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Infectologia

Tamiflu só é indicado para casos graves de H1N1

Detalhe de uma caixa do medicamento Tamiflu sobre um fundo branco.
Publicado em 03/06/2014
Revisado em 11/08/2020

Tamiflu só é indicado para tratar H1N1 em casos graves, como os que envolvem doentes crônicos, gestantes, idosos e crianças menores de dois anos.

 

No início do mês de abril, a Cochrane Collaboration — uma rede de cientistas independentes que analisam a eficácia dos medicamentos comercializados — divulgou que o antigripal Tamiflu®, utilizado no tratamento da gripe A H1N1, não evita a disseminação da doença nem diminui as complicações que ela pode causar. Na verdade, segundo o estudo, ele teria o mesmo efeito do paracetamol (analgésico popular).

Em tempos de propagação do vírus, é preciso ficar atento a algumas questões que não foram bem esclarecidas.
Segundo a médica Nancy Cristina Junqueira Bellei, coordenadora da Comissão Científica de Influenza e Virologia Clínica da Sociedade Brasileira de Infectologia, a pesquisa da Cochrane foi realizada com pacientes ambulatoriais que ainda não tinham o diagnóstico de H1N1 confirmado por meio de exames laboratoriais e foram escolhidos aleatoriamente. Esses pacientes foram avaliados depois de tomarem a medicação. “O que se observou é que os sintomas da doença, como febre e mal-estar, passaram num período de três a cinco dias. Ou seja, a maior parte dos doentes, com influenza ou com outros vírus respiratórios, que não está em tratamento terá redução de quase 100% dos sintomas em alguns dias. Quem tiver qualquer outra virose respiratória leve, sem complicações, vai melhorar em cinco dias mesmo sem tomar nenhum medicamento.”

Se o custo-benefício do medicamento em pacientes ambulatoriais é questionado,  o uso do Tamiflu® mostra-se bastante útil em indivíduos hospitalizados e em estado grave. Ainda segundo a médica, acumulam-se estudos observacionais adquiridos pós-pandemia de 2009, feitos com grupos de pesquisadores de diversos países e com mais de 20 mil pacientes. Nessas publicações, foi mostrado que a introdução precoce do medicamento diminui as taxas de mortalidade, inclusive para aqueles cuja introdução do Tamiflu® foi feita após 48 horas depois do início dos primeiros sintomas. “Claro, não são estudos randomizados controlados, são observacionais. Mas, falando da minha própria experiência clínica, em que pude acompanhar pacientes com H1N1 e H3N2, quanto mais cedo entramos com o Tamiflu®, menor o tempo de internação e de permanência na UTI. Então, ele continua como única opção terapêutica, com algumas evidências de benefícios, principalmente nos pacientes mais graves”, esclarece a médica.

“Mas é importante salientar que o Tamiflu® é indicado para os grupos de risco, ou seja, para doentes crônicos, gestantes, idosos e crianças menores de 2 anos. Quando uma pessoa chega ao consultório doente, mas não se enquadra nessas condições, o  médico deve, num primeiro momento, observá-la, avaliar os riscos, ter bom senso. Se ela, em torno do segundo ou terceiro dia, não apresentar melhora e mostrar sinais de que a doença está se agravando, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, mesmo que ela não pertença aos grupos de risco”, completa Bellei.

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