“Olho de gato”: Entenda o que é a síndrome coloboma

O coloboma pode afetar várias partes do olho, incluindo a íris, a retina, o nervo óptico e as pálpebras. Saiba o que pode causar o problema.


Equipe do Portal Drauzio Varella postou em Oftalmologia

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Publicado em: 16 de abril de 2024

Revisado em: 16 de abril de 2024

O coloboma pode afetar várias partes do olho, incluindo a íris, a retina, o nervo óptico e as pálpebras. Saiba o que pode causar o problema.

 

Anomalias ligadas ao desenvolvimento dos olhos podem ocorrer em várias etapas da formação ocular. O coloboma ocular é uma das malformações oculares relacionadas a um problema que ocorre antes do nascimento. 

De acordo com Gustavo Bonfadini, especialista em cirurgia de catarata pela Johns Hopkins University e doutor em oftalmologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o termo ‘coloboma’ vem do grego ‘koloboma’, que significa ‘defeito’. “O coloboma pode afetar várias partes do olho, incluindo a íris, a retina, o nervo óptico e as pálpebras. A aparência pode variar de uma pequena lacuna na íris, dando-lhe uma forma chaveada ou ‘olho de gato’, a defeitos mais significativos que afetam a visão de forma mais grave”, explica.

 

Causas e sintomas comuns

A síndrome de coloboma é causada por um desenvolvimento anormal do olho durante a gestação. O oftalmologista ilustra que isso ocorre quando a fissura embrionária, uma abertura na parte inferior do olho em desenvolvimento, não se fecha completamente antes do nascimento. “Pode ser uma condição isolada ou parte de síndromes genéticas, sugerindo que fatores genéticos podem desempenhar um papel. Algumas vezes, não é possível identificar a causa exata”.

Os sintomas variam amplamente dependendo da parte do olho afetada e da gravidade do

coloboma. Alguns indivíduos podem ter visão normal ou muito próxima disso, enquanto outros podem experimentar uma gama de problemas visuais, incluindo: 

  • Visão reduzida; 
  • Lacunas no campo de visão;
  • Sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Cegueira (em casos graves).

O médico esclarece que, embora o coloboma seja uma condição primariamente ocular, é possível desenvolver problemas de audição: “Isto é especialmente verdadeiro para síndromes que envolvem múltiplos sistemas do corpo, onde o desenvolvimento anormal pode afetar tanto os olhos quanto os ouvidos. Nestes casos, a avaliação auditiva é uma parte importante do manejo”, sustenta.

 

Qualidade de vida e complicações

As anormalidades oculares e visuais podem afetar significativamente a qualidade de vida do paciente, impactando a capacidade de realizar atividades diárias, a autonomia, a interação social e o desempenho escolar ou profissional. Segundo o dr. Gustavo, a autoestima e a saúde mental também podem ser afetadas, especialmente se houver uma aparência notável do coloboma ou se a visão reduzida não puder ser corrigida completamente com óculos ou cirurgia.

As possíveis complicações incluem perda de visão progressiva, descolamento de retina,

glaucoma e catarata. “Estes são mais comuns em casos onde o coloboma afeta estruturas além da íris, como a retina ou o nervo óptico. A monitorização regular com um médico oftalmologista é essencial para identificar e tratar essas complicações precocemente”, aconselha o especialista.

Os desafios para os pacientes com essa condição podem variar desde o manejo das limitações visuais e suas implicações na educação, até na fase adulta em relação ao emprego e o enfrentamento de questões psicossociais relacionadas à aparência e à interação social. 

Bonfadini afirma que o acesso a cuidados oftalmológicos especializados, apoio educacional e psicológico são cruciais para auxiliar os indivíduos com coloboma ocular a alcançarem seu pleno potencial. “Para cada pessoa com síndrome de coloboma, é vital um plano de cuidados individualizado que aborde tanto as necessidades médicas quanto as sociais, oferecendo um caminho para uma vida plena e produtiva”, indica.

        Veja também: Como saber se algo não vai bem com os olhos do bebê

 

Sobre o autor: Caio Coutinho é jornalista, gosta de política, futebol, música e cultura pop, mas já escreveu pautas de saúde para o G1. Quer explorar vários temas.

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