O mal das montanhas | Artigo

Pessoas não aclimatadas que se deslocam rapidamente para altitudes elevadas correm risco de edema pulmonar. Veja no artigo do dr. Drauzio.

casal de costas no alto da montanha. Alpinistas têm risco de sofrer mal da montanha.

Compartilhar

Publicado em:

Revisado em:

O risco de desenvolver o mal das montanhas é mais alto naqueles que já o apresentaram edema pulmonar em outras ocasiões. Nesses casos, pode chegar a 60% entre os que escalam 4.500 m em dois dias.

 

Pessoas não aclimatadas que se deslocam rapidamente para altitudes elevadas correm risco de apresentar sintomatologia debilitante e potencialmente fatal, caracterizada por dor de cabeça, náuseas, tonturas, perda de apetite, mal-estar e distúrbios do sono.

De 10% a 25% das pessoas não aclimatadas, que sobem a altitudes de 2.550 m, desenvolvem sintomas leves a moderados num período de seis a 12 horas. Esse quadro se instala em 50% a 85% dos que atingem 4.500 m a 5.000 m.

 

Veja também: Entrevista sobre evolução da doença pulmonar obstrutiva crônica

 

Correm mais risco de padecer do mal os que já apresentaram um ou mais episódios, as mulheres, aqueles com menos de 46 anos e os que sofrem de enxaqueca. O esforço físico agrava o quadro. Boa forma física não exerce efeito protetor.

Tratados adequadamente os sintomas desaparecem em um ou dois dias.

Nos casos mais graves, surge edema cerebral, que provoca falta de coordenação motora, dificuldade para andar, febre e comprometimento da consciência. Sem tratamento a pessoa entra em coma e vai a óbito em 24 horas. A presença de cefaleia e vômitos sugere que o quadro deixou de ser simples mal das montanhas.

A prevalência de edema cerebral entre aqueles que sobem 4.000 m a 5.000 m é de 0,5% a 1%

Ainda nos casos de maior gravidade, pode haver também edema pulmonar, condição caracterizada por falta de ar, tosse, exaustão, chiado no peito, cianose e presença de sangue no escarro.

Acima de 3.000 m, o edema pulmonar se instala em dois ou mais dias, e se agrava quanto maior a altitude e a velocidade da subida. A prevalência é de 0,2% quando a altura de 4.000 m é atingida em quatro dias, porcentagem que aumenta para 2% no caso dos que sobem 5.000 m em sete dias. Se essa altitude for atingida em um ou dois dias, 6% a 15% dos alpinistas terão edema pulmonar.

Quando o risco de sintomas é mais elevado, está indicado o uso de acetazolamida duas vezes por dia, a partir da véspera da escalada. A droga deve ser descontinuada na descida. A alternativa é administrar dexametasona duas ou três vezes por dia.

O risco de edema pulmonar é mais alto naqueles que já o apresentaram em outras ocasiões. Nesses casos, pode chegar a 60% entre os que escalam 4.500 m em dois dias.

Embora atletas tenham mais chance de chegar ao cume das montanhas, o preparo físico não guarda relação clara com a suscetibilidade para desenvolver o mal das montanhas ou edema pulmonar.

Para escaladas acima de 3.000 m, os manuais recomendam subir no máximo 300 m a 500 m por dia, com um dia de descanso a cada três ou quatro dias. Aclimatação em altitudes entre 2.000 m e 3.000 m por uma semana, antes de escalar mais de 4.500 m, reduz o risco do mal das montanhas.

A administração de três doses de ácido acetilsalecílico, com intervalo de quatro horas, diminui a incidência de cefaleia. A primeira dose deve ser tomada uma hora antes de iniciar a subida. Ibuprofeno, três vezes por dia, tem efeito semelhante.

Quando o risco de sintomas é mais elevado, está indicado o uso de acetazolamida duas vezes por dia, a partir da véspera da escalada. A droga deve ser descontinuada na descida. A alternativa é administrar dexametasona duas ou três vezes por dia.

O risco de edema pulmonar pode ser diminuído com o uso de nifedipina – droga usada no tratamento da hipertensão arterial – ou de tadalafila – usada na disfunção erétil.

Veja mais

Sair da versão mobile