Dificuldades para engravidar atingem até 15% dos casais. Conheça algumas causas frequentes de infertilidade.
Muita gente adota medidas para evitar uma gravidez indesejada durante anos. Porém, é possível que na hora em que o casal decida gerar um bebê, não seja tão fácil assim. Estima-se que de 10% a 15% dos casais enfrentem alguma dificuldade para engravidar, o que é definido quando não se consegue uma gestação após 1 ano de tentativas.
Existem muitas causas de infertilidade, que podem atingir tanto mulheres quanto homens. Separamos cinco causas frequentes:
Obstrução tubária
As tubas uterinas são o local onde ocorre a fecundação, ou seja, o espermatozoide encontra o óvulo. Alguns problemas podem bloquear ou dificultar a passagem dos espermatozoides ou do óvulo pelas tubas, impedindo o encontro dos gametas ou a migração do óvulo fertilizado para o útero. Dessa forma, não ocorre a gestação. “Bactérias como a clamídia e o gonococo são responsáveis por um processo infeccioso e inflamatório que causa uma espécie de fibrose em várias regiões da tuba, o que leva à obstrução”, explica o dr. Pedro Monteleone, fundador do Centro de Reprodução Humana Monteleone e coordenador técnico do Centro de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da FMUSP. Há muitas outras causas para a obstrução tubária, como sequelas após apendicite ou focos de endometriose. O diagnóstico é realizado, geralmente, por exame de histerossalpingografia, um exame de raios X da pelve feito com o uso de contraste. Esse exame pode ou não ser guiado por ressonância magnética da pelve.
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Endometriose
A endometriose ocorre quando tecido endometrial, que reveste o útero, migra para outras regiões, como ovários e intestinos. O problema atinge cerca de 10% das mulheres e está presente em aproximadamente 50% dos casos de infertilidade. A endometriose pode impossibilitar a gravidez por diversos motivos, incluindo a obstrução tubária e a alteração do peristaltismo tubário, ou seja, o movimento dos cílios da tuba que levam o embrião para o útero a partir do quarto dia de fecundação. “A endometriose pode alterar a função tubária, a qualidade dos óvulos e da reserva ovariana, além de modificar negativamente a receptividade endometrial, ou seja, a capacidade de o endométrio receber e acomodar o embrião adequadamente”, esclarece Monteleone. O diagnóstico é feito com avaliação de histórico de dor pélvica crônica e realização de exames como ultrassom transvaginal e ressonância magnética de pelve.
Baixa qualidade do sêmen
Várias características do sêmen contribuem para a infertilidade. Ele pode ter baixa quantidade de espermatozoides, ou esses gametas podem ter sua forma e capacidade de movimentação alteradas de modo que a fertilização se torne difícil ou mesmo impossível. “Em alguns casos, pode haver a chamada azoospermia, que é a ausência total de espermatozoides no sêmen ejaculado. Isso pode ocorrer em virtude de alguma obstrução dos canais deferentes, como acontece, por exemplo, na cirurgia de vasectomia ou após infecções genitais”, explica o especialista. Muitas causas, incluindo genéticas, podem levar a condições como essas. O diagnóstico depende de exames físicos e espermograma.
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Síndrome do ovário policístico
Ovários policísticos são um problema muito relacionado a disfunções metabólicas e hormonais. Ter cistos no ovário é uma condição comum que nem sempre exige cuidados especiais. Contudo, se os cistos forem grandes e/ou numerosos, podem provocar sintomas, entre eles a infertilidade ou dificuldade de engravidar. “Algumas outras consequências comuns são irregularidade menstrual (devido à dificuldade de ovulação), aumento da quantidade de pelos no corpo, obesidade e até síndrome metabólica”, acrescenta o dr. Pedro Monteleone. O principal exame usado para diagnóstico é o ultrassom.
Causas imunológicas
Às vezes, alterações do sistema imune que não provocam nenhum sintoma aparente podem comprometer o sucesso de uma gestação. Como metade do embrião é constituído por materiais provenientes do pai, ele pode ser entendido como um corpo estranho pelo organismo da mulher. “Dessa forma, o funcionamento harmônico do sistema imune da mãe é fundamental, pois ele deverá reconhecer o embrião e, ao mesmo tempo, aceitar e permitir seu desenvolvimento até o momento do nascimento. Embora essas sejam origens menos precisas, a relação com os eventos de falha de implantação do embrião e, principalmente, com o abortamento, parecem ser evidentes. Por isso, essa possibilidade deve ser levantada quando outras condições foram descartadas. Até o momento, tem sido um grande desafio estabelecer o diagnóstico de causas imunológicas e, além disso, suas abordagens terapêuticas não são consagradas pela literatura médica de qualidade, com exceção das mulheres portadoras de síndrome antifosfolípide”, explica o especialista.