A CoronaVac tem potencial de evitar casos de covid-19 de qualquer gravidade e de reduzir os casos graves e mortes pela doença.
O Instituto Butantan divulgou ontem (12/1/21) dados mais detalhados acerca da CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o instituto brasileiro.
Os dados são animadores, de acordo com especialistas ouvidos pelo Portal Drauzio Varella. A eficácia global da vacina é de 50,38%, dentro do percentual aceito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso significa que quem for vacinado terá uma probabilidade 50% menor de desenvolver a doença.
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Outro dado importante diz respeito à proteção contra casos mais graves: entre os que adoecem, a vacina reduziu em 78% os casos que precisam de assistência médica. Isso quer dizer que quem toma a vacina tem quase 80% menos risco de precisar de assistência médica do quem não recebe a vacina.
Os dados não garantem que a vacina confere 100% de proteção contra a forma grave da doença, conforme foi divulgado, pois eles ainda são pouco relevantes estatisticamente, sendo necessárias mais pessoas vacinadas para termos certeza se a vacina protege totalmente contra quadros graves, segundo especialistas. Contudo, ela diminuirá o número desses casos, pois o fato de nenhum voluntário ter necessitado de intervenção hospitalar e de a grande maioria dos infectados ter desenvolvido apenas sintomas leves é promissor. A CoronaVac, assim, reduzirá significantemente não apenas os casos de covid-19 com qualquer nível de gravidade, mas os casos graves e o risco de morte entre quem adoece.
“O que a gente espera de uma vacina? Primeiro que ela nos proteja de ficar doente, e se eu ficar doente, que eu não tenha uma doença grave, que me faça parar em um hospital, correndo o risco de ter sequelas ou de morrer. A CoronaVac vai ajudar muito a controlarmos a pandemia”, afirma o dr. Drauzio Varella.
Há outras vacinas com eficácia global maior, como as da Pfizer e da Moderna. No entanto, essas são vacinas que precisam ser importadas e armazenadas a baixíssimas temperaturas, o que dificulta sua logística de distribuição. Por outro lado, a CoronaVac pode ser produzida em solo nacional e armazenada em temperatura de geladeira. O Butantan informa que tem capacidade para produzir até 1 milhão de doses por dia.
“A melhor vacina é a que está disponível mais rapidamente, a que pode vacinar mais gente. A melhor saída da pandemia é ter alguma vacina razoavelmente eficaz e segura. E a CoronaVac é”, conclui o epidemiologista Marcio Bittencourt, pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica da USP (CPCE-USP).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) prometeu dar uma resposta quanto ao pedido de uso emergencial da CoronaVac nos próximos dias.
Assista ao comentário do dr. Drauzio Varella: