Quando existe risco de vida à mãe ou ao bebê, o obstetra se faz ainda mais necessário. Saiba qual é a função desse profissional nas gestações mais complicadas.
Obstetrícia vem do latim “obstare”, que significa “estar ao lado”. O nome cai bem: é o médico obstetra que acompanha a gestante, lado a lado, desde o início da gravidez. Durante esse período, ele é o especialista responsável por orientar, cuidar e auxiliar a paciente e o bebê, especialmente quando a gravidez é considerada de alto risco.
O que é uma gravidez de alto risco?
Ao descobrir a gravidez e iniciar o acompanhamento com o obstetra, a paciente poderá ser classificada de acordo com o risco da gestação. Algumas delas se encaixam no grupo de gravidez de alto risco, ou seja, quando a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto têm maiores chances de serem atingidas do que as da média da população geral.
Entre as causas mais comuns no Brasil para esse tipo de complicação, estão:
- Pré-eclâmpsia (pressão alta): é a hipertensão arterial que surge ou piora durante a gravidez, podendo levar à morte da mãe e/ou do bebê. É a principal causa de morte materna no país e atinge cerca de 7% das gestantes.
- Diabetes gestacional: é o aumento da resistência à insulina causada pelas alterações hormonais da gravidez. Entre as consequências, podem estar o crescimento excessivo do feto, hipoglicemia neonatal e aumento do risco de diabetes tipo 2 para a mulher e o bebê.
- Trabalho de parto prematuro: pode ser desencadeado por diversos motivos, como infecções, problemas de saúde não controlados, parto gemelar, miomas, tabagismo e até mesmo a pré-eclâmpsia e o diabetes gestacional.
Se um dos fatores de risco for identificado, em qualquer momento da gravidez ou do trabalho de parto, o obstetra e sua equipe precisam redefinir a estratégia para atuar o mais precocemente possível.
Quando procurar um(a) médico(a) obstetra?
A dra. Natália Castro é uma dessas profissionais. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Marília, ela concluiu a residência pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e permaneceu mais um ano estudando apenas Gestações de Alto Risco. Depois, foi para a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde cursou o Mestrado em Ginecologia Endócrina. Atualmente, acumula 23 anos de atuação na Obstetrícia e mais de 4 mil partos realizados.
“O obstetra é o médico que deve estar ao lado da mulher grávida para conduzir um pré-natal em que ela tenha todas as intervenções de possíveis variáveis para que a gente chegue no objetivo comum: o binômio mãe-bebê saudáveis, saindo da maternidade felizes, independente da via de parto”, define a obstetra.
Portanto, é fundamental que toda mulher que estiver planejando engravidar ou que já esteja com suspeita de gravidez procure esse especialista. Ao longo da gestação, a paciente terá consultas de rotina para avaliar a saúde dela e do bebê, tirar dúvidas sobre as mudanças que acontecem no corpo e receber recomendações sobre bons hábitos de vida.
Além desse acompanhamento preventivo, existem ainda situações que exigem a busca por um médico obstetra o mais rápido possível, pois podem indicar um risco aumentado, como:
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Como funciona o acompanhamento obstétrico nos casos de risco?
“A gestação é uma situação de intenso cuidado. Imagina que eu falasse: você tem um projeto que é construir um ser humano dentro de você. E o seu corpo vai trabalhar 24 horas, muito mais do que o normal, para manter a sua vida e a do ser humano que você está criando. É extremamente exaustivo”, ilustra a dra. Natália.
Portanto, para garantir que tudo corra bem, principalmente quando o risco de vida é aumentado por algum dos fatores relatados, a presença do obstetra torna-se um pilar essencial durante toda a gestação:
Pré-natal
“Nas consultas de pré-natal, o obstetra tem que ver todos os potenciais riscos de alterações e se adiantar, protegendo a mãe e o bebê para que o resultado final seja saudável. Ele tem o privilégio de poder, mensalmente, ter atitudes que previnam aquela mãe e aquele bebê de serem acometidos por patologias que podem levar à morte”, destaca a obstetra.
E quais seriam essas atitudes? São várias. A especialista elenca as mais comuns:
- Realizar exames laboratoriais, como ultrassonografias, exames de imagem, exames de urina, hemogramas, entre outros;
- Medir a pressão sanguínea;
- Verificar se a mãe está ou corre o risco de desenvolver anemia;
- Analisar se a tireóide da mãe está funcionando adequadamente;
- Conferir como estão as reservas de vitaminas da mãe, principalmente a de ferro;
- Avaliar possíveis alterações na secreção vaginal;
- Fazer os testes sorológicos para doenças sexualmente transmissíveis;
- Averiguar se a mãe tem infecções que podem comprometer a saúde dela e do bebê;
- Orientar sobre todas as vacinas necessárias durante a gestação;
- E acompanhar o crescimento do útero e do bebê.
No que diz respeito aos exames, existe uma série de avaliações que devem ser feitas periodicamente, as quais estão estipuladas pelas principais sociedades médicas do país e devem ser seguidas à risca pelo obstetra. Enquanto na gravidez de baixo risco, recomenda-se que a paciente vá a consulta uma vez por mês; na gravidez de alto risco, ela pode precisar ir uma vez por semana ou até mesmo ficar internada para um monitoramento mais detalhado.
Além disso, o obstetra deve assumir o papel de escuta, acalmando as angústias da mãe.
“Você tem que entender a saúde emocional da grávida. Metade das depressões pós-parto se iniciam durante o pré-natal. O obstetra tem que ter um olhar atento e um ouvido para escutar as mensagens subliminares. Dar um lugar para ela poder verbalizar tudo o que sente. Porque existe uma obrigação social de que a grávida tem que ser a pessoa mais feliz do mundo. E não é bem assim, existe uma bagunça hormonal gigante. Então, é preciso explicar que tudo isso também é natural, para que ela não tenha culpa”, alerta a dra. Natália.
Parto
O obstetra é ainda o principal responsável pelo parto, coordenando a equipe e agindo rapidamente se houver qualquer tipo de complicação. Por ser o mesmo que fez o pré-natal, a grávida costuma sentir-se mais segura e tranquila, o que facilita nesse momento de tanto nervosismo. Além disso, por já conhecer as características daquela mulher, ele se torna capaz de prevenir problemas mais graves levando em consideração o histórico da paciente.
Puerpério
O puerpério é o período que o corpo da gestante demora para retornar às suas condições anteriores. Ele começa com a saída da placenta no parto, dura entre 45 e 60 dias, e se encerra quando a mulher começa a ovular novamente.
Nesse momento, o obstetra tem o papel de monitorar as transformações no corpo da mãe e garantir a sua recuperação física e emocional, bem como a do recém-nascido. Devido à gravidez de alto risco, pode ser que o bebê fique internado por um tempo em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que exige cuidados redobrados da equipe multidisciplinar para a recuperação da mãe e da criança.
Para a dra. Natália, que atualmente tem cerca de metade de suas pacientes classificadas como gravidez de alto risco, o obstetra precisa ter comprometimento com a realização adequada do pré-natal desde o primeiro momento.
“Independente da queixa da paciente, você tem que ser acessível. Tem que criar um lugar de escuta. Tem que examiná-la, escutar o bebezinho, medir a pressão, pedir os exames e orientar quando for preciso. É isso que define saúde no final”, opina.
Conteúdo produzido em parceria com a marca TENA Brasil, marca líder mundial em produtos para incontinência urinária.
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