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Psiquiatria

Como cuidar de parentes idosos: dicas para cuidadores

É muito comum que um familiar faça o papel de cuidador, quando necessário. Mas é muito importante cuidar sem infantilizar a pessoa. 
Publicado em 16/03/2021
Revisado em 16/03/2021

É muito comum que um familiar faça o papel de cuidador, quando necessário. Mas é muito importante cuidar sem infantilizar a pessoa. 

 

Pessoas idosas por vezes necessitam dos cuidados de terceiros por causa de alguma condição de saúde, seja ela física ou cognitiva. Em alguns casos, o cuidado pode ser temporário (como quando a pessoa acabou de passar por uma cirurgia), mas há situações em que ele se estende até o fim da vida. Existem profissionais que exercem essa função, mas, na grande maioria das vezes, quem acaba assumindo o papel de cuidador é um familiar, como uma filha ou um neto, por exemplo.

Dessa forma, nem sempre a pessoa está preparada para lidar com as dificuldades que podem surgir, pois ela não foi “preparada” para isso, e vai aprendendo no dia a dia, com a prática. Mas é importante saber que os cuidados podem ir muito além de dar um medicamento para o familiar na hora correta. É preciso ter empatia, dialogar, saber lidar com a situação de maneira natural e levar em conta as questões emocionais envolvidas no processo.

Separamos algumas dicas importantes para familiares que cuidam de parente idosos: 

 

Não infantilize a pessoa idosa

Quando um idoso necessita de cuidados, é comum que as pessoas ao seu redor, incluindo o cuidador, por vezes o infantilizem, ou seja, tratem ele como uma criança, o que não é adequado e pode constrangê-lo e afetar sua autoestima. Ouça a opinião e considere as vontades dele. Se a pessoa está lúcida, ela é perfeitamente capaz de tomar todas as suas decisões e isso deve ser respeitado sempre. 

Para o dr. Maurício Ventura, geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo (SBGG-SP), ao desrespeitar as decisões e ações da pessoa idosa, corremos o risco de praticar o etarismo. “É o preconceito contra o idoso, contra aquilo que ele é, a maneira como ele age, a maneira como ele faz as coisas. Eu acho que a maneira de evitar isso é respeitar. É entender as vontades, os desejos e as capacidades que aquela pessoa tem. E saber que ela pode de fato tomar uma decisão”, afirma. 

Em alguns casos, problemas de memória, comprometimento cognitivo e questões relacionadas à demência podem fazer com que o idoso tenha atitudes inadequadas. Mas é necessário entender o seu contexto de vida e respeitar suas vontades, sempre que possível. “Não passar por cima, não tomar decisões sem conversar com a pessoa, eu acho que são atitudes importantes que a gente pode ter”, diz o médico. 

Veja também: Moro com pessoas mais vulneráveis; como protegê-los?

“Uma situação em que o paciente está evoluindo para algum comprometimento cognitivo, em que ele começa a ficar confuso, tomar atitudes inadequadas, é importante a gente ter jogo de cintura, evitar a confrontação, porque isso vai agredi-lo. Ele vai se sentir violado. Ele vai tender a responder de forma inadequada, como qualquer um de nós, né? O idoso é uma pessoa como qualquer um de nós, que tem as suas reações conforme é estimulado a isso”, explica.

Diante de reações exageradas, o mais indicado é tomar atitudes conciliatórias em vez de atitudes de confronto, tentando fazer com que a pessoa deixe de tomar determinada atitude inadequada, oferecendo ou facilitando que ela atinja o objetivo pretendido. 

 

Fique de olho na saúde mental

A saúde mental pode ser muito afetada nessa fase da vida. Além das questões que envolvem o envelhecimento – como, por exemplo, perder pessoas queridas –, o idoso pode se sentir constrangido por precisar do cuidado de terceiros. 

Na visão do dr. Ventura, o aspecto mais importante nesse contexto é a observação. Fique atento a possíveis alterações no humor ou no comportamento da pessoa idosa: se ela está ficando mais apática, desinteressada, agressiva, se deixa de lado coisas que gostava de fazer. Os sinais podem ser discretos e só quem está ali, convivendo junto no dia a dia, consegue percebê-los.

