Idiotice masculina | Artigo

Pesquisadores desenvolveram uma teoria que envolve a “idiotice masculina” para explicar o prevalência de homens em acidentes. Leia no artigo do dr. Drauzio.

homem caminhando em corda ao ar livre. idiotice masculina é o risco maior que homens têm de cometer erros tolos

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Publicado em: 28 de julho de 2016

Revisado em: 11 de agosto de 2020

Pesquisadores desenvolveram a “teoria do homem idiota”, a idiotice masculina, que explicaria as diferenças encontradas na mortalidade por acidentes.

 

Homens arriscam manobras mortais com frequência maior do que as mulheres.

Diversos estudos demonstraram maior presença masculina nas internações em unidades de pronto atendimento, por causa de ferimentos graves e traumatismos cranianos sofridos em práticas esportivas e colisões no tráfego.

Essa prevalência tem sido atribuída a fatores culturais e socioeconômicos. De fato, atividades esportivas, que envolvem choques de maior impacto, e o trabalho exercido em funções perigosas são mais comuns entre os homens.

 

Veja também: Dados mostram  que homens são relapsos em relação à própria saúde

 

Entretanto, diferenças de gênero em comportamentos de risco já ocorrem em crianças pequenas — meninos se machucam mais do que meninas –, colocando em dúvida a relevância dos fatores socioculturais.

Ben Ledren e colaboradores da Universidade Newcastle, no Reino Unido, estudaram a importância do gênero num tipo particular de risco: o idiótico, definido por eles como “o risco sem sentido, em que a recompensa aparente é insignificante ou não existente e as consequências extremamente negativas e frequentemente fatais”.

Os autores desenvolveram a “teoria do homem idiota”, que explicaria as diferenças encontradas nas salas de emergência dos hospitais e na mortalidade por acidentes.

Para confirmá-la, analisaram os indicados ao “Darwin Award” dos últimos 20 anos.

O prêmio Darwin foi concebido para homenagear mulheres e homens descuidados que cometeram erros tão absurdos, que lhes causaram esterilidade ou lhes custaram a vida. Numa ou noutra circunstância, seus genes desapareceram do “pool” genético da humanidade, contribuindo decisivamente para que as novas gerações fiquem livres deles, no melhor estilo da seleção natural descrita pelo maior biólogo de todos os tempos.

Os resultados fortalecem a teoria do homem idiota. Os autores concluem que “os homens são mais idiotas, e idiotas fazem coisas estúpidas”.

Para receber o prêmio, os candidatos devem respeitar cinco pré-requisitos: 1) incapacidade de gerar novos descendentes, por esterilização ou morte; 2) cometer um erro estúpido que contraria a lógica e a razão; 3) autosseleção, isto é, provocar o desastre por iniciativa própria; 4) maturidade: a pessoa deve estar em pleno domínio das faculdades físicas e mentais; 5) veracidade: o evento esterilizador ou fatal precisa ficar comprovado.

Já receberam a honraria um caminhoneiro de Michigan que morreu ao consertar o caminhão em movimento na estrada, para identificar a origem de um barulho que o irritava. Dois holandeses que colocaram a cabeça fora do ônibus para cantar, no exato instante em que o veículo entrava num túnel. O americano que apostou engolir um peixe vivo de 12 cm, e morreu sufocado. O italiano inventor de uma pistola disfarçada em forma de caneta, disparada contra a própria cabeça para demonstrar que funcionava. O assaltante da África do Sul que, ao pular a grade do zoológico para fugir dos policiais, caiu no cercado de um tigre. Um inglês morto em casa com uma facada dada por ele mesmo, para testar um casaco novo que considerava à prova de facas. O americano que introduziu 1,5 litro de álcool por via retal, para evitar o desconforto de engolir com a garganta inflamada. Um casal que fez roleta russa com a arma apontada para os testículos do marido.

O primeiro brasileiro condecorado foi o padre que amarrou uma cadeira a mil balões de gás hélio, que o elevaram a 6 mil metros de altitude, antes de cair no mar. Segundo os organizadores, foi o primeiro Darwin Duplo, uma vez que os padres católicos são celibatários.

No trabalho de Ben Lendrem publicado no “British Medical Journal”, foram avaliados os candidatos ao prêmio Darwin no período de 1995 a 2014.

A análise revelou que 332 atenderam às exigências do Comitê Organizador. Desses, 14 foram compartilhados por um homem e uma mulher, geralmente casais aventureiros surpreendidos em posições comprometedoras. Dos 318 candidatos restantes, 282 (88,7%) pertenciam ao sexo masculino e 36 (11,3%) ao feminino. A diferença foi estatisticamente significante (p<0,0001).

O abuso de álcool, envolvido em diversos eventos do prêmio Darwin, não pôde ser avaliado por falta de dados.

Os resultados fortalecem a teoria do homem idiota. Os autores concluem que “os homens são mais idiotas, e idiotas fazem coisas estúpidas”.

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