homem segura hambúrguer e cerveja, mostrando estilo de vida prejudicial à saúde
Publicado em 26/02/2018
Revisado em 11/08/2020

O estilo de vida americano, conhecido como American way of life, é responsável por diminuir a expectativa de vida dos norte-americanos.

 

A expectativa de vida de quem nasce nos Estados Unidos caiu pelo segundo ano consecutivo.

Em 1960, os norte-americanos tinham a expectativa de vida mais alta do mundo. Era 2,4 anos maior do que a média dos países da OECD (Organization for Economic Cooperation and Development).

Fazem parte da OECD, Alemanha, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Coreia, Israel, Japão, Holanda, Noruega, Estados Unidos, Suécia e outros.

 

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A partir dos anos 1980, a diferença começou a diminuir. Em 1998, a expectativa de vida americana foi superada pela média dos países da OECD. Hoje, ela é um ano e meio mais baixa: 78,7 contra 80,3 anos.

No ano de 2013, pesquisadores do Institute of Medicine procuraram entender as razões pelas quais o país levava desvantagem crescente. Verificaram que, em relação aos habitantes da OECD, os americanos apresentavam maior número de homicídios, traumas, gravidez na adolescência, mortes por parto, HIV/Aids, obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Contribuíam para a piora relativa dos indicadores de saúde, hábitos e comportamentos ligados ao estilo de vida da população: dieta hipercalórica, consumo de drogas psicoativas, centros urbanos que privilegiam o automóvel em detrimento das bicicletas e de andar a pé, serviços de saúde inacessíveis aos mais pobres, laços sociais e comunitários frouxos.

Graças à disseminação do abuso de opioides, o número de óbitos por overdose aumentou 137%, no período de 2000 a 2014. Apenas no ano de 2015, ocorreram 64 mil dessas mortes (cinco a mais do que as ocorridas na guerra do Vietnã).

A epidemia de opioides é a parte mais visível dos dramas que afligem a classe média do país. Ela esconde o aumento das mortes por alcoolismo e suicídio, chagas sociais que afetam principalmente homens brancos de 25 a 59 anos e as mulheres.

O exemplo dos Estados Unidos deixa claro que recursos financeiros são condição necessária para o bom funcionamento do sistema de saúde, mas não suficiente.

Nos últimos anos, a performance educacional dos americanos decaiu, a desigualdade social aumentou, os salários da classe média estagnaram e os índices de pobreza aumentaram em relação aos demais países industrializados.

O “sonho americano”, que animou gerações anteriores, está cada vez mais distante. A mobilidade social dos jovens já não é aquela do tempo de seus pais. A continuar assim, a geração atual viverá menos do que a anterior.

Os Estados Unidos são de longe o país que pratica a medicina mais cara do mundo, e o que mais gasta em assistência médica: 17% do PIB.

Como em 2016, o PIB americano foi de U$ 18,75 trilhões, eles investiram somente nesse ano cerca de U$ 3,1 trilhões, quantia que corresponde a quase duas vezes o PIB brasileiro.

Tanto dinheiro para resultados tão pífios. Nós, muito mais pobres e com problemas político-administrativos gravíssimos, chegamos a 75,8 anos de expectativa — contra os 78,7 deles — no mesmo ano.

O exemplo dos Estados Unidos deixa claro que recursos financeiros são condição necessária para o bom funcionamento do sistema de saúde, mas não suficiente.

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