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Infectologia

Surto de meningite em SP: quem deve se vacinar

bebê chorando no colo da mãe recebe vacina contra meningite. Surto de meningite em SP assusta moradores
Publicado em 14/10/2022
Revisado em 14/10/2022

Surto de meningite em SP assusta moradores, mas não há, até o momento, recomendação para ampliar a vacinação para adultos de toda a cidade. Veja na coluna de Mariana Varella.

 

Notícias sobre casos de meningite sempre assustam, em especial aqueles que se lembram da epidemia da década de 1970, em São Paulo. Na ocasião, o governo militar tentou esconder a pior epidemia da doença da história do país, mas foi difícil omitir as milhares de mortes ocorridas na capital paulistana em menos de uma década.

Na época, a cidade viveu a epidemia de dois tipos de meningite meningocócica, A e C, ambas bacterianas. As informações desencontradas por parte das autoridades só contribuíram para que os casos aumentassem.

Veja também: Brasil precisa melhorar a cobertura vacinal agora

Assim, diante da notícia de que um surto de meningite meningocócica C, causada pela bactéria meniningococo C e a mais frequente entre as meningites bacterianas, atingiu a zona leste da capital, muita gente foi atrás da vacina, que começou a faltar em algumas unidades básicas. No entanto, especialistas apontam que não há necessidade de pânico.

“O meningococo tem um caráter endêmico, ou seja, os casos acontecem regularmente, e a imensa maioria ocorre entre crianças e adolescentes, público que já deve ser vacinado de acordo com o Calendário Nacional de Vacinação”, explica o infectologista e pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Isso significa que a ocorrência de casos de meningite bacteriana não são raros, embora possam evoluir com rapidez para quadros graves que levam à óbito em poucas horas. A doença ataca as meninges, três membranas que envolvem e protegem o encéfalo, a medula espinhal e outras partes do sistema nervoso, e é transmitida pelo ar, pelo contato com secreções das vias áreas.

O que aconteceu entre os dias 17/7/2022 e 15/9/2022 na capital paulista foi a identificação de um surto na zona leste da cidade, mais precisamente nos bairros de Vila Formosa e Aricanduva, onde ocorreram cinco casos da doença. É considerado surto sempre que são constatados três ou mais casos do mesmo tipo na mesma localidade, em um prazo de 90 dias.

Quando são identificados surtos da doença, deve-se fazer o que especialistas chamam de vacinação de bloqueio, a ampliação da faixa etária do público-alvo que deve receber o imunizante. No caso da zona leste, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo já vacinou mais de 30 mil moradores, estudantes e trabalhadores entre três meses e 64 anos de idade, em um perímetro de 3 quilômetros na região em que foram localizados os cinco casos.

 

PNI

 

A vacina contra a meningite meningocócica C é oferecida pelo PNI para crianças em 3 doses, que devem ser tomadas ao 3, 5 e 12 meses de idade. “Como essa vacina só começou a ser oferecida pelo SUS em 2010, crianças nascidas antes desse ano também podem tomar o imunizante gratuitamente’, explica o dr. Kfouri.

De forma excepcional, o PNI oferecerá, até junho de 2023, a vacina meningocócica ACWY para adolescentes de 11 a 14 anos. Outras vacinas contra outros tipos de meningite podem ser encontradas em clínicas privadas.

Em São Paulo, de acordo com o dr. Kfouri, crianças e adolescentes devem se vacinar normalmente, e os adultos com até 64 anos que moram ou frequentam a região em que está ocorrendo o surto também devem receber o imunizante. “Não há recomendação de estender a vacinação para todos os adultos de toda a cidade”, afirma o médico.

É importante lembrar que profissionais de saúde e pessoas imunocomprometidas devem receber um esquema de vacinação especial.

“É fundamental tomar a vacina, que é segura, utilizada há muitos anos, sem grandes efeitos colaterais e que protege muito bem contra a doença”, conclui o dr. Kfouri.

 

Queda da cobertura vacinal

 

A SBIm tem chamado a atenção para a queda da cobertura vacinal de todas as vacinas oferecidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI).

O Brasil, que sempre teve uma das maiores coberturas vacinas do mundo e cuja excelência do seu programa de vacinações é reconhecida internacionalmente, tem visto as taxas de vacinação caírem desde 2015.

Os motivos são muitos: desinformação; horário limitado de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS); falta de divulgação das campanhas; entre outros.

O receio dos especialistas é que as desinformações que circularam a respeito das vacinas contra a covid-19 acabem aumentando a hesitação vacinal e, consequentemente, reduzindo ainda mais a cobertura vacinal.

O sarampo, doença que havia sido erradica do país, voltou a causar surtos no país, e o risco de termos de volta a poliomielite é grande.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, até julho deste ano a cidade havia vacinado 79,92% do seu público-alvo contra a meningite meningocócica C. O Ministério da Saúde recomenda a vacinação de 95% desse grupo, para que haja proteção coletiva.

 

Sintomas da meningite

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Os sinais e sintomas de meningite variam conforme a idade, de acordo com o Ministério da Saúde. Veja quais são:

Nos bebês, os sintomas e sinais mais frequentes são:
• febre, mãos e pés frios (dificuldade de circulação);
• baixa atividade (criança “derrubada”) ou irritabilidade, choro intenso e inquietação;
• rigidez de nuca (dificuldade para flexionar a cabeça);
• recusa alimentar – não aceita nada do que é oferecido;
• gemência e sonolência, com dificuldade para despertar;
• manchas vermelhas na pele;
convulsões;
• fontanela abaulada (moleira abaulada);
• vômito e diarreia.

Nas crianças maiores, adolescentes e adultos, os principais sintomas são:
• febre alta;
• dor de cabeça;
• vômitos, muitas vezes em jato;
• rigidez de nuca (dificuldade para flexionar a cabeça);
• sonolência;
• convulsões;
• dor nas articulações;
• aversão à luz.

Em casos suspeitos, é recomendado procurar um serviço de saúde rapidamente.

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