Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS)

A síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio pode ser assintomática ou provocar sintomas leves que chegam a ser confundidos com os da gripe comum.

A síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio pode ser assintomática ou provocar sintomas leves que chegam a ser confundidos com os da gripe comum.

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Publicado em: 27 de julho de 2015

Revisado em: 31 de março de 2021

A síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio pode ser assintomática ou provocar sintomas leves que chegam a ser confundidos com os da gripe comum.

 

Os coronavírus (CoV) compõem uma grande família identificada na década de 1960. São vírus que infectam pessoas e animais e causam infecções respiratórias semelhantes aos resfriados comuns e à diarreia. Em 2002, foi localizada uma variante agressiva desse vírus, o SARS-CoV, responsável pelo aparecimento da síndrome respiratória aguda grave (SARS), na China. Em 2003 e 2004, pessoas foram infectadas por esse tipo do vírus em quase todos os continentes e 10% delas acabaram indo a óbito.

A síndrome respiratória do Oriente Médio, ou MERS, é uma doença provocada por outra variante dos coronavírus, o MERS-CoV. Essa nova cepa, que parece ser muito contagiosa, foi isolada pela primeira vez em humanos em 2012, num paciente da Arábia Saudita que, além dos sintomas respiratórios, apresentava uma forma grave de pneumonia e complicações renais.

Posteriormente, novos casos foram diagnosticados não só na Arábia Saudita e em alguns países asiáticos, mas também na Europa, na África e nos Estados Unidos. Em todos eles, foi constatado que o paciente estivera, recentemente, num país do Oriente Médio, ou entrado em contato próximo com pessoas que já chegaram doentes dessa região.

Como os coronavírus parecem sofrer mutações constantes que os tornam mais transmissíveis e virulentos, a preocupação dos serviços de saúde é evitar uma pandemia, uma vez que, segundo dados levantados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), a taxa de mortalidade da doença é alta, beirando os 35%, 40%.

 

Transmissão

 

É possível que exista um reservatório animal para o vírus MERS-CoV, uma vez que não foi isolado só em humanos, mas também em camelos e morcegos de países do Oriente Médio e da África. Os pesquisadores suspeitam, ainda, que outros animais estejam envolvidos na transmissão do vírus para os humanos.

Segundo dados levantados pela OMS, a ocorrência de vários aglomerados (cluster) de pessoas infectadas pelo MERS-CoV em determinado ambiente, sugere que o vírus pode ser transmitido de um humano para outro pelo contato com as secreções respiratórias da pessoa infectada.

No entanto, não há evidências de que exista a transmissão sustentada, ou seja, a transmissão de pessoa para pessoa, sem que uma delas tenha entrado em contato direto com o vírus na Península Arábica especialmente, nos últimos dias.

As estatísticas atuais indicam que os profisionais de saúde que mantêm contato direto com o doente e pessoas com o sistema imunológico debilitado são mais vulneráveis ao contágio pelo MERS-CoV.

O período de incubação pode variar de 2 a 14 dias, fase em que não há transmissão do vírus. Entretanto ainda não se sabe por quanto tempo, ele pode ser transmitido depois do desaparecimento dos sintomas.

 

Sintomas

 

A síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio pode ser assintomática ou provocar sintomas leves que chegam a ser confundidos com os da gripe comum. Por isso não precisam de internação hospitalar o que, de certa forma, dificulta o rastreamento da infecção.

Nos casos confirmados, os pacientes apresentam quadro respiratório agudo, com tosse, febre alta, coriza, dor no peito, no corpo e na garganta. Problemas gastrointestinais (diarreia, náuseas e vômitos, falta de apetite, dor abdominal) também podem estar presentes.

Pneumonia grave, com comprometimento do parênquima pulmonar, dispneia (dificuldade para respirar) e insuficiência renal são sintomas graves característicos da infecção pelo MERS-CoV.

Portadores de doenças crônicas, com sistema imunológico debilitado, idosos, profissionais da saúde e pessoas que viajaram para Arábia Saudita ou países vizinhos são considerados população de risco para a síndrome respiratória do Oriente Médio.

 

Diagnóstico

 

O diagnóstico de MERS é confirmado por meio de exames de sangue, de imagem (RX e tomografia, entre outros) e pelo teste de PCR no material recolhido na nasofaringe e na secreção do trato respiratório inferior. É fundamental que as amostras coletadas sejam analisadas um laboratório de referência em biossegurança nível 3. Se a resposta não for conclusiva, o teste deve ser repetido um pouco mais tarde.

Todas as pessoas que conviveram com o doente, mesmo aqueles que não manifestaram nenhum sinal da enfermidade, precisam ser avaliadas para verificar se são portadoras assintomáticas do vírus.

A síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio é de notificação compulsória. O comunicado aos serviços de saúde brasileiros deve ser feito, no máximo, 24 horas depois do diagnóstico.

 

Tratamento

 

De acordo com a OMS e com o CDC (Centro para o Controle e a Prevenção de Doenças dos Estados Unidos), não existe tratamento específico para a síndrome respiratória por coronavírus do Oriente Médio. Há apenas medicamentos que ajudam a aliviar os sintomas e a controlar possíveis complicações.

Quadros mais graves da doença e a presença de complicações exigem que o paciente seja encaminhado para internação hospitalar.

 

Prevenção

 

Ainda não existe uma vacina capaz de prevenir a infecção pelo vírus da síndrome respiratória do Oriente Médio.  As medidas de prevenção estão diretamente associadas aos cuidados de higiene e à informação sobre as características da doença, sintomas e área geográfica de risco para a infecção do MERS-CoV.

 

Recomendações

 

Fora do corpo do hospedeiro humano, os coronavírus vivem pouco tempo, por volta de 24 horas no máximo, e são facilmente eliminados pelos produtos de higiene pessoal e de limpeza. Daí, a importância de adotar as seguintes medidas profiláticas:

  • Lavar as mãos com frequência, especialmente antes das refeições e depois de tossir ou espirrar;
  • Lavar as mãos e passar álcool gel antes e depois de visitar uma pessoa doente;
  • Substituir os lenços de tecido por lenços descartáveis que devem ser utilizados uma única vez e depois jogados em recipientes adequados;
  • Evitar pôr as mãos nos olhos, nariz ou na boca;
  • Orientar as crianças sobre as vantagens da higienização completa das mãos;
  • Evitar contato próximo com pessoas que voltaram resfriadas ou doentes do Oriente Médio.

 

Observação: Embora nenhum caso da síndrome respiratória do Oriente tenha sido identificado no Brasil até o momento, o Ministério da Saúde considera indispensável orientar os profissionais de saúde e a população em geral sobre as características da doença e seus sintomas.

Essa é também a conduta defendida pela OMS, a fim de evitar uma pandemia da doença, especialmente no mês sagrado do Ramadã para os muçulmanos, quando milhares de pessoas se dirigem para Meca, na Arábia Saudita.

 

 

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