Mistura de vacinas | Artigo

Estudos apontam que misturar vacinas preparadas segundo tecnologias diferentes, teoricamente, poderia trazer algumas vantagens, no que se refere à eficácia das vacinas, e aos efeitos indesejáveis, que não seriam mais graves do que os esperados na administração de cada uma das vacinas testadas.

frascos de vacinas de marcas diferentes em bandeja com seringa. Mistura de vacinas são testadas

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Publicado em: 2 de julho de 2021

Revisado em: 27 de janeiro de 2022

Estudo realizado com doses de vacinas de fabricantes diferentes mostra que a mistura de vacinas contra a covid-19 pode ser segura e eficaz. 

 

Tomar as duas doses da mesma vacina tem sido a recomendação em todos os países. Recebeu a primeira dose da vacina da Oxford-AstraZeneca, a segunda deve ser a mesma. O mesmo vale para a da Pfizer e para a CoronaVac.

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Um grupo de pesquisadores na Espanha decidiu avaliar a possibilidade de imunizar a população com a combinação de vacinas de fabricantes diferentes.

No início de abril deste ano (2021), o Spanish CombivacS Trial reuniu 663 participantes que já haviam recebido a primeira dose da vacina Oxford-AstraZeneca.

Essa vacina é preparada a partir de um adenovírus que infecta chimpanzés, no qual foram introduzidas as instruções para que as células do organismo produzam uma proteína da cápsula do coronavírus, que estimulará o sistema imunológico da pessoa imunizada.

Entre os participantes, 431 foram randomizados (sorteados ao acaso) para receber, como segunda dose, a vacina fabricada pela Pfizer-BioNTech – baseada na tecnologia do RNA mensageiro -, pelo menos 8 semanas depois da dose da AstraZeneca.

A adição de duas preparações obtidas por tecnologias diferentes não provocou efeitos indesejáveis mais graves do que aqueles esperados para a administração de cada vacina.

Um grupo de 232 pessoas que não receberam a segunda dose serviu de controle.

A vacina da Pfizer provocou um estímulo intenso no sistema imunológico. Enquanto no grupo controle (vacinado apenas com a primeira dose da AstraZeneca) os níveis de anticorpos contra o coronavírus permaneceram constantes, nos que receberam a dose de reforço da Pfizer houve produção de anticorpos em níveis mais altos.

Nos testes laboratoriais, esses anticorpos demonstraram atividade neutralizante, isto é, foram capazes de reconhecer e inativar o Sars-CoV-2.

Os autores também compararam a produção de anticorpos daqueles imunizados com a combinação das duas vacinas (AstraZeneca – Pfizer), com os que receberam as duas doses da mesma vacina (AstraZeneca-AstraZeneca). A produção de anticorpos demonstrou mais eficácia nos participantes que combinaram AstraZeneca com Pfizer.

Não foi feita a comparação na produção de anticorpos, nos casos de administração de duas doses com a vacina da Pfizer.

A adição de duas preparações obtidas por tecnologias diferentes não provocou efeitos indesejáveis mais graves do que aqueles esperados para a administração de cada vacina.

A técnica de “misturar” vacinas preparadas por tecnologias diversas já foi empregada com bons resultados contra outras doenças. É o caso da imunização contra o vírus Ebola.

O uso da combinação de duas vacinas teria as seguintes vantagens teóricas:

  1. Evitaria o inconveniente da administração de duas doses da vacina AstraZeneca e de outras preparadas com a mesma tecnologia: a possibilidade de a resposta imunológica contra o adenovírus usado como vetor reduzir a eficácia da segunda dose;
  2. No caso do emprego de duas doses da vacina Pfizer, o risco de efeitos indesejáveis é maior na segunda dose, como revelou um estudo semelhante que está sendo conduzido no Reino Unido.

 

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