Número de vasectomias aumenta mais de 100% em 10 anos no Brasil

A vasectomia não afeta o desempenho sexual. Os nervos e vasos sanguíneos envolvidos na ereção não são atingidos na cirurgia. O procedimento apenas interrompe a passagem dos espermatozoides dos testículos para o pênis.

mão de médico segurando tesoura cirúrgica

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Publicado em: 13 de novembro de 2018

Revisado em: 11 de agosto de 2020

Número de vasectomias cresceu na última década em relação à anterior. Procedimento não interfere na produção de hormônios masculinos nem em seu desempenho sexual.

 

Um dado interessante disponível na plataforma Data/SUS revela que aos poucos os homens parecem compartilhar a responsabilidade do planejamento familiar. A vasectomia é um dos métodos que o casal pode escolher para controlar o número de filhos que deseja ter, e o Brasil observa aumento no número de procedimentos.

Em 2008, quando os primeiros dados foram disponibilizados digitalmente, foram realizadas 26 mil cirurgias. Em 2017, esse número saltou para 57 mil, um aumento de mais de 123%.

São Paulo é, com folga, onde mais se realizam vasectomias no Brasil. Até julho de 2018, já haviam sido feitas quase 10 mil.

De acordo com o urologista Flavio Trigo, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo (SBU – SP), o maior esclarecimento da população sobre o tema – que foi sempre cercado de muito tabu – contribui significativamente para esse aumento. “Era muito comum associar o procedimento à impotência sexual, redução do esperma e até câncer de próstata“, afirma.

 

Veja também: Laqueadura pelo SUS

 

O medo, como explica o médico, não tem fundamento nenhum, já que os nervos e vasos sanguíneos envolvidos na ereção não são afetados pela cirurgia. O procedimento apenas interrompe a passagem dos espermatozoides dos testículos para o pênis. O esperma produzido pela próstata e pelas vesículas seminais continua sendo ejaculado, só que sem as células reprodutivas masculinas.

Além do acesso à informação, outro ponto importante que contribuiu para que mais vasectomias fossem realizadas no Brasil foi a criação de um código de regulamentação para a prática. Para realizá-la, é necessário ter mais de 25 anos (se o homem for casado, também precisa da autorização da esposa) para o SUS, 35 anos para a rede privada ou ter no mínimo dois filhos. Com isso, tanto o sistema público quanto o privado são obrigados a cobrir a cirurgia.

 

Depois da cirurgia, é fundamental fazer uso de um método anticoncepcional por aproximadamente 60 dias, pois alguns espermatozoides podem continuar vivos dentro do canal.

 

Como ter acesso?

 

O primeiro passo é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) próxima à sua residência para fazer uma avaliação médica geral. Após a consulta, o médico fará o encaminhamento para um especialista que dará todas as orientações para realizar a cirurgia.

O procedimento é relativamente simples, com duração estimada de no máximo uma hora (em geral, dura cerca de 20 minutos), podendo ser feito inclusive no ambulatório, sem necessidade de centro cirúrgico. O homem já pode ir trabalhar no dia seguinte. Em todos os sentidos, é muito menos invasivo e mais simples que a laqueadura, que necessita de internação e anestesia geral.

Por meio de anestesia local, é feita uma pequena incisão no saco escrotal para localizar os ductos deferentes, por onde passam os espermatozoides. Os ductos são cortados e suas pontas são amarradas ou cauterizadas. Por fim, o médico fecha o pequeno corte feito para obter acesso aos canais.

Uma vantagem da vasectomia é que se trata de um procedimento reversível. Entretanto, é importante ressaltar que a taxa de sucesso da cirurgia de reconexão pode variar. “Depois da cirurgia, é fundamental fazer uso de um método anticoncepcional por aproximadamente 60 dias, pois alguns espermatozoides podem continuar vivos dentro do canal. Em poucos meses, porém, o sêmen não vai conter mais espermatozoides, o que impossibilita a gravidez”, afirma Trigo.

Lembrando que a vasectomia é um procedimento que somente impede a gravidez, ou seja, não previne infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como HIV, sífilis, HPV e gonorreia. Para evitá-las, é indispensável o uso da camisinha.

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