Alcoolismo em mulheres | Artigo

Metabolização do álcool é mais lenta nas mulheres que nos homens, por isso alcoolismo crônico e suas complicações progridem mais rapidamente nelas

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Publicado em: 4 de abril de 2011

Revisado em: 11 de agosto de 2020

A metabolização do álcool é mais lenta nas mulheres que nos homens, por isso alcoolismo crônico em mulheres e suas consequências progridem mais rapidamente nelas.

 

O metabolismo do álcool nas mulheres não é igual ao dos homens. Se administrarmos para dois indivíduos de sexos opostos a mesma dose ajustada de acordo com o peso corpóreo, a mulher apresentará níveis alcoólicos mais elevados no sangue.

A fragilidade aos efeitos embriagadores do álcool no sexo feminino é explicada pela maior proporção de tecido gorduroso no corpo das mulheres, por variações na absorção de álcool no decorrer do ciclo menstrual e por diferenças entre os dois sexos na concentração gástrica de desidrogenase alcoólica (enzima crucial para o metabolismo do álcool).

 

Veja também: Como o álcool age no organismo

 

Por essas razões, as mulheres ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcoolismo crônico e suas complicações médicas.

Diversos estudos documentaram os benefícios do consumo moderado de bebidas alcoólicas, tanto em homens como em mulheres. A margem de segurança entre a quantidade de álcool benéfica e a que traz prejuízos à saúde das mulheres, entretanto, é estreita e nem sempre fácil de delimitar.

 

Doenças do fígado

 

Num dos estudos mais completos sobre o tema foram acompanhadas 13 mil pessoas durante mais de 12 anos. Nele foi possível demonstrar:

  • Para todos os níveis de consumo alcoólico, as mulheres correm mais risco de desenvolver doenças hepáticas do que os homens;
  • Para os mesmos níveis de ingestão, o risco de cirrose nas mulheres é três vezes maior;
  • Mulheres que tomam de 28 a 41 drinques por semana (1 drinque = 1 copo de vinho = 1 lata de cerveja = 50 ml de bebida destilada) apresentam risco de cirrose 16 vezes maior do que o dos homens abstêmios.

 

Doenças cardiovasculares

 

Mulheres que ingerem um drinque por dia apresentam menor probabilidade de morte por doença cardiovascular. Esse benefício também é válido para as mulheres diabéticas.

No entanto, a análise dos dados de dezenas de milhares de mulheres acompanhadas no “Nurses’ Health Study” revelou que tomar dois ou três drinques diários aumenta o risco de surgir hipertensão arterial em 40% e a probabilidade de acontecer derrame cerebral hemorrágico. Nas mulheres que bebem mais do que três drinques por dia o risco de hipertensão arterial duplica.

Mulheres que abusam de álcool desenvolvem também miocardiopatias mesmo usando doses mais baixas do que os homens.

 

Câncer de mama

 

A meta-análise de seis estudos importantes mostrou que mulheres habituadas a ingerir de 2,5 a 5 drinques por dia, apresentam probabilidade 40% maior de desenvolver câncer de mama. Esse risco aumenta 9% para cada 10 gramas de álcool (cerca de 1 drinque) diárias.

 

Osteoporose

 

O consumo de álcool também se relaciona com a osteoporose. O efeito inibidor da remodelação óssea do álcool é fenômeno bem conhecido em ambos os sexos. Mulheres com menos de 60 anos que tomam de dois a seis drinques por dia têm risco maior de fratura de colo de fêmur e de antebraço.

 

Distúrbios psiquiátricos

 

Todos eles são mais prevalentes em mulheres que abusam de álcool do que em homens que o fazem e do que em mulheres abstêmias. A única patologia mais frequente no alcoolismo masculino é a personalidade antissocial.

A prevalência de depressão em mulheres que abusam de álcool é de 30% a 40%. Estudos demonstram que a maior parte dessas mulheres bebe como forma de se livrar dos sintomas associados a quadros de depressão primária.

Anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das que abusam de álcool.

Mulheres que abusam de álcool tentam o suicídio quatro vezes mais frequentemente do que as abstêmias.

 

Consequências para o feto

 

A ingestão de álcool durante a gravidez pode provocar distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal, caracterizada por anormalidades físicas comportamentais e cognitivas. Consumo de álcool durante a gravidez é considerado a principal causa evitável dessas anormalidades na infância.

 

Consequências psicossociais

 

Problemas familiares são mais comuns entre mulheres que abusam de álcool (entre os homens são os problemas legais e aqueles relacionados com o trabalho). O alcoolismo torna as mulheres mais sujeitas a agressões físicas. Mulheres que consomem quantidades exageradas de álcool geralmente vivem com parceiros que também abusam da bebida.

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