Ilustração com osso do quadril em corte mostrando áreas mais porosas, sinais de osteopenia.
Publicado em 18/08/2015
Revisado em 23/11/2023

A osteopenia é uma condição pré-clínica que sugere a perda gradual de massa óssea, comprometendo a resistência dos ossos e aumentando o risco de fraturas.

 

Osteopenia não é uma doença. É uma condição pré-clínica que sugere a perda gradual de massa óssea que pode levar à osteoporose, esta, sim, uma doença, que compromete a resistência dos ossos e aumenta o risco de fraturas no fêmur, pulsos e coluna vertebral.

Isso acontece porque, sob a aparência de solidez e resistência, nossos ossos estão em permanente processo de renovação. Eles se decompõem e reconstroem constantemente pela ação de três tipos de células: os osteoblastos, responsáveis pela reprodução da matriz óssea que entra na composição de todo o esqueleto; os osteócitos, células maduras que regulam a quantidade de minerais (especialmente de cálcio) no tecido ósseo e os osteoclastos, células gigantes que reabsorvem a massa óssea envelhecida para dar lugar a novas matrizes. Graças a esse potencial de reconstrução do tecido ósseo, é possível restaurar a forma e a função dos ossos, nos casos de lesões ou fraturas, por exemplo.

O pico de densidade mineral óssea (DMO) ocorre na terceira década de vida. Depois de alguns anos de estabilidade, o equilíbrio entre produção e reabsorção de células ósseas começa a ficar comprometido e os ossos se tornam mais fracos e porosos.

A osteopenia pode afetar mulheres e homens. No entanto, são mais vulneráveis as mulheres com menopausa precoce ou na pós-menopausa, especialmente as brancas e as asiáticas, de baixo peso e estatura, que se ressentem da queda na produção do estrogênio, hormônio feminino que contribui para a absorção de cálcio e estabiliza o metabolismo ósseo.

Causas

 

Entre as causas da osteopenia, é importante destacar o envelhecimento, que torna os ossos mais porosos e dificulta a absorção do cálcio. Fazem parte dessa lista também fatores genéticos e hereditários, desnutrição, exposição insuficiente ao sol e sedentarismo.

A osteopenia pode ser, ainda, a manifestação secundária de doenças em outros órgãos, como a tireoide, a paratireoide, o fígado e os rins. E não para por aí. O uso prolongado de alguns medicamentos (anticonvulsivantes, corticoides, hormônios tireoidianos), quimioterapiaanorexia nervosa, alcoolismo, cafeína e cigarro podem influir negativamente na qualidade da formação óssea.

Nos homens, o problema se agrava depois dos 60, 70 anos, quando cai a produção de testosterona, o hormônio masculino.

 

Sintomas

 

A osteopenia é uma condição absolutamente assintomática. Os sintomas só aparecem, quando os ossos estão seriamente comprometidos pela osteoporose.

 

Diagnóstico

 

Segundo critérios estabelecidos pela OMS, considera-se que a osteopenia  está instalada, quando a densidade mineral do osso gira entre menos 1% e menos 2,4%; portanto maior do que a perda fisiológica considerada normal para a faixa de idade.

O recurso mais importante para diagnóstico é a densitometria óssea, exame não invasivo, com baixa exposição à radiação, que permite medir a quantidade de cálcio por centímetro quadrado no fêmur e na coluna vertebral.

Exames laboratoriais de sangue são úteis para avaliar possiveis causas secundárias da degeneração óssea, que exigem tratamento específico.

Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de sucesso terá no tratamento.

 

Tratamento

 

É muito dificil reverter um quadro de osteopenia. Por isso, o objetivo maior é deter ou retardar a degradação do tecido ósseo que pode levar à osteoporose. O tratamento pode ser medicamentoso ou não medicamentoso.

O não medicamentoso consiste basicamente em adotar um estilo de vida saudável, o que inclui as seguintes medidas:

  • Optar por uma alimentação balanceada, rica em cálcio, (leite e seus derivados, por exemplo), vitamina D (ovo, salmão, atum, verduras de folhas escuras, grãos integrais e cereais) pode ser suficiente para repor os 1.000 mg diários de cálcio necessários para a saúde dos ossos;
  • Expor a pele ao sol, especialmente a dos braços e das pernas, sem passar protetor solar durante 10/15 minutos, no período da manhã ou no final da tarde, para garantir a síntese da vitamina D indispensável para a absorção intestinal de cálcio;
  • Praticar atividades físicas, se possível com algum impacto, durante 30 minutos, pelo menos cinco dias na samana. Exercícios simples, como andar, dançar, nadar, ajudam a manter a densidade óssea, a fortalecer os músculos e a melhorar o equilíbrio, o que reduz o risco de quedas;
  • Evitar o consumo excessivo de álcool e ficar longe do cigarro que prejudica muito a qualidade dos ossos;
  • Controlar a ingestão de cafeína, presente não só no café, mas também em vários tipos de chá, refrigerantes, chocolate e bebidas energéticas, porque interfere na absorção de cálcio pelo organismo.

O tratamento medicamentoso, em geral, é reservado para os quadros mais graves de osteopenia e procura corrigir a deficiência de cálcio e vitamina D no organismo. Em alguns casos, o médico pode prescrever o uso de biofosfanatos, droga que têm demonstrado eficácia na preservação da densidade mineral óssea, e reposição hormonal, se não houver contraindicações.

Nenhum medicamento está livre de provocar efeitos colaterais indesejáveis e ser contraindicado em algumas situações. Portanto, qualquer remédio, inclusive as suplementações de cálcio e vitamina D aparentemente inofensivas, só deve ser utilizado com prescrição e acompanhamento  médico.

 

Prevenção

 

A prevenção da osteopenia e, por tabela da osteoporose, deve começar na infância e estender-se vida afora. Para tanto, alimentação equilibrada e rica em cálcio, prática regular de exercícios físicos, exposição moderada ao sol para garantir a síntese de vitamina D, beber com moderação e não fumar representam a melhor escolha para quem quer ter ossos fortes e saudáveis.

 

Fontes:

 

www.drauziovarella.com.br – artigos e entrevistas

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/osteoporose.pdf.  clevelandclinic.org/health/diseases_conditions

Entrevista com Dr. Donizetti Ramos dos Santos, médico do grupo de mastologia do Hospital Sírio-Libanês

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