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Estilo de vida e câncer | Artigo

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Publicado em 13/06/2016
Revisado em 11/08/2020

O estilo de vida mais saudável ajuda a evitar grande parte dos tumores malignos, conforme dados obtidos em pesquisas.

 

Câncer é a segunda causa de morte no Brasil.

Estudos clássicos mostraram que alguns fatores ligados ao estilo de vida aumentariam o risco de desenvolver a doença. Os principais seriam fumo, abuso de álcool, obesidade e vida sedentária.

Um trabalho publicado na revista Science em 2015, no entanto, encontrou correlações significativas entre o número de divisões sucessivas das células-tronco (pluripotentes, que dão origem às demais) de determinado tecido e a probabilidade de câncer nesse tecido.

Os autores concluíram que apenas um terço das variações de risco de câncer entre os tecidos do corpo humano seria atribuível a fatores ambientais ou predisposições hereditárias. Dois terços dos casos teriam origem nas mutações ao acaso, durante as divisões das células-tronco, hipótese que ficou conhecida como “má sorte”.

 

Veja também: Tratamento do câncer no século XXI

 

Essa hipótese foi amplamente noticiada na imprensa mundial, criando confusão entre o público. Embora os epidemiologistas argumentassem que fatores externos podem promover defeitos no DNA compatíveis com a transformação de uma célula normal em maligna, não foram apresentados estudos novos que contradissessem a falta de sorte.

Finalmente, acaba de ser publicado na revista “JAMA” um levantamento para esclarecer essa questão. M. Song e E. Giovanucci, da Universidade Harvard, realizaram um inquérito epidemiológico que envolveu números robustos: 89.571 mulheres e 46.339 homens.

As mulheres selecionadas fazem parte do Nurses’ Health Study, coorte formada por mais de 120 mil enfermeiras acompanhadas desde os anos 1970. Os homens vieram do Health Professional Follow-up Study, coorte com mais de 50 mil profissionais da área de saúde, seguidos desde os anos 1980.

A cada dois anos, mulheres e homens responderam questionários sobre o estilo de vida, dieta e os problemas de saúde ocorridos no período.

Os participantes foram divididos em dois grupos: “baixo risco” e “alto risco”.

Para pertencer ao primeiro grupo houve exigência de quatro condições: 1) nunca haver fumado ou ter fumado até 10 cigarros/dia, no máximo por 10 anos (ou 20 por dia, no máximo 5 anos); 2) abstinência de álcool ou beber no máximo dois drinques/dia no caso dos homens, e um drinque no das mulheres; 3) índice de massa corpórea (IMC = peso/altura x altura) entre 18,5 e 27,5; 4) atividade aeróbica de pelo menos 150 minutos de exercícios leves por semana (caminhadas, por exemplo) ou pelo menos 75 minutos semanais de exercícios vigorosos (correr, por exemplo).

Bastou deixar de cumprir um desses requisitos para ser enquadrado no grupo de “alto risco”. Caíram no grupo de “baixo risco” cerca de 16 mil mulheres e 11 mil homens.

Os autores avaliaram a incidência e a mortalidade causada pelos carcinomas responsáveis por cerca de 90% das mortes por câncer. Foram excluídos os cânceres de pele, cérebro, leucemias, linfomas e os carcinomas de próstata de baixa agressividade.

Para poupá-lo da pletora de dados estatísticos, leitor, vou resumir as conclusões mais relevantes:

  • Comparadas às mulheres de “alto risco”, nas de “baixo risco” a incidência de câncer foi 25% menor. Nos homens de “baixo risco”, a redução foi de 33%.
  • A mortalidade pelos tipos de câncer mencionados foi menor nas mulheres e homens de “baixo risco”: 48% e 44% respectivamente.
  • Comparados com a população geral dos Estados Unidos, mulheres e homens de “baixo risco” tiveram respectivamente 41% e 63% menos casos de câncer.

Embora erros na replicação do DNA possam contribuir para as variações da incidência de tumores malignos entre os diversos tecidos, eles não justificam as diferenças dos índices em tecidos cujas células-tronco apresentam números similares de divisões.

Não explicam, ainda, o aumento rápido dos casos de câncer em países de renda baixa ou intermediária, observado à medida que a população adota estilos de vida menos saudáveis.

Os dados obtidos pelos pesquisadores de Harvard dão força ao argumento de que grande parte dos tumores malignos são evitáveis e podem ser prevenidos pela adoção de medidas altamente eficazes, como não fumar, não engordar excessivamente, ter uma alimentação rica em vegetais e andar míseros 30 minutos, pelo menos cinco vezes por semana.

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