é maior nas pacientes que recebem o diagnóstico nos estágios mais avançados da doença e naquelas com mais de 75 anos de idade.

Veja também: Efeitos tardios da quimioterapia – O que esperar?

 

Quimioterapia

Algumas drogas usadas na quimioterapia têm efeito cardiotóxico no músculo cardíaco, como é o caso da doxorrubicina (conhecida pelos pacientes como “quimioterapia vermelha”), um fármaco que existe desde o início dos anos 1970 e pode reduzir a capacidade do coração de bombear sangue, levando a um quadro de insuficiência cardíaca grave se não for acompanhado de perto.

Mas isso não quer dizer que todos os pacientes tratados com a droga terão esse problema. Segundo informações do MD Anderson Cancer Center, nos Estados Unidos, apenas 2% dos pacientes com câncer de mama apresentaram efeitos colaterais relacionados ao coração após receberem essa droga. 

“Além disso, esse quimioterápico têm sido cada vez menos usado, com preferência crescente para outros tipos de quimioterapia mais seguras para o coração” explica Max Mano, oncologista clínico e líder nacional da especialidade tumores de mama da Oncoclínicas & Co.

Outro medicamento que pode afetar o coração negativamente é o trastuzumabe, que é um tipo de terapia-alvo. Seus efeitos foram classificados como “reversíveis”, ou seja, após a interrupção do tratamento, os efeitos colaterais desaparecem e o coração normalmente retorna ao normal em cerca de quatro semanas.

 

Radioterapia

Muitas mulheres também necessitam de doses elevadas de radiação que abrangem desde a região das mamas até o tórax. Por estar próximo do músculo cardíaco, a paciente pode desenvolver doença arterial coronariana. Por isso, é muito importante que pacientes tratados com radiação no tórax sejam observados de perto.

“Porém, esse problema é praticamente restrito a aparelhos antigos de radioterapia – a tecnologia moderna evita de forma muito eficiente a irradiação do coração, praticamente anulando esse risco. Mas é sempre importante que os pacientes sejam avaliados de perto”, esclarece o dr. Max. 

 

Bloqueio hormonal

Alguns tratamentos de bloqueio hormonal (como aqueles que induzem menopausa em mulheres não menopausadas) utilizados num tipo específico de câncer de mama chamado “hormonal” foram em algumas pesquisas associados a pequenos aumentos no risco de problemas cardiovasculares; porém, esses dados não são 100% consistentes. 

 

Como diminuir o risco cardíaco durante o tratamento de câncer de mama?

De forma geral, quando medicamentos potencialmente cardiotóxicos são utilizados, é necessária certa vigilância cardiológica para que seja possível detectar precocemente algum problema e eventualmente tratar.

Caso constatada alguma alteração, o medicamento deve ser imediatamente suspenso (podendo ser substituído por outro) e o paciente precisa ser observado de perto por um cardiologista.  

“É importante deixar claro para o paciente que quanto melhor a saúde cardiovascular, ou seja, sem doenças crônicas pré-existentes, como diabetes, obesidade e problemas cardíacos, menor o risco de ter complicações no futuro. Mas antes de iniciar o protocolo quimioterápico, costumamos pedir um ecocardiograma, para avaliar como está a função do músculo cardíaco. Após a quimioterapia, esse monitoramento também deve ser realizado de maneira periódica”, avalia Fabiana Makdissi, mastologista do Hospital AC Camargo Cancer Center. 

Vale lembrar que é importante tentar manter uma rotina de exercícios físicos moderados (caminhada, pilates, alongamentos), pois isso ajuda de forma efetiva a manter o coração ativo, além de trazer uma série de outros benefícios como bem-estar e relaxamento.

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