Veja também: Quarentena: Como cuidar da saúde mental dos idosos em isolamento

É importante estar atento, ver se a pessoa está conversando direito, se está mantendo seus interesses, as suas atividades do dia a dia. Se começa a ter um discurso desconectado, desconexo, começa a ter uma postura mais apática, mais desinteressada, são sinais de que alguma coisa pode estar acontecendo e isso é sinal de alerta para procurar auxílio médico, um entendimento do que pode estar havendo. Pode ser um problema menos importante, mas de repente pode ser também uma coisa muito séria”, explica. 

Além disso, coloque-se disponível para ouvir a pessoa, conversar com ela, dar atenção, saber suas histórias de vida. Essas memórias geralmente têm muito valor para ela e ter alguém com quem compartilhar é extremamente positivo. Também procure promover momentos agradáveis, como tocar músicas de seus artistas favoritos, cozinhar juntos uma receita de família ou assistir a um filme, por exemplo. 

 

Tire um tempo para cuidar de você

Quando o cuidador é um profissional contratado, trata-se de um trabalho como qualquer outro, no qual ele tem direito às suas folgas e horas de descanso. No entanto, a realidade do familiar que se torna cuidador pode ser bem diferente, já que essa pessoa muitas vezes precisa se dedicar integralmente aos cuidados com o idoso. Isso pode gerar o chamado estresse do cuidador. 

Veja também: Idosos: Saúde, cuidado e vitalidade | Ao Vivão #10

Por exemplo, uma filha que deixa seu emprego para cuidar do pai ou da mãe provavelmente terá que lidar com a frustração pela falta de realização profissional e também pessoal, incluindo o fato de ver seu familiar ficando doente e necessitando de cuidados, em muitos casos perdendo a qualidade de vida. “É importante que a cuidadora familiar, que não é uma pessoa profissional contratada para isso, tenha um tempo pra si. Se distrair, poder sair, passear um pouco, viajar, enfim, ter atitudes diferentes daquela que está tendo em relação à questão do cuidado”, opina o dr. Maurício Ventura. 

Se necessário, procure atendimento psicológico para si, frequente grupos de apoio, além de buscar ajuda de amigos e familiares. Nos casos em que há comprometimento cognitivo, a pessoa idosa pode ter comportamentos hostis, portanto também é importante conseguir lidar com essas situações para não levar como algo pessoal. Nesse sentido, a terapia pode ser uma grande aliada. 

 

Cuidados com idosos com mobilidade reduzida

Além de toda a rotina de cuidados, que normalmente envolve horários de medicamentos, marcação e acompanhamento em consultas e exames e calendário de vacinas, quando a pessoa que está sendo cuidada têm mobilidade reduzida ou é acamada, os cuidados são ainda mais intensos. Eles podem incluir dar banho, vestir e alimentar a pessoa.

Idosos que têm incontinência urinária, por exemplo, normalmente precisam utilizar produtos específicos para isso, que evitam vazamentos e neutralizam o odor de urina: aqueles que não têm mobilidade reduzida podem optar por roupas íntimas descartáveis ou absorventes para incontinência, já os que estão acamados usam as fraldas. No segundo caso, é o cuidador quem faz a troca de fraldas. Alguns cuidados são necessários para evitar lesões de pele, como dermatites e úlceras de pressão.

Veja também: Como prevenir dermatites e úlceras de pressão em pessoas acamadas?

Vale lembrar que algumas pessoas rejeitam o uso de fraldas. É interessante verificar quais as opções disponíveis dependendo do caso, para que haja uma boa adaptação. 

Como o familiar não é um profissional treinado, é muito importante buscar informações e orientações. Converse com especialistas, médicos, enfermeiros e profissionais que acompanham o caso. A rotina de cuidados vai sendo estabelecida no dia a dia. 

Conteúdo desenvolvido em parceria com a marca TENA: https://www.tena.com.br

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