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Infectologia

Zika, o vírus da doença misteriosa

zika vírus microcefalia
Publicado em 05/05/2015
Revisado em 11/08/2020

A maneira mais efetiva de prevenção do Zika vírus é combater os criadouros dos mosquitos Aedes aegipty, que transmitem a infecção. Leia mais.

 

Pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia, Gúbio Soares e Silvia Sardi, identificaram o Zika virus (ZIKV), responsável pelo surto da “doença misteriosa” que vitimou inúmeras pessoas em Salvador e em vários outros municípios da Bahia. Atualmente, há indícios da doença em estados do Nordeste ( o maior número de casos), Norte, Centro-Oeste e Sudeste.

O Zika virus foi isolado, pela primeira vez, em 1947, num macaco Rhesus utilizado para pesquisas na Floresta de Zika, em Uganda, no continente africano. Aproximadamente 20 anos depois, ele foi isolado em seres humanos na Nigéria. Dali, ele se espalhou por diversas regiões da África e da Ásia e alcançou a Oceania. Possivelmente, ele entrou no Brasil trazido por turistas que vieram assistir à Copa do Mundo de Futebol, em 2014.

No nosso país, o vírus encontrou o mosquito que, entre outros do mesmo gênero (Aedes albopictus, africanus, apicoargenteus, furcifer, luteocephalus, etc.), serve de vetor para sua transmissão: o Aedes aegypti, transmissor da dengue, da chikungunya e também da febre amarela. Macacos e seres humanos costumam ser os hospedeiros.

No entanto, embora em menor número, consta da literatura científica a ocorrência de transmissão ocupacional em laboratórios de pesquisa, da mãe para o feto durante a gestação, por transfusão de sangue e por via sexual.

A doença pode ser assintomática. Quando os sintomas aparecem, de certa forma, são semelhantes nessas doenças. Os mais frequentes na febre zika são febre por volta dos 38 graus, dor de cabeça, no corpo e nas articulações (que pode durar aproximadamente um mês), diarreia, náuseas, mal-estar. A erupção cutânea (exantema) acompanhada de coceira intensa pode tomar o rosto, o tronco e os membros e atingir a palma das mãos e a planta dos pés. Fotofobia e conjuntivite são outros sinais da infecção pelo Zika virus.

O período de incubação varia entre 3 e 12 dias após o contágio. A enfermidade é autolimitada. Em alguns dias, o organismo se encarrega de combater o vírus.

No início, quando o vírus zika foi identificado no Brasil, pela primeira vez, no final de abril de 2015, havia pouca informação sobre as características da infecção. A ideia era que pertencia à família da dengue, embora fosse muito menos agressivo. Não havia registro de mortes provocadas pelo ZIKV.

Infelizmente, não é bem assim que as coisas parecem caminhar.  Segundo dados fornecidos pelo Ministério da Saúde, o zika vírus está relacionado com o surto de microcefalia – má-formação congênita em que o cérebro do feto não cresce normalmente – em bebês do Nordeste brasileiro, cujas mães apresentaram os sintomas da febre zika durante a gestação, e a mortes de pelo menos dois pacientes, uma menina de 16 anos e um doente que, além de infectado pelo zika vírus, era portador de lúpus, o que o tornava mais vulnerável.

 

Veja também: Material genético do Zika virus é encontrado em gestantes

 

Há, ainda, a possibilidade de que o Zika vírus, além da microcefalia, esteja associado à síndrome de Guillain-Barré, uma doença autoimune que provoca fraqueza muscular generalizada e paralisia.

Não existe vacina contra a doença, que é de notificação compulsória. A única forma de prevenção é combater os focos do mosquito Aedes, típico das regiões urbanas de clima tropical e subtropical, e que ataca principalmente nos períodos de muito calor e chuva, pela manhã e ao entardecer.

Como nas outras viroses, o tratamento visa ao alívio dos sintomas com analgésicos, anti-inflamatórios não-esteroides e antitérmicos que não contenham ácido acetilsalícico. É muito importante manter o paciente bem hidratado e procurar um médico para assim que os primeiros sintomas se manifestarem.

A maneira mais efetiva de prevenir a infecção pelo Zika vírus é combater os criadouros dos mosquitos Aedes aegipty, que transmitem a infecção e se desenvolvem em focos de água parada nos arredores dos domicílios.

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