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Infectologia

A situação da covid-19 no Brasil | Coluna

pessoas atravessando a rua. epidemia de covid-19 muda hábitos
Publicado em 13/03/2020
Revisado em 11/08/2020

Diante do aumento do número de casos de Covid-19, saiba como proceder para evitar a disseminação do vírus.

 

No dia 11/3/2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que está em curso uma pandemia do novo coronavírus (Sars – Cov-2). Isso significa que a organização reconheceu que o vírus se alastrou para quase todos os países.

Até a data de hoje (13/3/2020), o Ministério da Saúde confirmou 98 casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Duas cidades, São Paulo e Rio de Janeiro, já registraram casos de infecções comunitárias (quando uma pessoa contrai o vírus sem ter viajado nem entrado em contato com viajantes).

Veja também: Coronavírus: é hora de manter a calma

Os sintomas de Covid-19 podem incluir febre, tosse (em geral seca), dor no corpo, dor de cabeça e, em casos mais graves, falta de ar.

 

Doença pouco conhecida

 

É preciso que fique claro: não conhecemos bem o vírus e não sabemos exatamente como ele vai se comportar no Brasil. Ainda assim, é bem provável que o número de casos aumente consideravelmente nas próximas semanas.

O Brasil é um país de dimensões continentais, cujas regiões são extremamente desiguais, portanto a epidemia deve se comportar de modo diferente em cada local. Cidades com muitos habitantes, que recebem estrangeiros com frequência e sediem eventos com muita gente devem ser mais atingidas.

Sabemos, com base em dados dos outros países que enfrentaram a epidemia primeiro, que a taxa de mortalidade geral da doença é de cerca de 3%, com algumas variações. No entanto, quando separamos por faixa etária, os índices mudam: não há nenhuma morte de crianças com menos de 10 anos registrada; para pessoas com até os 40 anos, há cerca de 2 mortes para cada 1000 doentes; indivíduos com mais de 70 anos têm mortalidade de 8%; e para os com mais de 80 anos, essa taxa chega a cerca de 15%.

Pessoas com mais de 60 anos, com outras doenças associadas, como hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca e fumantes, ou imunossuprimidas (que estejam em tratamento de câncer ou convivam com HIV, por exemplo) são as que correm maior risco de precisar de tratamento mais intensivo, como suporte em UTI.

 

Saúde pública

 

Cerca de 80% das pessoas com Covid-19 desenvolvem sintomas leves e não precisam de atendimento hospitalar. Acontece que o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes, portanto, apesar de o risco individual não ser alto, a depender da velocidade da epidemia, 20% podem representar muitas pessoas e sobrecarregar os sistemas de saúde público e privado.

Essa é a grande preocupação dos especialistas e autoridades sanitárias.”Nenhum sistema de saúde de nenhum país do mundo está preparado para algo dessas proporções. Como disse o ministro da Saúde Luís Henrique Mandetta, ainda bem que temos o SUS”, afirma a professora da Faculdade de Saúde Pública da USP Deisy Ventura.

De fato, ter um sistema único de saúde permite que as ações de contenção da epidemia, de identificação e tratamento dos casos e da criação de protocolos sejam coordenadas, o que aumenta a eficácia da resposta à epidemia.

Em uma live no canal do Portal Drauzio Varella no YouTube,  o dr. Esper Kallás, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, disse que vivemos um momento de incerteza. “O conhecimento sobre Covid-19 está em construção. Vamos errar, vamos tomar medidas que no futuro se mostrarão exageradas, pois a epidemia é dinâmica.”

Ambos os especialistas são enfáticos ao afirmar que é preciso seguir as orientações das autoridades sanitárias do país. A principal recomendação, no momento, é não sobrecarregar os sistemas de saúde. “Se todos que ficarem resfriados correrem para o pronto-socorro, será o caos na saúde pública ou privada. As salas de espera ficarão lotadas —como já acontece em hospitais particulares de São Paulo — de gente infectada que transmitirá o vírus para pacientes com outras enfermidades, à espera de atendimento, além de colocar em risco os profissionais de saúde”, ressalta o dr. Drauzio Varella.

 

Recomendações

 

Até o momento, o Centro de Operações de Emergências do Ministério da Saúde e os principais órgãos de saúde recomendam as seguintes medidas pessoais:

  • Pratique a higiene frequente das mãos. É importante lavá-las sempre que chegar em casa e em outros momentos do dia. Álcool gel a 70% também é eficiente para matar o vírus;
  • Evite levar as mãos ao rosto;
  • Os vírus respiratórios se espalham pelo contato, portanto altere sua saudação regular. Em vez de um aperto de mão, beijo ou abraço, cumprimente de longe.
  • Limpe e desinfecte, com produtos de limpeza como detergente e álcool, objetos e superfícies tocados com frequência, como brinquedos e maçanetas.
  • Agora e sempre, durante a temporada de gripes e resfriados, fique em casa se estiver doente. Só procure os serviços médicos se sentir desconforto respiratório, como falta de ar. Devemos priorizar o atendimento médico e a testagem para essas pessoas;
  • Evite, se possível, aglomerações;
  • Quem não tem sintomas não deve usar máscaras, para que não falte para quem precisa e porque elas perdem a eficácia após 2 horas de uso. A máscara deve ser usada caso a pessoa esteja sintomática, para evitar a disseminação do vírus;
  • Idosos devem restringir contato social;
  • Os grupos de risco devem tomar a vacina contra a gripe (o começo da Campanha Nacional de Vacinação será antecipada para o dia 23 de março). Isso facilitará a identificação de casos de Covid-19.

É importante ressaltar que as medidas acima servem para prevenção de todas as doenças respiratórias virais e que as recomendações das autoridades podem mudar nos próximos dias.

O Ministério da Saúde disponibiliza o telefone 136 para atender quem tiver dúvidas.

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