A osteonecrose maxilar ocorre quando há morte do tecido ósseo na mandíbula ou no maxilar.
Você tem sentido algum incômodo, dor ou mudança na sensibilidade na região da mandíbula? Percebeu algo estranho na gengiva, como se ela estivesse aberta e com algum material exposto? Talvez, você esteja com osteonecrose maxilar, um tipo de lesão que ocorre na boca, possui tratamento e pode até ser evitado.
A osteonecrose maxilar ocorre quando há morte do tecido ósseo na mandíbula ou no maxilar. O Dr. Fernando Melhem Elias, cirurgião bucomaxilofacial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, cita os principais sintomas:
- Dor localizada ou irradiada nos maxilares;
- Inflamação na gengiva;
- Ulcerações na mucosa oral;
- Formação de abscessos;
- Saída de pus pela mucosa oral ou pele;
- Alterações neurossensoriais e dormência localizada;
- Exposição óssea e até expulsão de fragmentos;
- Em casos mais evoluídos, pode haver enfraquecimento e fratura da mandíbula a esforços mínimos, durante a mastigação ou bocejo.
O diagnóstico da osteonecrose maxilar é feito por meio de análise de histórico clínico, exame físico, de imagem e, em alguns casos, de biópsia. “A suspeita costuma ser levantada diante do relato do paciente e da observação dos sinais e sintomas. Particularmente, a presença de osso exposto é fortemente sugestiva da doença, sobretudo se persistir por mais de oito semanas”, explica o Dr. Fernando.
O que causa a osteonecrose maxilar?
O Dr. Diego Rocha Moreira, especialista em cirurgia bucomaxilofacial e coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Albert Sabin, em São Paulo, fala que as causas da osteonecrose maxilar podem estar ou não relacionadas ao uso de medicamentos.
Quando não tem relação com remédios, o principal tipo de causa é a radioterapia. “Em pacientes que tiveram câncer na região da cabeça e pescoço e fizeram radioterapia, o osso fica muito pobre em vascularização sanguínea e pode fazer essas necroses dos ossos”, explica Dr. Moreira.
A osteonecrose maxilar também pode ocorrer como efeito colateral de alguns tipos de medicamentos usados no tratamento da osteoporose, como alendronato e risedronato, e de câncer, como denosumab e sorafenibe. Esses remédios também tendem a diminuir a irrigação sanguínea e a renovação celular do osso, o que acaba gerando a necrose, ou seja, a osteonecrose.
Existe tratamento para a osteonecrose maxilar?
O Dr. Moreira diz que existe, sim, tratamento para esse tipo de lesão na região do maxilar. No caso da osteonecrose maxilar causada pelo uso de remédios, é importante que eles sejam, se possível, suspensos ou substituídos.
“Se for possível, a gente tem que fazer a suspensão imediata do remédio. E fazer uma higiene oral bem rigorosa para diminuir a infecção, a contaminação das bactérias nesse osso. Muitas vezes, a gente também usa antibióticos e, eventualmente, alguma cirurgia pode ser realizada para retirar o osso que está desvitalizado”, detalha.
O Dr. Moreira alerta que quanto mais prolongado o tempo de uso do remédio, pior vai ficando a saúde do osso. “Quanto mais tempo eu uso, pior vai ficando o osso, pior vai ficando a qualidade do osso. Então, muitas vezes, a gravidade dos casos está relacionada com o tempo de utilização desses medicamentos. Pacientes que têm utilizado os medicamentos por muitos anos, provavelmente será um paciente muito difícil de tratar”, lamenta.
Formas de prevenção
O Dr. Fernando Melhem Elias fala que a prevenção da osteonecrose dos maxilares envolve várias estratégias, especialmente para pacientes que vão iniciar o uso de medicamentos de risco ou serão submetidos à radioterapia.
“Nesses casos, a avaliação odontológica é fundamental para tratamento de condições bucais predisponentes à osteonecrose, como cáries, doenças periodontais, doenças endodônticas ou dentes com indicação de extração”, recomenda. Segundo ele, também é essencial manter uma rotina diária de cuidados da higiene bucal, além de acompanhamento constante de cirurgião-dentista.
“Quando bem aplicadas, as medidas preventivas podem ajudar a reduzir significativamente o risco de desenvolver osteonecrose dos maxilares em pacientes vulneráveis. A colaboração entre profissionais de saúde, incluindo médicos e cirurgiões-dentistas, é essencial para implementar abordagens preventivas e terapêuticas eficazes”, conclui.
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