Anemia pode virar leucemia? Entenda

Mesmo uma anemia mal curada não tem possibilidade de virar leucemia. Mas de onde vem essa ideia?

Ilustração digital de artérias com hemácias em forma de foice, características da anemia falciforme. Anemia pode virar leucemia?

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Publicado em: 17 de agosto de 2023

Revisado em: 30 de novembro de 2023

Mesmo uma anemia mal curada não tem possibilidade de virar leucemia. Mas de onde vem essa ideia?

Você já ouviu falar que uma anemia mal curada pode evoluir para leucemia? Esse mito não obedece à lógica científica, pois anemia e leucemia são doenças diferentes, que não exercem influência uma sobre a outra.

A anemia é caracterizada quando a hemoglobina, proteína presente nas hemácias responsável pelo transporte do oxigênio dos pulmões para os tecidos do organismo, atinge uma taxa menor que 12 g/dl na mulher e 13g/dl no homem.

Há vários tipos de anemia, e suas causas variam, como sangramentos agudos ou crônicos e fatores genéticos, mas a principal é a falta de ferro e vitaminas.

Como o corpo não recebe todo o oxigênio necessário, o paciente sente fraqueza e cansaço e apresenta palidez.

Já a leucemia é um câncer do sangue desencadeado por mutações nos genes das células-tronco da medula óssea. Em crianças, é o tipo mais frequente de câncer, com mais de 12 mil novos casos ao ano.

A principal característica da doença é o acúmulo de células malignas na medula óssea, que substituem as células sanguíneas saudáveis.

Na opinião da dra. Mariana Oliveira, onco-hematologista da Oncoclínicas São Paulo, a confusão entre anemia e leucemia talvez tenha surgido porque as duas doenças afetam as células sanguíneas.

“Essa ideia de que uma anemia mal curada pode virar leucemia vem do fato de que na leucemia muitos pacientes apresentam anemia ao diagnóstico. Mas, nesses pacientes, a causa da anemia é outra – infiltração da medula por tumor ou por mielodisplasia (falência da medula óssea), que afeta as células-tronco e pode se transformar em leucemia.”

Veja também: Leucemia: por que esse câncer é mais comum em crianças?

 

As doenças têm alguma relação?

O que acontece é que, normalmente, a anemia costuma ser um dos primeiros sintomas do paciente com leucemia, gerando, assim, uma ideia equivocada da evolução da doença.

“Mas a anemia, nesses casos [de leucemia], se deve à diminuição da produção dos glóbulos vermelhos devido à ação de células cancerígenas na medula óssea [que produz as células do sangue]”, complementa a onco-hematologista.

Por isso, além da anemia, na leucemia surgem outros sintomas como febre, infecções e gânglios aumentados que precisam ser investigados. Eles ocorrem porque a proliferação de células-tronco anormais na medula óssea faz com que todas as outras células saudáveis deixem de ser fabricadas em número adequado.

 

Quimioterapia e anemia

Além disso, muitos pacientes se sentem culpados por desenvolverem quadros de anemia durante o tratamento oncológico, por acharem que não estão se alimentando adequadamente, devido à falta de apetite que a quimioterapia e a radioterapia podem causar.

Entretanto, na maioria das vezes, a anemia não surge apenas por causa da má alimentação, já que tanto a quimioterapia quanto a radioterapia são tratamentos extremamente tóxicos para o organismo, principalmente para a medula, prejudicando a produção de células sanguíneas.

Como consequência, muitos pacientes em tratamento para o câncer desenvolvem anemia e, dependendo da severidade da doença, precisam interromper o tratamento. Por isso, é importante que o paciente seja bem assistido por toda a equipe multidisciplinar, que envolve médicos, nutricionistas, psicólogos e outros especialistas.

Alguns tumores, como o câncer de intestino, também causam sangramentos, principalmente quando a doença está ativa, o que reduz a quantidade de glóbulos vermelhos a ponto de o organismo não ser capaz de suprir esse déficit. Quando ocorrem de forma constante ou intensa, os sangramentos podem levar a um quadro de anemia.

Nesses casos, pode haver necessidade de transfusão de sangue, reposição de ferro ou eritropoetina, um hormônio que estimula a medula óssea a elevar a produção de células vermelhas.

Veja também: Quimioterapia: medos e dúvidas | Entrevista

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