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Sistema Único de Saúde | Artigo

sala de espera de hospital público vazia. Sistema Único de Saúde atende milhões de pessoas no país
Publicado em 10/04/2019
Revisado em 11/08/2020

O Sistema Único de Saúde recebe críticas de todos os lados, mas foi a maior revolução da história da medicina brasileira

 

Depois de onze horas numa cadeira na sala de espera do hospital, o menino de 5 anos morreu. Os telejornais mostraram o desespero da mãe e as imagens de outras crianças na mesma situação.

O Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia, é o único da região preparado para atender gestantes de alto risco e bebês prematuros. Recebe pacientes da capital, das cidades vizinhas, de outros estados do centro-oeste e até do norte do país.

 

Veja também: Como era antes do SUS

 

A mãe e o menino haviam procurado um centro de saúde. Lá, ele recebeu tratamento e voltou para casa. Quando piorou, ela achou melhor levá-lo ao HMI, onde foi avaliado, recebeu medicamentos e aguardou vaga para internação, ao lado da mãe na sala de espera.

Em entrevista, a diretora do hospital, doutora Rita de Cassia Leal, disse que a superlotação a obrigava a atender as crianças naquelas acomodações improvisadas. Preferia assim, do que recusar a admissão e deixar os pais baterem cabeça à procura de atendimento pela cidade.

A justificativa é de uma médica que entendeu a razão de existir de nossa profissão: aliviar o sofrimento humano. Quantos profissionais anônimos, com esse nível de espírito público, estão espalhados pelo país, cuidando de pessoas doentes em condições precárias.

Sabe quantos ministros da Saúde nós tivemos nos últimos dez anos? Doze. Média de permanência no cargo: 10 meses.

Cerca de 80% a 90% dos problemas de saúde podem ser resolvidos em consultas ambulatoriais nas Unidades Básicas. Quando a atenção primária não funciona, as pessoas correm para o pronto atendimento nos hospitais públicos. Os resultados são as imagens da TV: fila nas portas, salas de espera lotadas, gente sentada no chão. Aí, todos dizem que o SUS é uma vergonha. Ele apanha de todos os lados, é a Geni da música do Chico Buarque.

Poucos reconhecem que a criação do SUS foi a maior revolução da história da medicina brasileira. O que seria dos mais pobres, se ele não existisse?

Nos 30 anos de vida, o Sistema Único de Saúde se transformou no maior programa de distribuição de renda, do país. Comparado com ele o Bolsa Família, é tímido.

Além de recursos financeiros insuficientes, ao SUS falta gerenciamento. O Brasil não tem uma política pública de saúde digna desse nome.

Sabe quantos ministros da Saúde nós tivemos nos últimos dez anos? Doze. Média de permanência no cargo: 10 meses.

Quando muda o ministro da Saúde da Alemanha ou da Inglaterra, saem com ele meia dúzia de assessores próximos. O corpo técnico é mantido para que os programas não sofram solução de continuidade. No Brasil, a cada troca, mudam a equipe inteira, os diretores de hospitais e de autarquias, programas são cancelados e os técnicos entram em compasso de espera até entender as novas diretrizes, muitas vezes impostas por superiores ignorantes, escolhidos por critérios políticos, sem noção dos desafios da área.

Nos governos estaduais e nas prefeituras, as secretarias da Saúde convivem com os mesmos desmandos, com a agravante de que as paixões políticas estão mais próximas do cotidiano da administração.

Como organizar a Saúde Pública no meio dessa confusão?

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