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Infectologia

Resistência aos antibióticos

Publicado em 06/11/2015
Revisado em 11/08/2020

Uso repetido e indiscriminado faz com que muitas bactérias criem resistência aos antibióticos, deixando a população suscetível a infecções banais.

 

A penicilina foi descoberta pelo médico bacteriologista Alexander Fleming, em 1928, meio por acaso, na Inglaterra. Enquanto observava o comportamento de uma cultura de bactérias Staphyloccocus aureus, encontrada na pele dos seres humanos e responsável por inúmeros casos de infecções graves, percebeu que elas não conseguiam sobreviver na presença de um mofo chamado Penicillium notatum, que facilmente se desenvolve nos pães. As pesquisas continuaram até que a penicilina, o primeiro antibiótico conhecido, passou a ser produzida em larga escala e usada com fins terapêuticos.

O fato é que esse medicamento causou uma verdadeira revolução na história da Medicina e não demorou muito para que surgissem novas drogas com ação semelhante sobre diferentes tipos de bactérias. Daí, então, inúmeras doenças incuráveis transmitidas por esses micro-organismos, como a tuberculose, sífilis, tétano, gonorreia, difteria, entre outras, puderam ser tratadas e curadas.

Em outras palavras: antibióticos são drogas eficazes no tratamento das infecções por bactérias, mas sem nenhuma utilidade nas doenças causadas por vírus, por exemplo. Mesmo assim, muita gente recorre aos antibióticos nos quadros de gripes e resfriados, dengue, catapora e sarampo, todas elas doenças virais que não respondem aos princípios ativos dos antibióticos.

 

Leia também: Uso racional dos antibióticos

 

Bactérias são organismos vivos, que podem sofrer mutações, porque possuem grande capacidade de adaptação ao meio. O uso repetido e indiscriminado dos antibióticos está fazendo com que muitas se tornem resistentes ao tratamento. Como não morrem, transmitem a imunidade para outras bactérias, o que propicia colônias de germes geneticamente modificados e resistentes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a situação como alarmante, uma ameaça à saúde pública mundial. Se as bactérias continuarem desenvolvendo resistência aos antibióticos conhecidos, até infecções bacterianas banais e pequenos ferimentos deixarão de responder ao tratamento – como acontecia antes da descoberta da penicilina – e haverá o risco de ocorrerem complicações mortais.

Segundo o relatório global sobre a resistência bacteriana, publicado recentemente pela OMS, para evitar que isso aconteça, é preciso investir em múltiplas frentes, que incluem: medidas de prevenção das infecções pela lavagem das mãos e aplicação de vacinas, quando houver; produção de medicamentos mais eficazes e a preços acessíveis; testes rápidos para identificar o agente infeccioso como forma de impedir prescrições desnecessárias. Acima de tudo, é fundamental alertar as pessoas sobre os perigos da automedicação e de interromper o tratamento ao primeiro sinal de melhora.

No Brasil, algumas providências já foram implantadas. Antibióticos só podem ser vendidos mediante a apresentação de receita médica especial, em duas vias, uma das quais fica retida na farmácia. Essa medida, de certa forma, dificulta a automedicação e o uso desnecessário do medicamento, mas não basta para evitar o desenvolvimento de bactérias multirresistentes.

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