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Pediatria

Vacina da gripe não causa autismo

Médico com luvas segurando e mostrando frasco de vacina em uma mão e seringa na outra.
Publicado em 22/05/2015
Revisado em 11/08/2020

Vacina da gripe não provoca autismo. O mercúrio é utilizado para conservar vários tipos de vacina, mas a dosagem é tão pequena que não provoca nenhum mal.

 

O boato já é antigo e surgiu na época da pandemia da gripe H1N1, em meados de 2009. Entretanto, a cada nova campanha de vacinação contra gripe, promovida anualmente pelas secretarias de saúde , em geral no mês de abril, pipocam nas redes sociais boatos afirmando que a vacina da gripe contém mercúrio e que, portanto, pode causar autismo.

Comentários desse tipo, além de gerar desinformação entre a população, causam um problema sério de saúde pública. Segundo a dra. Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), não é só a vacina contra a influenza que contém mercúrio (timerosal): esse mesmo conservante é utilizado em outras vacinas, como na tetravalente, indicada contra difteria, tétano, coqueluche e meningite, e na tríplice viral, vacina contra caxumba, rubéola e sarampo, desde 1930.

 

Veja também: Vacinação diminui número de internações de idosos por gripe

 

“Mas é importante dizer que esse mercúrio não faz mal à saúde, não é tóxico. Temos garantia de que é seguro, pois o utilizamos há décadas e sem nenhum prejuízo para a população. É usado para evitar crescimento de fungos ou bactérias, no caso de a vacina ser contaminada acidentalmente na hora da punção repetida quando se trata de frasco multi-dose”, diz a médica.

A concentração de mercúrio é de 25 microgramas por dose de 0,5 ml. Em seu site, a Fiocruz aponta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) defendeu o conservante para o uso em vacinas, baseando-se em estudos que concluíram não existir evidências de contaminação em crianças ou adultos expostos ao mercúrio, e que as vacinas que contêm essa substância não aumentam a quantidade de mercúrio no organismo, pois este é expelido rapidamente e não se acumula em caso de repetidas injeções.

A associação entre autismo, mercúrio e vacinas, ainda segundo Ballalai, surgiu com a publicação de um artigo científico na revista Lancet (um dos mais importantes periódicos sobre saúde do mundo) no ano de 1998, no qual o médico inglês Andrew Wakefield associou o aumento do número de crianças autistas com a vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Isso foi o suficiente para que pais assustados deixassem de vacinar os filhos. Entretanto, alguns anos depois, descobriu-se que o médico, na verdade, recebia pagamentos de advogados em processos por compensação de danos vacinais. A própria revista foi obrigada a se retratar, mas o mal já estava feito. “Foi um escândalo, pois foi um trabalho forjado, com dados forjados e que gerou um estrago enorme, pois muitas pessoas deixaram de vacinar os filhos por conta disso”, lamenta a especialista.

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