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Diabetes gestacional: como diagnosticar e tratar?

A doença aumenta o risco de complicações durante a gestação, mas pode ser controlada com hábitos saudáveis e medicamentos.
Publicado em 01/07/2022
Revisado em 01/07/2022

A doença aumenta o risco de complicações durante a gestação, mas pode ser controlada com hábitos saudáveis e medicamentos.

 

O diabetes gestacional é um tipo de diabetes que ocorre especificamente durante a gestação e, sem tratamento, pode levar a uma série de complicações. Na maioria dos casos, a doença não provoca nenhum sintoma. Por isso, é fundamental fazer a investigação do nível de glicemia diversas vezes durante o pré-natal. 

Os fatores de risco incluem gestação em extremos de idade reprodutiva (menos de 14 e mais de 35 anos), obesidade, sedentarismo, hipertensão arterial, histórico familiar de diabetes, histórico pessoal de diabetes em outras gestações, histórico de óbito fetal em gestação prévia, bebês macrossômicos (mais de 4 kg) em gestação anterior e ganho excessivo de peso na gestação. 

 

Valores de referência e diagnóstico

Segundo a dra. Denise Gomes, ginecologista e obstetra, especialista em genitoscopia e histeroscopia e coordenadora de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Municipal do Campo Limpo, em São Paulo (SP), os valores de referência da glicemia na gestação dependem do momento da coleta e do tipo de exame realizado. Veja as referências: 

  • Exame de sangue em jejum de 8 horas: 92 mg/dL;
  • Teste de tolerância oral à glicose (realizado com a ingestão de 75 g de um líquido muito doce chamado dextrosol): 92 mg/dL em jejum, 180 mg/dL 1 hora após a ingestão, e 153 mg/dL 2 horas após a ingestão;
  • Teste de glicemia em fita: 95 mg/dL em jejum, 140 mg/dL 1 hora após a refeição, e 120 mg/dL 2 horas após a refeição. 

Qualquer valor acima dos mencionados acima indica a presença de diabetes gestacional – apenas um valor alterado na gestação é suficiente para fechar o diagnóstico. “O preconizado é realizar a coleta da glicemia em jejum de 8 horas durante os três trimestres da gestação. Quando os exames estão normais, ainda indicamos a realização do teste oral de tolerância à glicose entre a 24ª e a 28ª semanas de gestação”, detalha a médica. 

Quando o nível de glicemia em jejum é igual ou maior que 126, ou a glicemia 2 horas após o teste de tolerância é maior que 200, considera-se que se trata de diabetes mellitus (o tipo comum) não diagnosticado anteriormente. 

Veja também: Quais exames pré-natais as grávidas devem realizar?

 

Complicações associadas ao diabetes gestacional

De acordo com a médica, o diabetes gestacional aumenta o risco de uma série de complicações, como abortamento, óbito fetal intrauterino, complicações no parto (chamadas de tocotraumatismos), bebês com peso maior do que o esperado, aumento do líquido amniótico, prematuridade, hipertensão gestacional e suas complicações. 

“Os bebês filhos de mães diabéticas podem ter risco aumentado de obesidade e diabetes durante a vida, e as mães também têm risco aumentado de permanecerem diabéticas após o parto ou desenvolverem diabetes depois da gestação”, explica.

A doença também pode interferir no parto, causando maior risco de rotura prematura de membranas amnióticas (quando ocorre vazamento de líquido amniótico antes do trabalho de parto) e parto prematuro, maior risco de parto cesárea, principalmente nos casos em que o bebê está acima do peso esperado ou em posição anômala, e maior risco de complicações do parto vaginal. 

Para evitar as possíveis complicações, o mais importante é seguir as orientações médicas e aderir ao tratamento para manter o diabetes controlado.

 

Como é feito o tratamento

Segundo a especialista, o tratamento começa sempre com adequações ao estilo de vida: alimentação balanceada – que inclui evitar açúcar, carboidratos simples e produtos industrializados em excesso –, prática de atividade física e suspensão do tabagismo, se for o caso. Além disso, é preciso fazer o monitoramento diário da glicemia. 

“Dependendo dos seus valores glicêmicos e/ou da condição de vitalidade do bebê que será acompanhada por exame clínico e ultrassonografia, indicamos o tratamento medicamentoso com insulina, sendo que o tipo de insulina e a dose serão individualizados. Existe ainda a possibilidade de tratamento com medicação por via oral, mas esse ainda é entendido como segunda linha de tratamento ou como coadjuvante ao tratamento com insulina”, explica.

Na maioria dos casos, a glicemia volta ao normal depois do parto, mas isso também vai depender do estilo da vida e dos valores glicêmicos. “Sempre é preciso seguir em acompanhamento no puerpério para entender se a doença realmente estava só relacionada à gestação ou se tornou-se um diabetes mellitus [o tipo comum da doença]”, completa. 

Veja também: Quem tem diabetes precisa atentar para o índice glicêmico

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