A cafeína presente na bebida aumenta a produção de ácido no estômago, o que predispõe a quadros de gastrite. Saiba mais.
A gastrite é uma inflamação na mucosa do estômago que causa sintomas como dor e queimação estomacal e pode estar associada a uma série de fatores. As principais causas incluem uso prolongado de medicamentos, como anti-inflamatórios e ácido acetilsalicílico, consumo de álcool, tabagismo e infecção pela bactéria H.pylori.
O café não é apontado como uma causa direta, mas por ser um estimulante gástrico, pode favorecer ou agravar quadros de gastrite.
“O café aumenta a produção de ácido pelo estômago. Essa alteração pode inflamar a mucosa gástrica ou esofágica. Assim, o paciente pode desenvolver os quadros de gastrite, refluxo gastroesofágico, esofagites e até úlceras gástricas”, explica o dr. Paulo Barros, gastroenterologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Segundo o médico, o café favorece os quadros de gastrite e refluxo especialmente em pessoas que já têm sintomas relacionados a esses problemas.
“A cafeína e os polifenóis presentes no café estimulam a produção de gástrica e ácido clorídrico pelo estômago. Esse efeito pode ser benéfico – por exemplo, quando tomamos um cafezinho após a refeição para ajustar a digestão dos alimentos. Porém, em pessoas que já têm uma produção aumentada de ácido estomacal, tomar [café] em jejum pode levar a um aumento exacerbado da acidez estomacal, predispondo a gastrite ou a úlceras gástricas”, complementa o dr. Rodrigo Moises, gastroenterologista do Hospital Nove de Julho, também em São Paulo.
O dr. Rodrigo esclarece que a cafeína é o principal ativo que leva a esse efeito, porém não é o único. “Assim, é preferível o café descafeinado para quem sofre de gastrite, porém o excesso no consumo deste também pode ser prejudicial”, conclui.
Ouça: O que pode provocar a gastrite? – Por Que Dói? #43
Diagnóstico e tratamento da gastrite
O diagnóstico de gastrite normalmente é feito a partir de uma avaliação clínica e do exame de endoscopia digestiva alta, que permite a visualização da mucosa do estômago.
“O tratamento envolve a utilização de medicamentos que inibem a produção de ácido pelo estômago, como o omeprazol e seus derivados, mas é fundamental a mudança de comportamento do paciente, [adotando hábitos] como evitar alimentos estimulantes gástricos e se alimentar a cada duas horas, evitando jejum prolongado”, recomenda o dr. Paulo.
Além do café, comidas gordurosas, frituras, bebidas alcoólicas, refrigerantes, doces e condimentos também são excitantes gástricos e, portanto, devem ser evitados.
Em relação à cafeína, a recomendação para adultos é que o consumo não ultrapasse 400 mg por dia (cerca de três cafés expressos). Caso você tenha o diagnóstico de uma doença gástrica, é importante conversar com o médico sobre as orientações para o seu caso.