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Infectologia

Raiva: quais os riscos e cuidados necessários para evitar a doença?

Com letalidade de quase 100%, Brasil teve dois casos notificados em 2023. Saiba identificar os sintomas.
Publicado em 21/05/2024
Revisado em 20/09/2024

Com letalidade de quase 100%, Brasil teve dois casos notificados em 2023. Saiba identificar os sintomas da raiva.

 

A hidrofobia, conhecida como raiva, é uma doença potencialmente grave (sua letalidade é de quase 100%), causada  por um vírus que é transmitido para o ser humano através da saliva de animais infectados. No Brasil, é mais frequente que esse contágio ocorra por meio de mordidas de cachorros ou gatos, mas outros animais, como morcegos e bovinos, também podem passar a doença. Em setembro de 2023, o Instituto Pasteur, da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, registrou o primeiro caso de raiva canina na capital paulista desde 1983.

De acordo com Líbia Cristina Franco, médica veterinária psiquiatra e comportamentalista animal, a doença é um problema de saúde pública, visto que é uma zoonose (nome que se dá a condições que podem ser transmitidas de um animal para o ser humano e vice-versa). “Uma vez contaminada, a pessoa pode apresentar sintomas como febre, alucinações, inquietação, excesso de sensibilidade em determinado órgão e sensação de formigamento próximo ao local da lesão. A doença pode evoluir para quadros de convulsões, paralisia e parada cardiorrespiratória”, explica.

 

Cuidados imediatos após uma mordida de animal

Se a pessoa sofrer uma mordida de algum animal, o ideal é lavar bem o ferimento com água e sabão, e logo após procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para informar detalhadamente o ocorrido. 

“Os especialistas devem avaliar se é preciso realizar a vacinação. O cão ou gato precisa ser mantido em observação, mantendo o fornecimento de comida e água normalmente por dez dias. Se durante esse período o animal for a óbito ou apresentar algum sintoma relacionado à raiva (mudança de comportamento, salivação em excesso, agressividade, entre outros), informe a unidade de saúde”, recomenda a profissional.

No atendimento, a equipe deve observar qual a gravidade do ferimento e entender se o animal traz riscos à saúde. “Em casos de animal desconhecido sem identificação do tutor, o indicado na pessoa afetada é a aplicação profilática, com realização do soro antirrábico, que pode incluir até cinco doses de vacina mais o soro”, conclui.

O médico veterinário atuante na Unidade Básica de Saúde, responsável por casos de zoonoses, legislação e fiscalização, é encarregado de avaliar os fatores de risco na transmissão do vírus, no ambiente e nos animais, notificando os órgãos de saúde e auxiliando na prevenção da doença. 

 

Os sinais de que um animal pode estar infectado com o vírus da raiva

O período de incubação em cães e gatos é, geralmente, de 15 dias a dois meses. Líbia explica que na fase em que precede o aparecimento dos sintomas da doença, o animal se esconde em locais escuros e se mostra bastante agitado. “Em até três dias começam a aparecer sintomas como agressividade, mordendo objetos, pessoas, outros animais e até a si mesmo”, completa.

Algo bastante perceptível é a salivação aumentada, pois o animal infectado não consegue engolir devido à paralisia dos músculos da deglutição. Há paralisia parcial das cordas vocais, então o animal pode latir de forma diferente. Na fase final da doença, percebe-se a paralisia da musculatura do pescoço e cabeça, incoordenação motora, paralisia e morte.

Para a médica, a vacinação anual de cães e gatos é a melhor forma de prevenção da doença. “Importante lembrar que há a necessidade da dose de reforço todos os anos, pois apenas uma vacinação durante a vida não é suficiente para imunizar o animal. Não deixar os animais soltos na rua para darem uma voltinha sem supervisão é essencial para evitar que eles tenham contato com animais doentes”, esclarece. 

 

Como estão os casos de raiva atualmente

Em 2022, foram confirmados 16 casos de  raiva  canina  e  felina, segundo o Ministério da Saúde. Destes,  oito  foram  por  variante  de  morcego,  três  por  variante  de  canídeos silvestres e em cinco casos o sequenciamento viral continua em análise. De 2010 a 2022, foram registrados 45 casos. 

No ano de 2023, dois casos de raiva humana foram notificados. O primeiro caso, transmitido por um bovino infectado com variante de morcego (linhagem genética Desmodus rotundus), ocorreu no município de Mantena (MG). Já a segunda notificação aconteceu em Cariús (CE), quando um homem de 34 anos foi agredido por um primata não humano (Callithrix jacchus). Os dados são do Ministério da Saúde e ainda não foram atualizados em 2024.

A veterinária lembra que, hoje no Brasil, a raiva urbana transmitida por cães e gatos está em constante diminuição e há um aumento exponencial nas variantes de animais silvestres.

Veja também: O que fazer após a mordida de um animal doméstico?

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