É comum que a menopausa provoque calor e vermelhidão no rosto, mas esses sintomas também estão relacionados ao tumor neuroendócrino do intestino. Veja como diferenciar.
Ondas de calor, rubor facial, cólicas… Esses sintomas costumam ser associados à menopausa, mas também podem ser sinal da presença de um tumor neuroendócrino (TNE). Raro, esse tipo de câncer atinge cerca de 8 a cada 100 mil pessoas no mundo, mas chegam a representar 30% dos tumores malignos em algumas partes do corpo, como o intestino.
O que são os tumores neuroendócrinos?
Os TNEs se originam na deficiência de células neuroendócrinas — “neuro” porque recebem estímulos do sistema nervoso e “endócrinas” porque são capazes de produzir hormônios. Como elas estão em todo o corpo, o tumor também pode atingir qualquer região e apresentar características diferentes em cada uma delas.
Durante o evento de conscientização de TNEs realizado pela Ipsen em novembro, a dra. Rachel Riechelmann, líder do Centro de Referência de Tumores Neuroendócrinos no A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo, afirmou que esse tipo de tumor é o segundo mais frequente no intestino, atrás apenas do adenocarcinoma.
De progressão lenta, ele tende a afetar pessoas na faixa dos 50 anos. Entre as mulheres, pode ser confundido com a menopausa.
Tumores neuroendócrinos X menopausa
Aproximadamente cerca de 90% a 95% da serotonina do corpo é produzida no trato gastrointestinal. A serotonina é um neurotransmissor responsável, entre outras funções, por regular a temperatura corporal e os movimentos intestinais. Quando há a presença do tumor neuroendócrino, a produção desse neurotransmissor aumenta muito acima do normal, levando ao surgimento de rubores faciais e a um quadro de diarreia crônica.
“Os sintomas incluem calor e vermelhidão no rosto, às vezes, no pescoço ou no começo do colo. A pessoa sente calor, podendo estar associado à palpitação e mal-estar, mas ela não fica necessariamente suando. Fica mais vermelha do que suada. Muitas vezes, é uma reação desencadeada por álcool, café, chocolate ou quadros de ansiedade”, detalha a dra. Rachel.
Dessa forma, existe o risco de a paciente ser tratada como se estivesse entrando na menopausa quando, na verdade, os seus níveis de serotonina estão aumentados devido ao TNE. A confusão atrasa o diagnóstico do câncer que, normalmente, leva pelo menos cinco anos para ocorrer.
“Pacientes que tenham rubor facial e diarreia crônica precisam fazer uma colonoscopia, um ultrassom de abdômen para ver o fígado e, na dúvida, investigar a origem desse calor no rosto através de um exame chamado 5-HIAA, que coleta a urina durante 24 horas e mede a quantidade de serotonina”, orienta a oncologista.
Como é o tratamento dos TNEs?
Após o diagnóstico, o tratamento vai depender da localização do tumor e da gravidade da doença. Mesmo em estágios mais avançados, a sobrevida é prolongada e existe chance de cura. As opções terapêuticas são variadas e incluem hormonioterapia, terapia-alvo, radiofármacos, terapia direcionada para o fígado, cirurgia do tumor primário ou das metástases, transplante hepático, quimioterapia e imunoterapia.
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