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Drogas Lícitas e Ilícitas

Qual é a relação entre cigarro eletrônico e DPOC?

Ainda não se sabe se o cigarro eletrônico pode causar DPOC, mas o seu uso agrava a condição e atrapalha o tratamento.
Publicado em 09/02/2023
Revisado em 13/02/2023

Ainda não se sabe se o cigarro eletrônico pode causar DPOC, mas o seu uso agrava a condição e atrapalha o tratamento.

 

Quando o assunto é cigarro eletrônico, muito se fala sobre a Evali, a lesão pulmonar induzida pelo uso do dispositivo. Mas a sua popularização, principalmente entre os jovens, tem chamado a atenção para outro problema: a doença pulmonar obstrutiva crônica ou, simplesmente, DPOC.

A DPOC é a terceira causa de morte no mundo e provoca um óbito a cada 15 minutos no Brasil. A principal causa da doença é o tabagismo e, nos últimos anos, o cigarro eletrônico também tem se mostrado um grave fator de risco.

 

O que é a DPOC?

A doença pulmonar obstrutiva crônica é popularmente conhecida como enfisema. Na prática, ela é a manifestação do enfisema pulmonar associado à bronquite crônica — condições que obstruem a passagem de ar pelos pulmões. Enquanto o enfisema destrói os alvéolos, estruturas responsáveis pelas trocas gasosas, a bronquite causa uma inflamação na parede dos brônquios, dificultando o fluxo de ar.

Inicialmente, a DPOC começa com tosse, falta de ar e pigarro. Tais sintomas costumam ser ignorados pelos fumantes, que os associam ao próprio cigarro ou a outras questões, como o envelhecimento. Esses sinais vão piorando até que realizar atividades simples, como tomar banho ou subir as escadas, se tornam insuportáveis.

Conforme a doença avança, surgem as infecções recorrentes, como a pneumonia, e pode ser necessária a internação hospitalar. Em casos mais graves, o paciente precisa de oxigênio suplementar.

 

Diagnóstico e tratamento

“Se o cigarro estiver causando esses sintomas, é preciso procurar um pneumologista ou um clínico geral. O diagnóstico de DPOC engloba o quadro clínico e a espirometria, um exame que avalia a função pulmonar”, explica a dra. Ana Carla Sousa, presidente da subcomissão de Tabagismo da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).

Na espirometria, o paciente assopra um aparelho que mede o volume e o fluxo de ar durante a inspiração e a expiração, para verificar se não há nenhuma obstrução. Durante a covid-19, esse exame ficou suspenso devido à possibilidade de transmissão do vírus. Segundo a especialista, o subdiagnóstico, que já era alto, aumentou ainda mais.

O Projeto Latino-Americano de Investigação em Obstrução Pulmonar, o Platino, expôs essa realidade. Após dez anos de análise, observou-se que apenas 12,5% da população da cidade de São Paulo dizia ter o diagnóstico de DPOC. Quando realizada a espirometria, no entanto, descobriu-se que 15,8% dos participantes tinham a doença. Destes, mais de 80% não receberam tratamento farmacológico e quase metade não foi instruída a parar de fumar.

“Uma vez instalada, a DPOC não tem cura. Mas tem tratamento, que seria parar de fumar o mais rápido possível e usar broncodilatadores, medicamentos que ‘abrem’ as vias aéreas e melhoram a função pulmonar”, diz a dra. Ana Carla Sousa.

Veja também: Quais são os efeitos do cigarro eletrônico no organismo?

 

DPOC e cigarro eletrônico

A diferença entre o cigarro eletrônico e o cigarro convencional é que o primeiro, além de possuir sais de nicotina associados a ácidos utilizados em sua fabricação, contém diversas outras substâncias tóxicas responsáveis pelo sabor adocicado, como propilenoglicol, glicerina, benzaldeído, entre outras. Dessa forma, não está isento de efeitos no organismo.

Como o dispositivo se popularizou há pouco tempo, ainda é difícil afirmar quais são os prejuízos causados a longo prazo. Não é possível dizer, por exemplo, se o uso do cigarro eletrônico por si só causa DPOC. Por outro lado, já se sabe que ele piora a condição naqueles pacientes que já têm o diagnóstico.

“O cigarro eletrônico, possivelmente, é um fator de risco inicial para a DPOC. A causa disso é que ele provoca inflamação nas vias aéreas, estresse oxidativo, toxicidade celular, alteração na resposta imune, entre vários outros problemas que podem levar a doenças não só respiratórias, como também cardiovasculares, metabólicas e até cancerígenas”, afirma a especialista.

Além disso, está comprovado que pacientes que usam cigarro eletrônico têm desenvolvido alguns tipos de bronquite e lesões pulmonares.

 

Outros prejuízos do cigarro eletrônico

Mesmo sendo um dispositivo de uso recente, a ciência já descobriu diversos malefícios do cigarro eletrônico, como:

  • Dependência química;
  • Evali (lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico);
  • Diminuição da defesa do organismo;
  • Favorecimento de quadros de pneumonia;
  • Alterações no funcionamento do sistema respiratório;
  • Maior risco de câncer;
  • Maior risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC);
  • Problemas na cavidade oral;
  • Deterioração periodontal;
  • Risco de explosão por causa da bateria de lítio;
  • Risco de envenenamento por ingestão do líquido de sabor.

Veja também: Cigarro eletrônico sem nicotina faz mal?

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